sexta-feira, outubro 31, 2008

Alto Hama já vê as emissões da TPA

O Alto Hama, localidade, existe. Aliás, há meia dúzia de dias que os mais de 42.000 cidadãos residentes tanto no Londuimbali como no Alto Hama, norte da província do Huambo, beneficiam das emissões da TPA. São, certamente, mais felizes.

A extensão do sinal televisivo insere-se no programa do Governo que está no poder há 33 anos e que agora lá vai continuar mais quatro, pelo menos, através do Ministério da Comunicação Social, de continuar a expandir os sinais da TPA e RNA a todo o país.

A iniciativa do Governo mereceu os aplausos das populações do Londuimbali e do Alto Hama, que desde 1992 deixaram de ter acesso normal à programação da TPA.

O programa de extensão do Governo começou a ser implementado em Agosto, tendo beneficiado os municípios de Tchindjendji, Ucuma, Longonjo, Mungo e Bailundo.

Enquanto isso, uma biblioteca escolar, dotada de literatura diversa para várias idades e níveis de ensino, foi instalada na escola do primeiro ciclo "Albano Machado", situada na comuna do Alto Hama (Londuimbali).

A criação da referida biblioteca enquadra-se no âmbito da implementação de um programa da Caritas Arquidiocesana do Huambo, denominado "Vamos ocupar os tempos livres da juventude".

Na altura, o director da Caritas Arquidiocesana do Huambo, padre Emílio Sassoma, disse que foram gastos 5.500 dólares na aquisição dos meios disponíveis na biblioteca.

Lídia Kuayela, responsável da Educação na Comuna do Alto Hama, afirmou, por seu lado, que o surgimento da biblioteca, a primeira do género na localidade, constitui um grande incentivo para a camada estudantil, que terá condições para melhorar os seus níveis de rendimento escolar.

"Luvas" de tráfico de armas para Angola passaram (quem diria!) por Portugal

Mais de 21 milhões de dólares recebidos por altos responsáveis do regime angolano no negócio ilícito da venda de armas da Rússia a Angola passaram por bancos portugueses. Os dados constam da lista de transferências bancárias do caso Angolagate, cujo julgamento começou em França no dia 6 de Outubro e que envolve altas figuras do Estado francês.

No despacho de pronúncia do juiz Philippe Courroye, a que o PÚBLICO teve acesso, são elencadas as transferências bancárias que totalizam mais de 54 milhões de dólares (cerca de 41,5 milhões de euros ao câmbio actual), para contas de dignitários de Angola e pessoas próximas do regime de Luanda em comissões relativas a contratos de venda de armas entre 1993 e 2000.

Os beneficiários são responsáveis como José Eduardo dos Santos, Presidente angolano, o embaixador Elísio de Figueiredo ou o ex-chefe da Casa Civil da presidência José Leitão e a mulher e o filho deste, e altas patentes das Forças Armadas Angolanas, como os generais Salviano Sequeira e Carlos Alberto Hendrick Vaal Neto, hoje ligado a uma sociedade no negócio de diamantes, ou Fernando Araújo, general e também na altura conselheiro do Presidente.

Também o general Fernando Miala, que foi chefe dos serviços secretos e fazia parte do círculo íntimo de Eduardo dos Santos, mas entretanto afastado e actualmente na prisão, aparece na lista dos beneficiários.

Os bancos portugueses são destinatários de mais de 50 das 70 transferências listadas, somando mais de 21 milhões de dólares. Nesse conjunto, destacam-se a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Banco Comercial Português (BCP), citados como tendo recebido as somas maiores em depósitos únicos: 4,2 milhões de dólares em Maio de 1996, para uma conta em nome de Costa e Silva num balcão de Almada do banco público, e 1,8 milhões de dólares em Novembro de 1997 para uma conta de Fernando Araújo numa agência lisboeta do BCP.

Os restantes bancos citados como tendo recebido transferências para contas portuguesas são o Banco Bilbao Vizcaya, Banco Nacional de Crédito, Nacional Ultramarino (entretanto integrado na CGD), Banco do Comércio e Indústria e Totta & Açores (depois comprados pelo Santander), Pinto & Sotto Mayor (integrado no BCP) e Barclays.

De acordo com o processo, foi o empresário franco-brasileiro Pierre Falcone quem deu ordem para essas transferências, na maioria, a partir de contas da sua sociedade Brenco Trading Limited.

O caso implica altas figuras do Estado francês por enriquecimento ilícito e tráfico de influências. Tratava-se de uma vasta rede de intermediários, criada num contexto em que vigorava um embargo de armas a Angola. Dois dos 42 réus, o empresário Falcone e o milionário israelo-russo Arkadi Gaydamak, ambos intermediários dos negócios, são acusados de tráfico de armas.

As transacções mais importantes em valor, referidas nesta lista, como os 5 milhões de dólares transferidos para uma conta em nome do Presidente José Eduardo dos Santos ou os 10 milhões de dólares para Elísio de Figueiredo, embaixador em Paris e "representante pessoal do Presidente e seu mandatário para operações secretas financeiras" (como é descrito por uma testemunha-chave), são para o BIL (Banco Internacional do Luxemburgo) e o Discount Bank de Genebra, respectivamente.

Interrogado no âmbito do processo, Pierre Falcone afirmava que uma "comissão de Estado" de mais de 40 milhões de dólares tinha sido paga ao Estado angolano "muito oficialmente", lê-se no processo. No documento, o juiz contrapõe dizendo que "não foram encontradas transferências em dinheiro a favor do Estado angolano no débito das contas indicadas por Pierre Falcone" mas sim "o registo de várias transferências efectuadas a pessoas, membros ou pessoas próximas do Governo angolano, bem com a sociedades off-shore por eles constituídas".

Constatação que mais tarde terá levado Falcone a reconhecer que cerca de 30 angolanos tinham recebido fundos em contas no estrangeiro "para a defesa dos interesses nacionais" de Angola e "no quadro da logística da ZTS OSOS", ou seja, com base na lógica de que os responsáveis angolanos eram pagos para renovar contratos de compra de armas.

(Di)amantes angoloanos renderam 120
milhões dólares ou 83 milhões de euros

«Esta quantia seria suficiente para construir 150 escolas e pagar a 800 professores durante 25 anos»

Uma sociedade de generais angolanos ganhou perto de 120 milhões de dólares (83 milhões de euros), nos últimos dez anos, com uma participação «silenciosa» no negócio dos diamantes, revelou a organização não-governamental Parceria África-Canadá (PAC)..

Na Revista Anual da Indústria dos Diamantes 2007 dedicada a Angola, hoje publicada, a ONG afirma que abundam por todas as regiões mineiras angolanas casos como o da «Lumanhe Extracção Mineira, Importação e Exportação», em que empresas «aliadas do governo» impõem a sua presença em projectos de exploração, um negócio que deverá render vários milhares de milhões de dólares nas próximas décadas.

«Na corrida para conseguir uma parte da indústria angolana de diamantes, a Lumanhe demonstrou ser extremamente afortunada, captando uma participação de 15 por cento nos projectos aluviais de Chitotolo e Cuango, e uma participação de percentagem semelhante no projecto de exploração em Calonda», afirma o relatório.

A empresa tem como sócios António Emílio Faceira, Armando da Cruz Neto, Luís Pereira Faceira, Adriano Makevela McKenzie, João Baptista de Matos e Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva, cinco dos quais generais das forças armadas angolanas.

De acordo com a PAC, o rendimento anual da «empresa dos generais» passou de cinco milhões de dólares em 1997 para 22 milhões de dólares em 2006.

No total, o rendimento no período foi de 120 milhões de dólares, o equivalente a dois milhões de dólares por general, por ano.

«Os investidores estrangeiros que actuam em Angola parecem ter incluído essas transferências de dinheiro simplesmente como fazendo parte dos custos de negociação. Contudo, ao reivindicarem cinco a 25 por cento de cada projecto, essas empresas aliadas do governo não estão a tirar dinheiro ao governo ou aos investidores. É o povo angolano que paga o preço», afirma.

«A pergunta fundamental», diz a ONG, é «o que os angolanos poderiam ter feito com esse dinheiro», que equivale ao necessário para construção de cem hospitais provinciais como o recentemente inaugurado no Dondo, capital da Lunda Norte, no valor de 1,25 milhões de dólares.

«Os 120 milhões de dólares recebidos pelos generais dariam para construir 150 escolas e pagar a 800 professores um salário mais digno de 300 dólares todos os meses durante 25 anos, sobrando ainda dinheiro para giz, papel e canetas», afirma a PAC.

De acordo com a ONG, existem um pouco por todas as regiões produtoras de diamantes «projectos de mineração onde as empresas angolanas apoiantes do governo retiram a sua parte».

Entre as recomendações da ONG ao governo angolano está a realização de leilões ou licitações para atribuição das participações em sociedades mineiras, e que os ganhos destes sejam encaminhados para projectos sociais nas regiões diamantíferas.

«O governo angolano e a Endiama devem deixar de oferecer grandes percentagens dos projectos de sociedade conjunta às empresas angolanas apoiantes do governo. Todos os vínculos nominais que existem entre as áreas de concessão e as empresas angolanas deveriam ser cancelados», defende o relatório.

Além disso, adianta, o executivo e a Endiama devem «trabalhar a questão da distribuição dos benefícios do sector diamantífero angolano», uma vez que os beneficiados actualmente resumem-se ao governo, empresas e aos amigos do governo, «e pouco é retribuído aos moradores das regiões que produzem diamantes».

quinta-feira, outubro 30, 2008

Mais um exemplo de Moçambique
que escapa a Portugal e a Angola

O Fundo Monetário Internacional não percebe nada, nada de nada, da realidade africana. Então não é que o FMI decidiu hoje felicitar a justiça de Moçambique pela detenção de titulares de cargos públicos, nomeadamente o ex-ministro do Interior, encorajando o Governo a "adoptar medidas necessárias" para combater a corrupção?

Francamente. Já viram na alhada em que o FMI se meteria se resolve estimular, por exemplo, o Governo angolano a meter na cadeia os corruptos? Lá andaria o país de eleição em eleição…

"Encorajamos o Governo de Maputo a tomar medidas necessárias para sancionar qualquer evidência de corrupção", disse Felix Fischer, o representante do FMI em Moçambique.

No início deste mês, o Ministério Público (MP) acusou o ex-ministro do Interior Almerino Manhenje (que está em prisão preventiva desde Setembro) da prática de 49 crimes.

O MP estima em cerca de 8,8 milhões de dólares (cinco milhões de euros) o montante dos prejuízos causados pelos alegados crimes cometidos pelo ex-ministro do Interior entre 1996 e 2005, quando Joaquim Chissano ainda era Presidente da República, e outros oito co-arguidos.

Além de Manhenje, foi também detido o presidente do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Armando Pedro, sendo estas as prisões de maior relevo desde a independência de Moçambique, em 1975.

Na mesma ofensiva contra a corrupção no aparelho de Estado moçambicano, foi também detido este mês o presidente da empresa Aeroportos de Moçambique (ADM), Diodino Cambaza, e um administrador da mesma empresa. As detenções ocorreram após denúncias anónimas de trabalhadores relativas ao esbanjamento de recursos da empresa.

Entre as acusações constam alegados gastos pessoais efectuados por Diodino Cambaza e outros membros do Conselho de Administração com dinheiros da ADM para aquisição de casas de luxo e respectivo recheio, em Moçambique e na África do Sul.

Os 19 principais doadores de Moçambique, entre os quais Portugal, têm vindo a pedir ao Governo de Maputo que "acelere" o combate à corrupção no país, uma das apostas do actual chefe de Estado, Armando Guebuza.

Não me recordo que Portugal tenha feito igual pedido em relação a Angola. Pois. Também é evidente que no âmbito do reino de José Sócrates é muito mais relevante só a Sonangol do que Moçambique inteiro.

Além disso, certamente que o séquito de Sócrates dirá ao mundo que, por experiência próprio, em Angola não há – como todos sabemos - corrupção.

Comunicação social sem meios na Guiné
(E assim se faz a democracia na Lusofonia)

A comunicação social estatal da Guiné-Bissau está sem meios técnicos e financeiros para cobrir a campanha eleitoral, o que levou a ONU a anunciar apoios. Mas será que a democracia precisa dos jornalistas?

Falta de câmaras de filmar, veículos para transporte dos jornalistas, material de trabalho, nomeadamente cassetes, e dinheiro, são alguns dos problemas que os jornalistas guineenses estão a enfrentar para cobrir a campanha eleitoral de 21 formações políticas para as legislativas de 16 de Novembro.

O jornal estatal "No Pintcha", criado em 1994, não tem um único veículo de serviço e meios financeiros. "Temos 12 jornalistas prontos para cobrir a campanha eleitoral, mas apenas a podemos cobrir em Bissau", explicou à agência Lusa o director do semanário, Simão Abina.

Críticas têm sido dirigidas à Radiodifusão Nacional (RDN), também estatal e principal via para a de os tempos de antena chegarem aos guineenses. A questão prende-se com o facto de aquela rádio cobrar cerca de 106 euros para a gravação e emissão de tempos de antena.

"A lei diz que os partidos devem suportar os custos da gravação dos tempos de antena", disse o director de antena da RDN, Nilson Mendonça, acrescentando que "até aqui a RDN nunca accionou esse dispositivo legal, porque também tínhamos apoios, mas nestas eleições a RDN ainda não recebeu apoios de ninguém, portanto pediu aos partidos que ajudassem a superar as dificuldades".

No artigo 38 da Lei Eleitoral nº3/98 da Guiné-Bissau pode ler-se que a "utilização dos tempos de antena é gratuita durante a campanha eleitoral". "Todavia, as despesas inerentes ao registo magnético dos materiais difundidos é da conta dos candidatos", acrescenta o texto.

Já a Televisão da Guiné-Bissau é acusada de favorecimento de certas forças políticas. Quem diria?

Eusébio Nunes, director da única estação televisiva do país, defendeu que "não existe nenhuma televisão no mundo que consiga cobrir a campanha de 21 forças políticas com apenas quatro câmaras".

A Aliança das Forças Patrióticas, uma coligação de três partidos, liderada pelo antigo procurador-geral da República Amine Saad, é uma das forças políticas que tem criticado os órgãos de comunicação social de "absoluta parcialidade".

O Partido Unido Social-Democrata (PUSD), terceiro maior partido da Guiné-Bissau, com representação parlamentar, acusou, por seu lado, a TGB de favorecer a campanha do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), repetindo a mesma acusação feita pelo Partido Republicano da Independência para o Desenvolvimento (PRID), do antigo primeiro-ministro e dissidente do PAIGC Aristides Gomes.

Os órgãos de comunicação social do Estado têm dado a cobertura às acções dos partidos apenas em Bissau, aguardando pelas ajudas do Gabinete das Nações Unidas de Apoio à Consolidação da paz na Guiné-Bissau (UNOGBIS).

Segundo um comunicado da UNOGBIS, a ONU vai apoiar os órgãos de comunicação social com cerca de 40 mil euros, doados por França e Reino Unido, no âmbito do Fundo de Apoio aos Media da Guiné-Bissau para a cobertura das eleições Legislativas. De acordo com o documento, a TGB já recebeu cerca de 4500 euros e a RDN e o No Pintcha três mil euros cada um.

Donativos monetários foram também entregues às rádios Bombolom e Pindjiguiti, à Agência Bissau Média e a outras rádios e jornais do país.

Atentados matam 45 pessoas na Somália

Os cinco atentados, quase simultâneos, contra edifícios estratégicos da ONU na Somália, que provocaram pelo menos 45 mortos e dezenas de feridos, têm - segundo a Administração norte-americana - a marca "dos terroristas da al-Qaeda".

"Ninguém reivindicou a responsabilidade desses ataques, mas eles têm clara e inequivocamente a assinatura da al-Qaeda", afirmou a secretária de Estado adjunta dos EUA para os Assuntos Africanos, Jenday Frazer.

Os cinco atentados com carros armadilhados contra edifícios públicos e instalações da ONU, mergulharam no caos este país do Corno de África, onde floresce a rebelião dos radicais islamitas.

Na Somaliland, uma república autoproclamada do norte da Somália, três atentados foram cometidos na cidade principal, Hargeisa. Os alvos foram o Palácio Presidencial, os escritórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Embaixada da Etiópia.

Em Bosaso, capital económica de Puntland, região semiautónoma do nordeste, seis agentes dos serviços de informações morreram em dois atentados provocados por dois carros armadilhados que atingiram edifícios dos serviços de luta antiterrorista.

Entretanto, a União Europeia condenou "com a maior firmeza" os atentados, tendo a Presidência francesa expressado "grande preocupação ante as consequências desestabilizadoras destes atentados, quer para a Somália quer para a região". Paris disponibilizou o centro médico do seu Exército no Djibuti para receber o pessoal da ONU ferido.

Somaliland, antiga colónia britânica, separou-se da Somália em Maio de 1991, cinco meses depois da queda do presidente somali Mohamed Siad Barre.

A queda de Barre iniciou uma guerra civil na Somália, que desde 2006 se transformou numa sangrenta disputa entre os islamitas e o Governo apoiado pela Etiópia e pelo Ocidente.

Com instituições representativas, um Exército, uma administração e uma moeda própria, a Somaliland estava até agora relativamente a salvo da violência que sacode a Somália.

Os ataques coincidem com as discussões em Nairobi (Quénia) dos países membros da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, que reúne sete Estados do Leste de África e que procura tirar a Somália do caos político após 17 anos de guerra civil.

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1035732

Desde que sejam outros a morrer...

A República Democrática do Congo está a ferro e fogo. O Quénia também. O Chade e o Sudão igualmente. O conflito em Darfur causou no mínimo 300 mil mortos e dois milhões de refugiados e deslocados. E o Ruanda, Etiópia, Somália? Mas o que é que isso importa?

E se calhar, a velha Europa (de onde saíram as antigas potências coloniais de África) até tem razão: São pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada, comer do bom e melhor e ir negociando a venda de armas para que eles, os pretos, se vão matando uns aos outros e ela possa ficar com as riquezas do continente.

Como se África já não tivesse problemas que cheguem, a comunidade internacional (Europa, EUA, ONU) volta a incendiar, ou a fornecer o fogo, este mártir continente. Como convém, à fome continua a juntar-se a guerra. Mas como são pretos, digo eu, os donos do poder e, supostamente, da civilização, continuam a cantar e a rir.

O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, certamente voltará a dizer que “é necessária uma acção internacional urgente para pressionar as partes em conflito e todas as pessoas envolvidas no terreno a deixarem as agências humanitárias trabalharem em segurança. Milhares de vidas dependem disso”.

Certamente obterá a garantia oficial de que a comunidade internacional tudo fará para acabar com estes sucessivos genocídios. Mas o que, na verdade, EUA, Europa, ONU querem dizer é: “que se lixem, são pretos”.

Pois são. E depois venham falar de terrorismo no Ocidente, da al-Qaeda, de Bin Laden. E depois espantem-se por a Somália ter sido, ontem, atingida por cinco atentados, quase simultâneos, contra edifícios estratégicos da ONU.

quarta-feira, outubro 29, 2008

Deixem-me chorar

Deixem-me chorar lágrimas de esquina que dobram o coração, sonhos de madrugada que amamentam as noites do luar. Deixem-me vaguear nos córregos do cérebro que bloqueiam a poesia, que travam a sensatez. Dobro a vida das esquinas e encontro a ponte que não tem margens. Deixem-me andar por aí como quem sabe o que faz, mesmo quando tropeço no sonho de apenas querer chorar como qualquer um.

Um mês em silêncio

Os que não têm voz, e são cada vez mais, clamam, choram, sofrem e morrem. Tal como os que lhes queriam dar esse elementar direito.

Biblioteca Lucas Pires
no Parlamento Europeu

O antigo primeiro-ministro francês Michel Rocard, o ex-presidente do Parlamento Europeu Klaus Hänsch (Alemanha) e o ex-ministro dos Assuntos Europeus e do Orçamento Alain Lamassoure (França) acabam de associar-se aos deputados que apoiam a iniciativa de atribuir o nome de Francisco Lucas Pires à Biblioteca do Parlamento, em Bruxelas, por ocasião do décimo aniversário da sua morte.

Estes apoios qualificados ascendem já a algumas dezenas, procedentes de distintos grupos políticos do Parlamento Europeu: democrata-cristãos, socialistas, liberais e verdes.

Para além de Rocard, Hänsch e Lamassoure, seis dos actuais e antigos vice-presidentes do Parlamento na presente legislatura – Luigi Cocilovo (Itália), Ingo Friedrich (Alemanha), hoje questor, Mario Mauro (Itália), Edward McMillan-Scott (Reino Unido), Antonios Trakatellis (Grécia) e Alejo Vida-Quadras (Espanha) – associaram também o seu nome a esta ideia que vem ganhando apoios crescentes.

Recorda-se que esta iniciativa foi lançada pelo deputado José Ribeiro e Castro, através de uma carta dirigida ao actual Presidente do Parlamento co-subscrita por dois antigos presidentes do Parlamento Europeu, o socialista espanhol Enrique Barón Crespo e a democrata-cristã francesa Nicole Fontaine e pelo próprio deputado português.

Seguiu-se-lhe uma carta de igual teor de três deputados veteranos James Nicholson (Reino Unido), Astrid Lulling (Luxemburgo) e Ingo Friedrich (Alemanha), questores do Parlamento Europeu e que são dos deputados com maior antiguidade e experiência nesta câmara, e uma outra de Wilfiried Martens, o Presidente do Partido Popular Europeu.

Kabila pede ajuda a Eduardo dos Santos
- Aí vão as FAA pôr em ordem os rebeldes

O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Joseph Kabila, pediu ao seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, que intervenha no conflito entre os rebeldes e as forças governamentais de Kinshasa no Leste do país, escreve hoje a Lusa. «Está tudo a postos para Angola pôr ordem nas crises regionais», escrevi eu ontem aqui no Alto Hama, retomando, aliás, abordagens anteriores no mesmo sentido.

O ministro da Cooperação Internacional da RDCongo, Raymond Tshibanda, foi recebido em Luanda por José Eduardo dos Santos, a quem pediu, em nome de Joseph Kabila, que use a sua "sabedoria" de forma a ajudar a encontrar uma solução para o conflito que opõe Kinshasa e o general rebelde Laurent Nkunda no Leste da RDCongo.

"O Presidente José Eduardo dos Santos é portador de uma sabedoria reconhecida no continente e no mundo. Escutou atentamente a exposição que fiz. Mostrou que está a par da situação que se vive na RDCongo e que se pode empenhar para resolver a situação", disse o enviado de Kabila a Luanda citado pelo Jornal de Angola.

O ministro congolês afirmou ainda que as acções dos "rebeldes armados" continuam a "provocar a morte de um elevado número de pessoas e o seu deslocamento para regiões mais seguras".

Raymond Tshibanda defendeu que os problemas que afectam a parte Leste, na província do Kivu Norte, da RDCongo "devem preocupar a comunidade internacional" e essa é uma das razões pelas quais Joseph Kabila pede a intervenção do Presidente angolano.

"Vim pedir apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos - que considerou um estadista com experiência em pacificar conflitos - a fim de se pôr cobro à difícil situação, pois queremos preservar a soberania da RDCongo", disse ainda Tshibanda citado pela imprensa estatal angolana.

A Presidência da República de Angola não avançou que tipo de intervenção José Eduardo dos Santos pode protagonizar para pôr fim aos conflitos entre Kinshasa e os rebeldes de Nkunda.

Angola tem a sua mais extensa fronteira com a RDCongo, a Norte e a Leste, e existem informações não confirmadas por Luanda de que um grupo de militares angolanos integra a guarda pessoal do Presidente Kabila.

Como escrevi ontem, já oiço os caças e os tanques das Forças Armadas de Angola...

Depois dos diamantes de sangue, a cocaína

A ONU alertou para o facto de cerca de um terço da cocaína que se consome na Europa passar pela África Ocidental, salientando que o dinheiro dos traficantes latino-americanos ameaça a segurança da região.

No total, são pelo menos 50 toneladas de cocaína que passam pela região anualmente em direcção à Europa, sobretudo ao Reino Unido e a Espanha, transportadas desde a América Latina até África em barcos e avionetas, indicou a Agência das Nações Unidas para a Droga e o Crime (ANUDC) num relatório ontem divulgado.

Aquela droga vale no mercado europeu cerca de 1,6 mil milhões de euros, dinheiro que tem um poder de corrupção enorme numa região com alguns dos países mais pobres do mundo.

Se no passado o dinheiro dos diamantes financiou sangrentas guerras civis em países da região como a Serra Leoa e a Libéria, a cocaína poderá agora ocupar o lugar da pedra preciosa com a diferença que o volume de dinheiro movido pela droga é muito maior e ultrapassa o orçamento de muitos Estados.

"A ameaça está a estender-se a toda a região, a Costa de Ouro está a converter-se na costa da cocaína", afirmou o director da ANUDC, António Maria Costa.

Nos últimos três anos a quantidade daquela droga apreendida na zona duplicou a cada ano, passando dos 1 323 quilogramas em 2005 para perto de 6 500 em 2007, embora seja apenas "a ponta do iceberg", dado que as apreensões ocorreram por acidente.

"A maioria da cocaína que passa pela África Ocidental é controlada pelos traficantes colombianos e há um aumento contínuo de colombianos utilizando grupos criminosos africanos para a distribuição secundária da cocaína até à Europa", indicou a ANUDC.

A ONU teme que um grande número das "crianças soldados" e jovens com experiência paramilitar em algumas das dezenas de guerrilhas que existiram na região nos últimos 10 anos possam ser tentados pelo dinheiro da droga. Além das enormes limitações materiais das autoridades, "os fiscais e os juízes não possuem provas ou vontade de levar à justiça poderosos delinquentes com poderosos amigos", diz o relatório.

O responsável da ONU pediu aos países da região uma maior cooperação, reforço da justiça e travar a corrupção "que está a infiltrar as estruturas dos países", além de pedir assistência internacional para parar os traficantes.

"Os cartéis da droga na América Latina aproveitam-se da África Ocidental porque os países da região são vulneráveis. Países pobres como a Guiné-Bissau - que está na zona mais baixa do índice de desenvolvimento humano - são incapazes de controlar as suas costas ou o seu espaço aéreo", afirma a ONU.

Manuel Pedro Pacavira? Nito Alves
acusava-o de ser informador da PIDE

A Associação 25 de Abril vai apresentar em Lisboa, no próximo dia 6 de Novembro, pelas 18,30, na sua sede, na Rua da Misericórdia 95, em Lisboa o livro "Angola e o Movimento Revolucionário dos Capitães de Abril em Portugal - Memórias", do escritor angolano Manuel Pedro Pacavira. Assim se continua a branquear a história pela mão dos carrascos.

«Com tanto que se tem falado, será que não sabem quem é Manuel Pedro Pacavira?», pergunta Dalila Cabrita Mateus, acrescentando que “Nito Alves, nas suas «13 Teses», acusava-o de ser informador da PIDE e colaborador na célebre «Tribuna dos Muceques», editada pela PIDE”.

Além disso, diz Dalila Cabrita Mateus, “os arquivos existentes da Torre do Tombo, a propósito deste panfleto, falam de um Manuel Pacavira”.

Depois disso, ainda segundo a autora de “Purga em Angola”, “terá tido papel destacado na orgia de sangue que se seguiu aos acontecimentos do 27 de Maio de 1977”.

“Claro que foi membro do Comité Central e do Bureau Político e é Embaixador. Era um dos vencedores, pois claro”, conclui Dalila Cabrita Mateus.

terça-feira, outubro 28, 2008

Brasil e Portugal dizem que vão
promover a língua... portuguesa

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, e o primeiro-ministro português, José Sócrates, destacaram hoje o compromisso dos dois países para que a língua portuguesa se torne idioma oficial das Nações Unidas e de outras instituições internacionais.

"Temos a obrigação de fazermos um investimento rápido na língua portuguesa", disse José Sócrates na declaração à imprensa ao final da IX Cimeira Brasil-Portugal, que decorreu no Museu Santa Casa de Misericórdia, no centro histórico de Salvador (Baía). Pois. Rápido. Como se diz em Portugal, o que deveria ser feito ontem... se calhar será feito amanhã.

"Já é mais do que hora de que a nossa língua seja adoptada nos fóruns internacionais", assinalou, por seu turno, o Presidente brasileiro. Pela força do Brasil, até acredito que o brasileiro, perdão, o português (mais ou menos) falado e escrito ganhe a força que Lisboa nunca lhe quis dar.

A promoção e a difusão da língua portuguesa no mundo foi o segundo tema de destaque nesta Cimeira de Salvador, onde as atenções se voltaram mais para a crise financeira internacional. Sim, que essa coisa da língua é importante, mas não tanto como o dinheiro que sobra a uns poucos mas que falta a muitos. Cada vez a mais.

Os dois governantes acertaram uma reunião dos ministros da Educação e Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) nos dias 14 e 15 de Dezembro, em Lisboa, para a definição de estratégias comuns de promoção do português.

Provavelmente José Sócrates vai, entretanto, criar mais uma comissão de peritos, ou de consultores (todos obviamente independentes... mas com cartão do PS) para definir a estratégia.

Ficou decidido também que em 2010, quando se comemoram os 100 anos da República Portuguesa, será celebrado o Ano do Brasil em Portugal e em 2011, o Ano de Portugal no Brasil.

Lula e Sócrates destacaram o excelente nível das relações entre os dois países, cujo comércio (e isso é que conta) registou um crescimento de 72,1% entre 2005 e 2007, para 2 mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros), com expansão também dos investimentos portugueses no Brasil e vive-versa.

Segundo o Palácio do Planalto, os investimentos portugueses no Brasil estão na ordem dos 8,6 mil milhões de dólares (6,7 mil milhões de euros) e os brasileiros em Portugal rondam os mil milhões de dólares (790 milhões de euros).

E assim, poderemos continuar de facto (ou de fato) de barriga cheia de filé (ou bife), conscientes de que as enquetes (ou sondagens) serão favoráveis aos adeptos (ou à torcida) que usam celular (ou telemóvel). E, pelo sim e pelo não, mantenhamos no freezer (frigorífico) uma fotocópia (xerox) do acordo ortográfico. E, já agora, brindemos com um fino ou com um choupe.

Está tudo a postos para Angola
pôr ordem nas crises regionais

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, parece estar muito mais preocupado com o que se passa no Zimbabué do que com um outro drama, mais acima, na República Democrática do Congo.

No caso do Zimbabué a situação é de facto grave e, ao que parece, sem solução. Robert Mugabe diz que só Deus o poderá demitir e, até agora, nem Ban Ki-Moon conseguiu falar com Ele para pedir ajuda.

Portanto, enquanto Deus (ou alguém por ele) não resolver a questão, o povo do Zimbabué continuará a morrer à fome e o país continuará a ser o maior exportador mundial de refugiados.

Além disso, sem o apoio de Deus, o Conselho de Segurança da ONU não poderá determinar que a solução do caso passa obrigatoriamente por enfiar um tiro na cabeça de Robert Mugabe.

Quanto ao Congo, a situação parece de mais fácil solução. A ONU conta com o apoio de um dos maiores e melhor apetrechados exércitos de África, o de Angola, para quando entender pôr cobro aos devaneios dos rebeldes do general Laurent Nkunda.

Aliás, Luanda tem já pronto um plano militar para em poucas horas entrar pelo Congo e varrê-lo de uma ponta à outra. Apenas espera que o Governo congolês peça ajuda para pôr no ar a sua faminta Força Aérea, bem como os não menos famintos generais do Exército que já estão com saudades de dar uns tirinhos.

O certo, até agora, é que as tropas do exército congolês e da ONU bateram em retirada da cidade de Goma, no leste do país, nada conseguindo fazer para travar os avanços de Laurent Nkunda.

Segundo o jornal The New York Times, os rebeldes controlam as maiores cidades do país, uma base do Exército no leste e o quartel-general de um parque onde estão alguns dos últimos gorilas das montanhas do mundo.

A ofensiva rebelde é indício do sentimento contrário aos tutsis despertado pelo sucesso dos rebeldes ligados a Nkunda. Eles afirmam lutar para proteger a minoria tutsi de uma milícia ruandesa hutu que escapou para o Congo após ajudar a perpetrar o genocídio de Ruanda, em 1994. Meio milhão de tutsis foram assassinados nessa investida.

Em Janeiro deste ano, governo e rebeldes assinaram um tratado de paz, mas os guerrilheiros rearmaram-se e retomaram os combates. Desde então, o presidente Joseph Kabila recusa-se a manter novas conversações com Nkunda, por o considerar um "terrorista".

Nkunda, por sua vez, recusa-se a desarmar as suas tropas por afirmar que rebeldes hutus, de Ruanda, operam na região e ameaçam a comunidade tutsi. Acredita-se que Nkunda possui 5.500 homens sob o seu comando.

Já oiço os caças e os tanques das Forças Armadas de Angola...

População congolesa revolta-se
e ataca sede da ONU no Leste

Milhares de pessoas atacaram a sede da ONU no Leste do Congo, na província de Goma. O protesto acontece no dia seguinte à tomada da base militar de Rumangabo pelos rebeldes do general Laurent Nkunda.

Sylvie van den Wildenberg, porta-voz da ONU, revelou que o ataque foi uma forma de protesto contra o facto de a força de paz das Nações Unidas, 17 mil homens, não ter conseguido protegê-los de um ataque rebelde a apenas 40 quilómetros a norte da cidade.

Centenas de soldados abandonaram a frente de combate em tanques, jipes, camiões e a pé, no que parece uma retirada das forças do Governo perante a ofensiva do general rebelde Laurent Nkunda.

Os rebeldes leais a Nkunda ocuparam uma base do Exército no Leste do país, provocando a debandada de mais de 200 mil pessoas. Nos confrontos, terão morrido centenas de soldados leais ao Governo.

As forças de paz da ONU tentaram travar os confrontos, dando razão às populações que acusam os capacetes azuis de nada fazer para salvaguardar a vida dos civis.

Desde 28 de Agosto, altura em que o general Laurent Nkunda assumiu a ofensiva acusando o Governo de violar um cessar-fogo, os combates tornaram-se violentos. Nkunda alega que está a proteger a minoria étnica tutsi na região.

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1034794

segunda-feira, outubro 27, 2008

Angola recruta jornalistas no reino lusitano
(malta do PS e do MPLA tem tacho garantido)

Alguém anda, em nome de um grupo de media angolano-português, a recrutar jornalistas nas tais ocidentais praias lusitanas para – no que parece ser uma primeira etapa – lançar a curto prazo mais um jornal em Angola.

Fico satisfeito. O país mexe e o dinheiro sobra. Não sobra para quem precisa, mas isso é outra cantiga.

Não conheço a lista dos jornalistas recrutáveis, aprovada segundo os democráticos princípios da ditadura angolana legitimada por mais de 80% dos votos, mas conheço a dos não-recrutáveis, considerados persona non grata pelo regime que vai somar mais quatro anos aos 33 que já leva no poder.

Sim, que a rapaziada do MPLA não brinca em serviço. Não fossem os recrutadores terem algum devaneio democrático e estritamente profissional e contactar angolanos e portugueses de segunda.

E, pelos vistos, são muitos os jornalistas a trabalhar em Portugal que o MPLA não quer ver, nem pintados, no reino do soba Eduardo dos Santos. E se é compreensível o crivo que os donos do poder angolano põem em prática em relação à grande maioria, outros há que mereciam uma oportunidade, tantos foram os feitos bocais ou as satisfações manuais, algumas feitas com as duas mãos.

Dizem as más línguas, pouco habituadas aos tais feitos bocais, que esta listagem de recrutáveis terá sido analisada em conjunto com colaboradores próximos do primeiro-ministro português, depois de uma primeira vistoria dos assessores portugueses que trabalharam na campanha do Governo de Angola, e que por terem mostrado tão bom serviço até conseguiram afastar a concorrência brasileira.

Acrescentam as más línguas que o leque dos recrutáveis foi alargado por sugestão de altas figuras da comunicação social portuguesa, das quais a Sonangol & Cª é sócia, que vê nessa eventual escolha uma forma de se livrarem daquilo que consideram ser excesso de pessoal.

Baseando-me, e dando como verídica, na lista dos não-recrutáveis, não me custa reconhecer que o MPLA, com ou sem ajuda portuguesa, sabe muito bem o que faz. Tão bem que se fosse eu a escolher contratava todos os que o MPLA considera não-recrutáveis.

Assim sendo, o MPLA está no caminho certo e honra os seus pergaminhos de partido que se está nas tintas para a peregrina tese de que os Jornalistas existem para dar voz a quem a não tem.

Vamos lá, pessoal da Lusofonia. Votem!

Começou a corrida aos prémios The Best of Blogs “BOBs” 2008, da The Deutsche Welle, cuja votação do júri internacional e do público se vai prolongar até ao próximo dia 26 de Novembro próximo.

Dos mais de 8500 blogs, videoblogs e podcasts, inscritos ou propostos às 16 categorias para o The BOBs 2008 – um novo record para os "The BOBs" –, foram nomeados 176 finalistas para as referidas 16 categorias.

Entre os finalistas, na categoria “Repórteres Sem Fronteiras”, está o Pululu (pode votar por aqui), a par de blogues como o da cubana Yoani Sanchez “Generación Y” ou “zengjinyan.spaces.live”, do activista chinês Hu Jia, recentemente galardoado com o Prémio Sakarov, entre outros.

De registar que o Generación Y também está igualmente nomeado para o prémio “Melhor Weblog” onde se encontra, também um blogue de brasileiros residentes em Angola, “Casa de Luanda”.

Na rubrica “Melhor em Português”, além do já citado “Casa de Luanda” está o blogue do sociólogo moçambicano Carlos Serra – e já vai destacado no primeiro posto – “Diário de um Sociólogo”.

Vamos lá, pessoal da Lusofonia. Votem.

Será a emenda melhor do que o soneto?

O economista e antigo ministro da Indústria Mira Amaral fez um balanço negativo da actuação do Governo em matéria de finanças públicas na Conferência do Fórum para a Competitividade.

Será para acreditar? É que o autor deste balanço é o mesmo que em Maio disse que as afirmações do músico e activista irlandês Bob Geldof sobre os governantes angolanos eram "totalmente irresponsáveis" e "profundamente desconhecedoras" da realidade angolana.

Não sei se a ideia de Mira Amaral era dar uma ajuda ao PSD ou se, parecendo que o era, não é mais um forte contributo para a propaganda eleitoral do PS.

Recorde-se que Bob Geldof afirmou que "Angola é gerida por criminosos", acrescentando que "as casas mais ricas do mundo do mundo estão [a ser construídas] na baía de Luanda, são mais caras do que em Chelsea e Park Lane".

Numa reacção violenta, o entigo ministro do Trabalho e Segurança Social do X Governo Constitucional (1985-1987) e ministro da Indústria e Energia do XI e XII Governo Constitucional (1987-1995), veio dizer que "qualquer pessoa que seja gestor executivo sabe o que custa fazer as coisas na prática e o tempo que levam a fazer. Quem canta músicas e depois tenta falar sobre coisas sérias, se calhar esta não é sua área específica de competência".

É claro que esta análise de Mira Amaral, tanto a relativa a Portugal como a que teve ao assumir as dores do MPLA, nada tem a ver com o facto de os maiores accionistas do BIC (do qual é presidente executivo) serem o empresário português Américo Amorim, com 25%, e a Sociedade de Participações Financeiras (SPF), da empresária angolana Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos, também com 25%.

Eleições nos EUA em debate no Porto

O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, conta com uma vantagem de oito pontos sobre o rival republicano, John McCain, no estado chave da Virginia, segundo uma sondagem publicada hoje pelo jornal “The Washington Post”.

A sondagem dá ao senador pelo Illinois 52% da intenções de voto, contra 44% do senador pelo Arizona. No final de Setembro, a vantagem do democrata naquele estado era de apenas três pontos.

Ao mesmo tempo McCain é rejeitado por 45% dos inquiridos, índice 15% superior ao de opiniões desfavoráveis ao democrata, destaca o “Washington Post”.

Entretanto, no âmbito do panorama actual internacional, e do acontecimento muito aguardado pelos media e pela opinião pública em geral, as eleições norte-americanas, realiza-se hoje, pelas 18:30 horas, na Universidade Católica Portuguesa - Polo da Foz, no Porto, um debate sobre as eleições nos EUA.

domingo, outubro 26, 2008

Ronaldo e Zidane concorrem
às eleições na Guiné-Bissau...

O nome do jogador português Cristiano Ronaldo está envolvido na campanha eleitoral para as eleições legislativas na Guiné-Bissau, com alguns partidos a recorrerem ao craque luso para driblar aqueles que dizem ser o Zidane da política. Está bonito. Num país com milhares de barrigas vazias...

"Um candidato do PAIGC diz que é o Zidane da política guineense, nós não temos e nem queremos ter o Zidane, que é velho e já afastado dos relvados, nós temos o Cristiano Ronaldo que é o melhor do mundo", afirmou Batista Té, candidato a deputado pelo Partido Republicano da Independência para o Desenvolvimento (PRID).

Té comentou as declarações de Baciro Dabó, dirigente e candidato a deputado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que disse ser o Zidane da política guineense, a ponto de se intitular Zidane Dabó.

"A partir de agora o meu nome completo é Baciro Zidane Dabo. Ou simplesmente Zidane Dabó", afirmou o dirigente do PAIGC, num comício da pré-campanha em São Domingos.

"O Baciro diz que é o Zidane, eu sou o Ronaldo. O Zidane é velho e o Ronaldo é novo e melhor do que o Zidane, que já pendurou as chuteiras. Mas, ainda vamos ver quem é o melhor durante a campanha, se é o Zidane ou se é o Cristiano Ronaldo", afirmou Ibraima Sori Djaló do Partido da Renovação Social (PRS), num comício popular em Farim.

A utilização dos nomes de craques do futebol nas acções de campanha é tanta, que em alguns casos alguns dirigentes e candidatos a deputado não são tratados pelos respectivos nomes de baptismo.

"Agora vai falar o Zidane Dabó", é desta forma que é anunciado o ex-ministro guineense da Administração Interna, nos comícios do PAIGC pelo interior do país. Batista Te, actual secretário de Estado da Energia, já é apontando como "Cristiano Ronaldo do PRID".

Graças aos ratos de esgoto que por aí andam
a blogosfera está, de facto, inundada de lixo

«Escrever um blogue hoje não é tão boa ideia como era há quatro anos porque a blogosfera se encheu de lixo», afirma Paul Boutin, especialista em Internet, na edição digital da revista Wired. Havendo por aí mais de 77 milhões... se calhar Paul Boutin até tem razão.

Que há na blogosfera lixo que se farta, disso não tenhamos dúvida. Aliás, de há muito que aqui no Alto Hama se diz que sob a conveniente capa da cobardia anónima, proliferam na Internet uns seres mentalmente acabados de chegar das copas das árvores, embora fisicamente já andem erectos e até tenham, em muitos casos, frequentado universidades.

Paul Boutin fala em lixo e, por muito que isso custe, são mesmo lixo.

A (des)propósito do que aqui escrevo, sobretudo quando falo de África em geral e de Angola em particular, da CPLP em geral e de Portugal em particular, verifico (tanto pelos comentários publicáveis como pelos gerados nas latrinas do nanismo dos autores) que é cómodo e barato ser anónimo... até mesmo quando se tem Carteira Profissional de Jornalista.

Na falta de capacidade intelectual para mais, toda a espécie de ratos de esgoto opina e comenta sem dar a cara, mostrando como é fácil atirar a pedra e esconder a pata. E, é claro, assim aumenta a lixeira.

Se é grave, de uma forma geral, esta cobardia, mais o é quando muitos destes actores de baixa (baixa, neste caso, é sinónimo de sarjeta) categoria integram a classe profissional dos Jornalistas, a tal que se diz contrária às fontes anónimas mas que, afinal, é ela própria um manancial de anónimos.

Compreendo que, refugiando-se no anonimato ou na intelectual forma de anonimato que dá pelo nome de pseudónimo, estejam mais à vontade para mostrar que para eles andar de pé é a mais sublime forma de ser alguém.

Reconheço, até porque é evidente nas esquinas que nos dobram a vida, que é uma evolução que ajuda a disfarçar o facto de, mentalmente, ainda estarem nas copas das árvores. No entanto, ainda faltam algumas gerações para que atinjam o nível dos Homens. Mas andam no meio deles e até com eles se confundem.

Habituados a viver na selva da ignorância transformada em autopanegírico, entendem que a razão da força (conseguida à custa de alguma habilidade histriónica para mimarem o que o chefe quer) é a única lei. Espero, contudo, que algum amestrador lhes ensine, mesmo que mostrando bananas ou ginguba, que nos países civilizados (Portugal parece estar cada vez mais longe dessa designação) o que conta é a força da razão, assumida de forma clara, com nome, com chipala.

Enquanto isso não acontece, continuarei a armar-me em idiota diante dos idiotas que se armam em inteligentes… e que estão a poluir, se calhar de forma irremediável, o planeta.

Haverá alguma coisa em que Santos Silva
não seja o mais sublime dos catedráticos?

Com excepção, por enquanto, do soba das ocidentais praias lusitanas a norte (embora cada vez mais a sul) de Marrocos, de seu nome José Sócrates, Augusto Santos Silva é o chefe de posto que sabe de tudo, que fala de tudo, que conhece tudo, que sabe mais do que todos os outros.

O Sócrates que não se cuide e, de um momento para o outro, verá Augusto Santos Silva dizer que sabe mais, que é melhor do que o primeiro-ministro.

Hoje, o mais mediático dono da verdade (por enquanto a seguir ao soba) foi a Esposende explicar aos militantes do PS as razões pelas quais o Orçamento de Estado é a obra prima do mestre Sócrates, claramente melhorada pela capacidade artística e histriónica de Santos Silva.

No seio da grande (diria incomensurável) liberdade socialista, ninguém se atreveu a dizer que o Orçamento é mais a prima do mestre de obras que quer engatar os portugueses para os levar para a cama de uma nova maioria.

Citando ipsis verbis Emídio Rangel, diria de Santos Silva “(…) não tenho o mínimo de consideração nem de respeito intelectual pelo saloio que detém no Governo a pasta da Comunicação Social”, acrescentaria que “só diz baboseiras” e ainda que nas suas atitudes impera “arrogância e pesporrência”.

Não digo mais porque, citando um grande Jornalista, Carlos Narciso, “há a necessidade absoluta de dar de comer aos filhos”.

E, já que estou em matéria de citações, faço minhas a palavras de Martin Luther King quando disse: "O que mais me preocupa é o silêncio dos bons".

Bons que, mesmo dentro do PS, continuam a querer dar de comer aos filhos, permitindo que Augusto Santos Silva nos passe um atestado de menoridade. É que, ao contrário do comum dos mortais, o homem diz-se catedrático em tudo. Na comunicação social, na educação, na cultura, na economia, nas finanças, no desporto lá está ele. Chiça!

Traficantes de droga são donos e senhores
de uma grande parte da África Ocidental

A África Ocidental está sob ataque dos traficantes de droga, com o crime organizado e o narcotráfico a "constituírem ameaças para a segurança e defesa" dos países, alertaram hoje responsáveis na Cidade da Praia, Cabo Verde. Não é, portanto, por falta de avisos que a praga ganha terreno.

A questão do tráfico de droga começou hoje a ser discutida na capital cabo-verdiana, com a presença de especialistas dos 15 países da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental), terminando na quarta-feira com a aprovação de um plano de luta contra o narcotráfico pelos ministros da Justiça e Administração Interna.

Plano de luta? Esperemos (certamente e mais uma vez, sentados) para ver se há alguém, ou alguma organização, disposta a passar das palavras aos actos.

Hoje, na sessão de abertura, Adrienne Diop, comissária da CEDEAO, salientou que a situação "é grave" e alertou para a "corrupção, intimidação, chantagem e violência" praticada pelos traficantes. Pelos traficantes propriamente ditos e, digo eu, pelos outros que ajudam à festa, embora na sombra.

É por isso que os participantes na conferência da Praia terão de encontrar uma "solução durável para o problema", sendo que, avisou, nos próximos anos, os responsáveis de todos os países serão julgados pelos resultados da reunião destes dias.

Julgados? Alguém será julgado? Ninguém, a não ser os elos mais fracos. Os tubarões da droga, tal como os seus homólogos que têm nas mãos o poder político e militar, nunca serão julgados. Mas, é claro, vale a pena tentar.

Da Praia, disse Adrienne Diop, vai sair um plano de acção regional. Terá de ser "uma solução durável" que ataque rapidamente o problema e que tenha um apoio sustentado da comunidade internacional, como acrescentou Francis Maertens, da divisão de operações da ONUDC (escritório da ONU para o combate à droga e criminalidade).

Marisa Morais, ministra da Justiça de Cabo Verde e anfitriã da reunião, na mesma linha, disse aos participantes que o combate ao tráfico de droga é um desafio que só pode ter sucesso "através de uma acção conjunta, porque o fenómeno ultrapassa fronteiras locais".

"É preciso reafirmar que as ameaças são globais, que o crime organizado já foi exclusivamente um problema interno" e que "os narcotraficantes elegeram a região (ocidental africana) como plataforma privilegiada" de trânsito de droga entre a América do Sul e Europa, disse a ministra.

E acrescentou: "a região oeste-africana está sob ataque. É verdade. Cresce a criminalidade violenta, aumenta o tráfico, as redes (de droga) usam a violência, a intimidação, a corrupção e a chantagem para levar a cabo as actividades criminosas".

Ou seja, disse, mais tráfico leva a mais consumo, a mais violência urbana, mais delinquência juvenil e mais insegurança nas cidades, com "consequências gravíssimas para o bem-estar social", comprometendo o desenvolvimento económico.

Marisa Morais salientou que o combate à lavagem de capitais "é das formas mais eficazes para combater o tráfico", atingindo os narcotraficantes "onde mais lhes dói", nos lucros que conseguem da venda de droga.

É exactamente isso. E por ser exactamente isso é que tudo vai continuar na mesma.

Segundo estimativas da ONU, pelo menos 25 por cento de toda a cocaína consumida na Europa em 2007 (140 toneladas) passou por esta região do Atlântico, apesar de ter aumentado o número de apreensões de droga em Cabo Verde mas também noutros países, como no Benin, na Mauritânia, no Senegal ou na Guiné-Bissau. Portugal e Espanha são os maiores pontos de entrada de cocaína na Europa, diz também um relatório da ONU.

sábado, outubro 25, 2008

"Há dinheiro do narcotráfico na campanha eleitoral". E, afinal, que mal é que isso tem?

O presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), principal força política da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, afirmou hoje que "há dinheiro do narcotráfico na campanha eleitoral" para as legislativas de 16 de Novembro. E?

"Só não vê quem não quer. Há dinheiro do narcotráfico nesta campanha eleitoral", acusou Carlos Gomes Júnior, no seu discurso de abertura da campanha do PAIGC em Bissau. E?

"Nós não somos tolos, sabemos que há dinheiro da droga na campanha eleitoral. Se formos governo, vamos acabar com o banditismo e o crime organizado neste país, podem ter a certeza disso", prometeu o presidente do PAIGC. E?

Carlos Gomes Júnior afirmou que se for eleito primeiro-ministro no dia 16 de Novembro irá promover uma ampla reforma no país, dotando as forças de defesa e segurança de meios para combater "todos os crimes" na Guiné-Bissau. E?

Por outro lado, Carlos Gomes Júnior, que prometeu vencer as legislativas com 80 por cento dos votos (ao estilo do grande irmão angolano, o MPLA), anunciou que irá realizar reformas nas Forças Armadas para que estas passem a ser republicanas.

"Queremos dotar o país de umas Forças Armadas republicanas que se submetem ao poder político democraticamente eleito. Por isso peço o vosso voto para que possamos vencer com 80 por cento de votos", disse Gomes Júnior, sublinhando que se for eleito primeiro-ministro formará um governo de competências "mesmo que tenha de ir buscar gente aos outros partidos". E?

O líder do PAIGC afirmou ainda que o seu partido "jamais aceitará" o presidencialismo na Guiné-Bissau, tal como têm defendido sectores próximos do presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira.

Recorde-se que o antigo primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Junior, chegou a dizer que “era impossível coabitar com “Nino” Vieira que não passava de um bandido e de um mercenário que traiu o povo".

E? E é a Guiné-Bissau ao seu melhor estilo, perante a indiferença da comunidade internacional, seja via ONU, União Europeia, CPLP ou qualquer outra coisa.

... e já vão mais de 35 anos

Não foi aqui que tudo começou, mas foi também por aqui que tudo passou. Neste dia, 5 de Junho de 1973, o “Olá! Boa Noite” publicou um trabalho meu sobre a exibição da peça “A Mordaça” levada à cena no Cine Teatro Ruacaná pelo grupo cénico do Liceu Nacional General Norton de Matos, de Nova Lisboa.

Embora chamado a votar com a barriga
o Povo merece que não se pare de lutar

Começa hoje, na Guiné-Bissau, o que se convencionou chamar de campanha eleitoral para algo a que a comunidade internacional teima em dizer que são eleições. Isto é, algo que pelos votos legitime a ditadura e permita a essa mesma comunidade internacional continuar a dormir descansade e, ao contrário do povo guineense, com a barriga (bem) cheia.

O Ocidente, e neste caso particular da Guiné-Bissau a Europa e sobretudo Portugal, sabe que África teve, tem e continuará a ter uma História de autoritarismo que, aliás, faz parte da sua própria cultura e que em nada preocupa os fazedores da macro-política que se passeiam nos areópagos dos luxuosos hotéis do mundo.

Apesar disso, teima-se em exportar a democracia “made in Ocidente”, sem ver que a realidade africana é bem diferente. Vai daí, pela força dos votos os ditadores chegam ao Poder, ficam eternamente no poder e em vez de servirem o povo, servem-se dele.

Mas será isso democracia? Por que carga de chuva ninguém se lembra que, por exemplo, na Guiné-Bissau as escolhas não são feitas com o cérebro mas com a barriga?

E é neste contexto que Nino Vieira volta a chegar a presidente e, tal como o seu homólogo, mentor e amigo Eduardo dos Santos e por lá vai ficar enquanto quiser.

Ninguém se lembra que Nino Vieira é só por si uma enciclopédia de corrupção? Ninguém vê que Nino foi o único histórico que enriqueceu depois da independência, tornando-se o homem mais rico de um país miserável?

Nino vendeu e comprou as melhores empresas do país (Armazéns de Povo, Socomin, Dicol, Titina Sila, Cumeré, Blufo, Bambi, Volvo, Oxigénio e Acetileno, etc., etc.), tornando-se sócio do presidente Lassana Conté, da Guiné-Conakry para melhor traficar, entre outras riquezas, os diamantes da Serra Leoa.

Recorde-se que o antigo primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Junior, chegou a dizer que “era impossível coabitar com Nino Vieira que não passava de um bandido e de um mercenário que traiu o povo".

Apesar de tudo isto, Nino foi eleito, como agora serão eleitos muitos outros da mesma laia, com os votos dos guineenses que votaram e até dos que não votaram.

Vamos voltar a ver que em alguns círculos eleitorais haverá mais votos nas urnas do que eleitores. Mas o que é que isso importa? Aos observadores (veja-se o recente caso de Angola) apenas interessa que se vote, nem que para isso se chamem os mortos.

Se os votos foram comprados, isso pouco interessa. Se os guineenses votam em função da barriga vazia e não de uma consciente opção política, isso pouco interessa. Se Nino Vieira é um problema para a solução e não a solução do problema guineense, isso pouco interessa.

Para quem vive bem, para quem tem pelo menos três refeições por dia, o importante é que os guineenses votem. Não importa o que vem a seguir, o que acontceu antes e o que está a acontecer agora. Não importa, embora todos saibamos que não vem nada de bom, e para essa conclusão basta ver o que Nino fez durante os muitos anos em que esteve, está e estará no comando do país.

Não será, aliás, difícil antever que o sangue do povo guineense voltará a correr. Mas o que é que isso importa? O que importa é terem votado...

sexta-feira, outubro 24, 2008

Tribunal de Contas está, obviamente, errado
- Governo do soba José Sócrates nunca erra!

Consultoras estatais adjudicaram trabalhos a consultores externos que custaram 43 milhões de euros em 2007, diz Tribunal de Contas do reino das ocidentais praias lusitanas a norte (mas cada vez mais a sul) de Marrocos. “É assim e pouca treta”, terá pensado José Sócrates, o soba do dito reino.

O Tribunal de Contas recomendou hoje ao governo que pondere se os 96 organismos consultivos da Administração Central deverão continuar a adjudicar serviços de consultadoria a entidades externas, que custaram 43 milhões de euros em 2007.

E ainda há quem não acredite na capacidade deste governo português em fomentar a economia e em criar postos de trabalho. Ponham os olhos no engenheiro “magalhães”, perdão, Sócrates.

No relatório hoje publicado, o Tribunal de Contas considera não ter ficado demonstrado que duplicação de custos constatada se "encontrasse justificada, em termos de boa gestão financeira". Pois. Mas isso é de somenos importância, como é óbvio.

Intitulado "Auditoria às Despesas de Consultadoria" do sector público administrativo, o relatório, coordenado pela juíza Maria José Brochado, recomenda também um "maior rigor na elaboração dos instrumentos previsonais de gestão", o que implica a a fundamentaçãodas "necessidades de recurso a serviços externos de consultadoria".

Sempre que os serviços públicos recorram a entidades privadas de consultadoria devem "mandar cumprir os princípios da concorrência, informação e transparência" e "ordenar o estrito cumprimento das normas legais que impõem o respeito pelos critérios da boa gestão dos recursos públicos", acrescenta.

Como disse? Princípios da concorrência, informação e transparência? Respeito pelos critérios da boa gestão dos recursos públicos? Ora, ora! Onde é que isso se viu, santo Deus!

Diz ainda o relatório que os serviços da Administração Central devem usar de "maior rigor no clausulado contratual" quando das adjudicações externas em matéria de consultadoria, de modo a "salvaguardar o interesse e a aplicação de dinheiros públicos" e a ser "mais penalizador no caso de incumprimentos das partes envolvidas".

Pois. Fiquemos por aqui... a bem da Nação!

Nota: Foto ximunada do:

Força de ocupação angolana enxovalha
e retira passaporte a padre de Cabinda

Após uma visita pessoal a Cabinda foi retirado o passaporte ao Padre Sevo no momento em que se preparava para regressar a Madrid. O sacerdote seria supostamente acusado de um crime em Cabinda... quando se encontrava em Madrid. A ditadura colonial do governo de Angola, bem executada pelos sipaios do MPLA e com a cobertura legal e petrolífera da comunidade internacional, mormente da CPLP e da ONU, continua a enxovalhar os mais elementares direitos humanos .

Leia mais em:
http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=21610&catogory=Angola

Cabinda é um tabu para Portugal

Se o o meu livro (“O problema de Cabinda exposto e assumido à luz da verdade e da justiça”) tem algum merecimento, não é, decerto, o seu valor literário ou artístico. De igual modo, não é pelo seu elevado nível científico ou pelo seu maravilhoso e extraordinário conteúdo que poderá obter algum êxito ou proveito.

É apenas o seu modesto contributo à divulgação e promoção da verdade e à busca (realização) da justiça que o povo de Cabinda quer e merece; ou seja, o seu único mérito são os valores que o inspiram e norteiam. Por intermédio deste livro, o Povo de Cabinda, uma vez mais, bate à porta de Portugal. Não para pedir uma esmola ou suplicar um favor, mas apenas para reclamar um direito que lhe assiste e não lhe pode ser negado.

Sabemos que o problema de Cabinda é um tabu para Portugal – o seu governo, as suas elites, a sua juventude. Apesar de tudo, é necessário que a questão seja suscitada, discutida calma e serenamente e as responsabilidades apuradas e assumidas sem preconceitos nem caça às bruxas, acusações ou insultos. Não só em relação a Portugal, mas também no que respeita a Angola e à própria Cabinda.

Esta pretensão decorre apenas da elementar exigência do “honeste vivere, nemine laedere, suum cuique tribuere”: a mais suméria, simples e indispensável racionalidade do direito.

Esta é a mensagem que nos últimos 33 anos, o povo de Cabinda tem tentado transmitir ao povo português. Infelizmente, ao nível de Lisboa, não tem encontrado interlocutor.

Há alguns anos, no limiar do novo milénio, o governo belga apresentou ao Povo da República Democrática do Congo desculpas formais e oficiais pelo seu envolvimento no assassinato de Petrice Lumumba, herói da independência daquele país africano e chefe do seu primeiro governo.

Para Cabinda, não é necessário que Portugal chegue a tanto: A este bastará apenas que proclame a verdade, dê o seu testemunho e ajude a comunidade internacional a encarar essa verdade, aplicando o direito que as regula (tanto a comunidade como a própria verdade ou situação que caracteriza e identifica o problema).

Não exigimos desculpas, nem mesmo as esperamos. Apenas exigimos a assunção da verdade e a realização da justiça, para o bem de todas as partes: De Cabinda, é verdade; mas também de Angola, de Portugal e da própria comunidade internacional, apostada em promover e garantir a democracia, favorecer o desenvolvimento e preservar a paz e a segurança internacionais, assegurando a igualdade de todos os povo, grandes e pequenos, fazendo respeitar os seus direitos e permitindo a realização das suas justas aspirações.

Cabinda é o único povo do planeta a quem é negado, sistemática e terminantemente, a compreensão, a amizade e a solidariedade. O único povo cujos direitos são calcados aos pés pela comunidade internacional. O único que, contra o direito e a lógica, é empurrado para soluções extremas, paradoxalmente, aquelas que são unanimemente condenadas e combatidas. Será que se quer um pretexto para eliminar os cabindas da face da terra?

Depois de 33 anos de mortes, é necessário que venha a ressurreição. É forçoso virar a página.

Nota: Artigo de Francisco Luemba publicado em:

http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=21607&catogory=Manchete

Lusofonia Sem Fronteiras

A Plataforma «Lusofonia Sem Fronteiras» nasce da necessidade de reestruturar o diálogo acerca da lusofonia, forçando o poder político a agir de acordo com um princípio que é enunciado mas não é colocado em prática.

A lusofonia é muito mais do que as estratégias comerciais e políticas dos países da CPLP, e tem uma dimensão cultural maior do que a velha exportação portuguesa para os países de língua portuguesa. Há hoje o caldo social e cultural necessário para se falar de uma nova identidade lusófona, feita de contactos culturais e humanos, em condições diversas, inconsciente mas profundamente dinâmica.

É forçoso redefinir as estruturas de análise da lusofonia e dotá-la de verdadeiros programas políticos capazes de fortalecer verdadeiramente o espaço lusófono, sem perpetuação das estruturas de base.

A Plataforma «Lusofonia Sem Fronteiras», projecto político, social e cultural da Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira, propõe-se a abordar os seguintes temas essenciais:

# redefinição da identidade portuguesa à luz da experiência interracial e intercultural de que a lusofonia é palco. Portugal, país de origem da lusofonia vive hoje uma dinâmica alteração da sua identidade-base, fruto da imigração africana e brasileira que vêm alterar os padrões de consumo artístico, a linguística, a gastronomia, a fé, a música, e a expressão básica de vivência social.

# tratamento igual e liberdade de vivência religiosa em Portugal. As manifestações religiosas de tradição afro e afro-brasileira não merecem a necessária atenção dos sucessivos governos, extremamente regulados pela tradição cristã. Enquanto Estado de Direito Portugal peca no campo de garante da igualdade religiosa. Necessária adequação dos programas escolares e académicos para o estudo e compreensão da diversidade religiosa.

# Os media necessitam de estar mais atentos ao conceito da lusofonia, abrindo as suas portas ao diálogo e debate reflexivo em torno das temáticas da nova identidade lusófona e espaço partilhado.

# diplomacia lusófona tem de abrir as suas portas ao diálogo intercultural e não tão somente às parcerias político-estratégicas. Os representantes legais dos países da CPLP em Portugal, têm o dever de promover iniciativas que visem abordar a reconstrução do espaço cultural e identitário lusófono, cabendo recuperar atavismos culturais antigos e trazê-los para o presente como matéria de diplomacia.

# A História de Portugal contada aos jovens não inclui a verdadeira miscigenação étnica e cultural. É fundamental introduzir na disciplina de português o estudo de Machado de Assis e Mia Couto, entre tantos outros, por forma a formar uma verdadeira consciência literária lusófona, à imagem do que acontece no Brasil. O ensino de formação cívica deve conter a promoção do diálogo intercultural, formando cidadãos livres de preconceitos.

Estas e outras matérias lusófonas estarão em reflexão no endereço electrónico:
e constituem-se como matéria essencial do debate para uma nova lusofonia construtiva. Vamos fazer a diferença, vamos criar um espaço de partilha positiva! Junte-se ao LSF! Vamos criar um movimento de verdadeira acção cultural lusófona!