segunda-feira, abril 30, 2012
domingo, abril 29, 2012
Kadhafi, Sarkozy e outros que tais!
Ao que
parece o regime de Muammar Kadhafi aceitou em 2006 financiar com 50 milhões de euros a campanha de Nicolas
Sarkozy às presidenciais de 2007.
No dia 29 de
Novembro de 2011 escrevi aqui (onde mai poderia ser?) que a morte de Muammar
Kadhafi, bem como dos seus principais colaboradores, seria uma bênção para os
donos do mundo.
Isto porque,
explicava, com tais mortes ninguém iria saber os negócios do líder líbio com
alguns dos seus grandes amigos que, como José Sócrates, o consideravam um
“líder carismático”.
Também não
deixava de ter piada que a família de Muammar Kadhafi, a que restar, apresentasse, como disse que o faria, uma
queixa no Tribunal Penal Internacional
contra a NATO por "crimes de guerra".
Independentemente
do facto de Kadhafi ter merecido, na
minha opinião, morrer não uma mas uma dúzia de vezes, o que a NATO fez na Líbia
(mas que não fará noutros países com ditadores bem mais facínoras) foi o
exemplo acabado de que os donos do mundo conhecem a razão da força mas nunca
ouviram falar da força da razão.
O antigo
líder líbio, de 69 anos, que fugira de Tripoli em finais de Agosto do ano
passado, foi capturado vivo (bem vivo, aliás) perto de Sirte (a 360 quilómetros
da capital) e assassinado a tiro.
Que se
saiba, embora não se tenha a certeza, não foi a NATO a dar o tiro de
misericórdia a Kadhafi, embora todos tenham ficado a lucrar com o silêncio
definitivo do líder líbio.
Certo foi
que foram os aviões da NATO que dispararam contra a coluna de veículos em que
seguia Kadhaf.
Embora o
homicídio voluntário seja um crime de guerra previsto pelo artigo 8 do Estatuto
de Roma do Tribunal Penal Internacional, a NATO sempre dirá que naquele
situação Kadhafi continuava a constituir
uma ameaça para a Líbia, se calhar até para África ou, quem sabe, para o mundo
inteiro.
Inicialmente
dizia-se que a NATO estaria na região para, além de atirar a pedra e esconder a
mão, proteger a população, excluindo sempre o objectivo de derrubar regime.
Como logo se
viu, era uma treta como qualquer outra. Alguns países da NATO inundaram os
rebeldes com todo o tipo de armas, deram-lhes instrução, planearam os ataques e
coordenaram as acções com a Força Aérea da Aliança Atlântica. Tudo, é claro,
para defender as populações e nunca para derrubar o regime.
Do lado da
NATO estão, como sempre acontece com os vencedores, uma série de países, nem
todos de forma sincera. Não será o caso dos europeus mas é, com certeza, o caso
de muitos estados árabes que, com medo do cão raivoso, aceitaram (mesmo que
contrariados) a ajuda do leão.
Quando se
aperceberem (alguns já se aperceberam), o leão terá derrotado o cão e
preparar-se-á para os comer a eles. O leão, como mais uma vez se confirma, não
terá necessariamente de ter nacionalidade norte-americana.
Aliás, os
homens do tio Sam são especialistas em criar leões onde mais lhes convém. Em
certa medida Osama bin Laden, tal como Saddam Hussein, como Muammar Kadhafi, foram leões “made in USA”. Ao contrário do que pensam os ilustres
operacionais da NATO, do FBI da CIA ou de qualquer coisa desse tipo, ninguém
tem neste planeta (pelo menos neste) autoridade e poder ilimitados.
Os maus da
fita, segundo os realizadores da NATO,
poderão não ter a mesma capacidade bélica do que os EUA e seus aliados.
Vão ser, continuam a ser, humilhados, sobretudo pelo número dos mortos que o
único erro que cometeram foi terem nascido.
São as leis
da razão? Não. São as leis dos instintos. Instintos que vão muito além das leis
da sobrevivência. Entram claramente (tal como entrou Bin Laden ou Muammar
Kadhafi) na lei da selva em que o mais forte é, durante algum tempo, mas nunca
durante todo o tempo, o grande vencedor.
Seja como
for, o Mundo Árabe só está do lado dos países da NATO por questões
estratégicas, por opções instintivas. Bem ou mal, em matéria de razão, os
árabes estão com os seus... e esses não são os nossos...
Pelo menos
desde a Guerra dos Seis Dias, a aprendizagem dos árabes tem sido notável.
Aceitam o que os donos do mundo definem como inimigos, enforcam até os seus
pares com a corda fornecida pelo Ocidente, mas, na melhor oportunidade, vão
enforcar americanos e europeus com a corda enviada de Nova Iorque, Paris ou
Londres.
Às vezes os jornalistas são notícia
Um
jornalista francês desapareceu ontem no sul da Colômbia, na sequência de um
ataque da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) contra
o exército.
Os jornais
portugueses, e bem, deram destaque à notícia do desaparecimento de Romeo
Langlois, que acompanhava uma patrulha na região de Caquetá, no sul da Colômbia
onde ocorreu o ataque.
Residente na
Colômbia, Romeo Langlois foi referido como correspondente de guerra e
colaborador de jornais como o francês "Le Figaro".
Em Portugal,
no entanto, ninguém noticia o desaparecimento, nos últimos anos, de centenas de
jornalistas portugueses devido aos ataques de empresários criminosos, de
governos corruptos, de estratégias de silenciamento total de todos aqueles que
ousam pensar pela própria cabeça.
De facto, o
jornalismo em Portugal está em acelerado estado de putrefacção e a caminho da
extinção. É que, julgo eu, não basta trabalhar numa Redacção para se ser
jornalista. Conheço, aliás, muitos que quanto mais trabalham nas Redacções mais
se afastam do Jornalismo.
Os jornais
(é claro que também as rádios e as televisões) não são um produto feito à
medida dos jornalistas e/ou dos consumidores mas, isso sim, dos empresários.
São, cada vez mais, um negócio ou, melhor, uma forma de comércio. São apenas
mais um produto em que os seus fazedores (na circunstância catalogados de
jornalistas) são escolhidos à e por medida.
Ou seja,
basta ter dinheiro para ser dono de um jornal, basta ter um jornal para lá
mandar pôr o que muito bem entender, sejam as fotografias da sogra, do rafeiro
ou da amante.
Os
jornalistas, mais do que informar, mais do que formar, têm de vender. Vender,
vender sempre mais. E quem sabe o que fazer para melhor vender não são, na
maioria dos casos, os jornalistas.
Os
jornalistas são os montadores que, de acordo com o mercado, alinham as peças de
um crime, de um comício, de um atentado ou de um buraco na rua. Se o que vende
é dar uma ajuda ao partido do Governo, são essas as peças que têm de montar,
nada contando a teoria da isenção que é tão do nosso teórico agrado.
Se o que
vende é divulgar os produtos da empresa «X», são essas as peças que têm de
montar, passando por cima do facto de essa empresa eventualmente não pagar os
salários aos seus trabalhadores, promover criminosos despedimentos ou apostar
no trabalho infantil.
Se o que
vende é dar cobertura às ditaduras (sejam as de Bashar al-Assad ou José Eduardo
dos Santos), são essas peças que têm de montar, calibrando-as da forma a
parecerem dos melhores exemplos democráticos.
Pouco
importa tudo o resto.
Assim sendo,
as linhas de montagem não precisam de jornalistas. Tudo o resto são cantigas,
tenha a classe uma Ordem ou apenas, como agora, um Sindicato. Tenha o país um
governo eleito ou não, seja ou não uma democracia, chame-se Portugal ou Burkina
Faso.
Todos este
jornalistas, como sempre foi, é e será desejo dos diferentes poderes existentes
em Portugal, sobretudo os políticos e os económicos, estão agora (os que ainda
a têm) a pensar com a barriga.
Apesar de
serem de Maio de 2009, não me esqueço que o Carlos Narciso (um dos mais probos
jornalistas de língua portuguesa) dizia que não ia à feira do livro “porque o
subsídio de desemprego é manifestamente curto para dar de comer à família e
ainda conseguir comprar livros”.
Carlos
Narciso, considerado pelo Notícias Lusófonas (opinião que subscrevo) como “um
excelente Jornalista, dos mais conhecidos e respeitados em todo o espaço
lusófono”, dizia também que “há uma ideia romantizada do que é jornalismo e, nessa
ideia, não entram conferências de imprensa enfadonhas, passar meses e anos a
escrever pequenas notícias, a frustração de ver oportunidades passar ao lado, a
mediocridade premiada, enfim, o dia-a-dia de muitas redacções”.
Também em
Maio de 2009, Alfredo Maia – presidente do Sindicato dos Jornalistas - salientava
que ainda que a liberdade de imprensa esteja, "do ponto de vista formal,
assegurada", há "problemas graves" no jornalismo português.
Alfredo Maia
salientava então (e desde então a situação piorou que a "ameaça de
desemprego" que paira sobre alguns conjuntos de profissionais e a
"precariedade", que atinge "novos e antigos profissionais",
são os principais desafios à "autonomia" da imprensa hoje em dia.
Compreendo
que como jornalista assalariado e, portanto, igualmente sujeito à ameaça de
desemprego, o Alfredo Maia não possa dizer mais. Fica, contudo, um travo amargo
porque de um presidente de um sindicato esperava mais. Muito mais.
Já para o
então sub-director do jornal Público, a falta de liberdade de expressão passa,
no Ocidente, muito mais, por um "tipo de controlo de opinião, que é feito
de uma forma muito mais subliminar".
Segundo
Amílcar Correia, esse controlo acontecia (acontece) sob a forma de
"condicionamento económico dos órgãos de informação", pela
"pressão de fontes" e anunciantes, que "num cenário de alguma
crise nos media", podem conseguir ter "alguma influência no editorial
das respectivas publicações".
Os leitores
aqui do Alto Hama certamente que se lembram de já ter lido algo semelhante. E
de o ter lido desde há muito tempo e por várias vezes.
Sobre os
eventuais excessos derivados da "falta de sensatez e de bom senso"
dos jornalistas, Amílcar Correia entende que "a ausência da liberdade de
expressão é sempre pior", portanto, "é preferível o excesso de
liberdade de imprensa à total ausência de liberdade de expressão".
Aliás, todos
sabem que, no reino lusitano, não faltam exemplos de casos onde os jornalistas
são “voluntariamente obrigados” a pensar com a barriga.
"Só com
jornalistas usando plenamente os seus direitos e garantias existe jornalismo
verdadeiramente livre e responsável", destacava Alfredo Maia, certamente
pensando nas centenas de jornalistas que nos últimos anos foram obrigados a ir
para o desemprego. Tudo, é claro, a bem de uma nação que acaba de instituir a
escravatura como forma de, dizem eles, evitar a falência.
A História (também) é feita com memória
Ontem estive
no “II Encontro de Gerações JN” que decorreu em Coimbra sob a batuta do Jorge
Castilho.
Entre
outros, reencontrei o Álvaro Faria, Armando Miro, Artur Miranda, Aurélio Cunha,
Carlos Naia, Carlos de Sousa, César Príncipe, Costa Carvalho, Manuel Correia, Manuel Gomes de Almeida, Manuel
Luís Mendes, Manuel Neto da Silva, Maria Alice Rios, Onofre Varela e o Pereira
de Sousa.
E por falar
em “gerações JN”, nada como recordar, na íntegra, o “Manifesto pelo último
grande jornal da cidade do Porto”, publicado há pouco mais de três anos:
“Há um só
jornal de dimensão nacional sedeado fora de Lisboa, o “Jornal de Notícias”,
resistente último à razia que o tempo e as opções de gestão fizeram na Imprensa
da cidade do Porto. Todavia, nunca a precariedade dessa sobrevivência foi tão
notória como hoje, sendo
tempo de todas as forças vivas da sociedade reclamarem contra o definhamento da
identidade de uma instituição centenária que sempre as representou, passo
primeiro para a efectiva e irreversível extinção.
Desde sempre
duramente penalizado pela integração em grupos de Comunicação Social, pois
sempre foi impedido de viver à medida das audiências e dos resultados, o Jornal de
Notícias tende a ser profundamente descaracterizado pela remodelação que o
Grupo Controlinveste encetou, ao lançar um processo de despedimento colectivo que afectou, para já,
122 pessoas em quatro dos títulos de que é proprietário.
São cada vez
mais nítidos os indícios de que o referido grupo económico está a usar a crise
para levar a cabo uma reestruturação, longamente pensada, que, através da
criação de sinergias, destruirá a identidade dos dois jornais centenários de
que é proprietário: o JN e o “Diário de Notícias”. Se o processo não for travado, os dois jornais,
mesmo que mantenham cabeçalhos diferenciados, serão apenas suportes de conteúdos sem alma. A
ideia não é nova e, com a concentração dos media e com alterações legislativas
feitas à medida, está em pleno curso.
É agora
prática corrente a figura do ”enviado notícias”, jornalista de um dos dois títulos em serviço no estrangeiro, que vê a sua
reportagem (ipsis verbis) publicada em ambos, ainda ontem concorrentes, mesmo
que integrados no mesmo grupo. Foi agora criada, à custa do despedimento de
fotojornalistas, uma agência fotográfica cujos membros integrantes trabalharão,
indiscriminadamente, para os jornais “Diário de Notícias”, “24Horas” e “O Jogo” (o JN
entrará logo depois nesse esquema, a primeira grande machadada nas matrizes
identitárias das publicações).
O resto virá
a seguir. Os jornais do Grupo Controlinveste passarão a ser, não importa se sob
uma ou várias marcas, veículos de um pensamento unificado. Pensando apenas em
optimização de recursos, descaracterizam-se redacções e nada impedirá, como
acabou de suceder no JN com a informação internacional, que secções sejam
extintas, uma vez que, nesta visão redutora, um só jornalista chegará para
alimentar quantos jornais e páginas da Internet for necessário. A prática que
se adivinha está já em curso na informação desportiva, em que JN e “O Jogo” partilham
trabalho jornalístico.
Com a
solidificação deste assustador processo, será o JN o mais penalizado e, com
ele, a cidade do Porto, todo o Norte do país, vastas extensões da região Centro
e, por conseguinte, a própria qualidade da democracia portuguesa. Toda esta estratégia
está a ser desenhada à distância, integrando-se nela a recuperação, há menos de
um ano, do cargo de director-geral de publicações, entregue ao director do “Diário de Notícias”.
Não importa a qualidade boa ou má dos propósitos, apenas que a estratégia do JN vem sendo traçada por
pessoas que desconhecem por completo a história, o papel social, o estilo, os
leitores ou os agentes sociais que ao longo de décadas tiveram neste jornal a
sua voz.
Cada vez
mais, o JN deixará de ser a montra dos problemas e dos anseios de vastas zonas
do país (o fecho e o emagrecimento de filiais são paradigmáticos). Com isso,
haverá um crescente isolamento de regiões que o centralismo tem colocado cada
vez mais na periferia. Com isso, o debate sobre a regionalização será restrito
e controlado pelo espírito centralista. Com isso, questões como o peso do Porto
e do Norte no Noroeste Peninsular serão menorizadas. Problemas como o da gestão
do Aeroporto Francisco Sá Carneiro serão menos discutidos. A progressão da rede
de metro do Porto será menos reclamada. O poder local será ainda mais
invisível. O empreendedorismo será asfixiado. A vida cultural será ainda mais
silenciada. O país exterior à capital será cada vez mais paisagem.
Em sede
própria, estão os trabalhadores afectados pelos despedimentos (não apenas
jornalistas), muitos deles em situações dramáticas, a lutar pelos direitos que
lhes assistem. Aqui, é o jornal que luta pela própria existência. Dentro dos
deveres que lhes são impostos, os representantes eleitos pelos jornalistas do “Jornal de Notícias”
erguem a voz pela história que lhes cumpre honrar, pedindo que se lhes juntem
as vozes de quantos virem na preservação desta identidade uma causa justa.
A cidade do
Porto e o Norte assistiram, calados, ao desmantelamento de ícones como “O Primeiro de
Janeiro” e “O Comércio do Porto”. Quando reclamaram, era tarde. No caso do JN
vão ainda tempo de exigir responsabilidade e sensatez. Quando perceber que o
fim de tudo foi assim evitado, também o Grupo Controlinveste agradecerá, e é por isso que reclamamos a
recuperação urgente do verdadeiro JN. Nacional mas do Porto.”
sexta-feira, abril 27, 2012
E que tal aprender com Passos Coelho?
O economista
e vencedor do prémio Nobel, Joseph Stiglitz, afirma que a Europa está numa
situação complicada devido às medidas de austeridade que estão a empurrar o
continente "para o suicídio".
Vê-se bem
que o homem não percebe nada da matéria. Bastar-lhe-ia falar com o
primeiro-ministro de Portugal para perceber que, afinal, é exactamente ao
contrário.
Tão ao
contrário que o governo português já não aplica a austeridade a cidadãos como António
Mexia, presidente executivo da EDP, que recebeu uma remuneração 1,04 milhões de
euros no ano passado, um valor em tudo semelhante ao auferido em 2010.
Tão ao
contrário que o governo português já não aplica a austeridade a cidadãos como Cavaco
Silva, Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro,
Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira
Amaral, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista,
Ascenso Simões, Faria de Oliveira ou Eduardo Catroga.
“Nunca houve
um programa de austeridade bem sucedido num país grande", declarou ontem o
economista aos jornalistas, em Viena, e hoje citado hoje pela agência
Bloomberg.
Aí está uma
colossal diferença. Portugal é um país pequeno e, ao contrário dos grandes, tem
a vantagem de um dia destes ser resgatado do fundo e emergir ali para os lados do
Norte de África.
Se a Grécia
fosse o único país europeu a aplicar medidas de austeridade, os responsáveis
europeus poderiam ignorá-lo, considerou Stiglitz, "mas com o Reino Unido,
a França e todos estes países a sofrer a austeridade é como se fosse uma
austeridade conjunta e as consequências económicas vão ser duras".
Nada disso. Joseph
Stiglitz deveria reparar que Passos
Coelho disse (ainda não era primeiro-ministro, mas foi com isso que lá chegou)
“aceitarei reduções nas deduções no dia em que o governo anunciar que vai
reduzir a carga fiscal às famílias. Sabemos hoje que o Governo fez de conta.
Disse que ia cortar e não cortou. Nas despesas correntes do Estado, há 10% a
15% de despesas que podem ser reduzidas”.
Embora os
líderes da zona euro "tenham percebido que a austeridade por si ó não
funciona e que é preciso crescimento", não houve ações nesse sentido
"e o que acordaram fazer em dezembro é uma receita para garantir que vai
morrer", afirmou Joseph Stiglitz referindo-se ao euro.
E
acrescentou: "A austeridade combinada como os constrangimentos do euro é
uma combinação fatal".
Stigltiz
admite uma zona euro de "um ou dois países", constituída pela
Alemanha e possivelmente a Holanda e a Finlândia, como "o cenário mais
provável se a Europa mantiver a abordagem de austeridade" que levará a
altos níveis de desemprego, como o de Espanha que atinge 50 por cento nos
jovens desde a crise de 2008, "sem esperança de melhorias nos próximos
tempos".
"O que
estão a fazer é destruir o capital humano, estão a criar jovens
alienados", alertou Joseph Stiglitz. Será que essa dos jovens alienados
era dirigida a Passos Coelho? Fica a dúvida para uns e a certeza para a
maioria.
Para
impulsionar o crescimento os líderes europeus terão, segundo Joseph Stiglitz , de
redirecionar as despesas públicas para "utilizar ao máximo"
instituições como o Banco Europeu de Investimento e introduzir impostos que
melhorem o desempenho económico.
Para que Joseph
Stiglitz não continue a dizer asneiras,
aui fica parte da receita de Passos Coelho: “Vamos ter de cortar em gorduras e
de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos
cidadãos. Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm
mais terão que ajudar os que têm menos”.
Ou ainda, “queremos
transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o
Estado. Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o
que assina em nome de Portugal”.
Mas também,
“se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o
consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir
que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o
sistema português”.
Além do
mais, “já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês,
mas nós nunca falámos disso e é um disparate.”
Seja feita a vontade do soba maior!
Durante a
última campanha eleitoral em Angola, que deu mais de 80% dos votos ao MPLA, o
partido de José Eduardo dos Santos prometeu a construção de um milhão de novas
casas e a criação de milhões de novos empregos.
Além disso,
como poucos se recordam, como cada vez menos se recordam, como ainda menos
estão interessados em recordar, prometeu aos angolanos o fim da exclusão
social, a consolidação da democracia e a restauração dos valores morais.
E assim,
vários projectos habitacionais estão em curso, ou em vias disso, ou em vias de
estar em vias, em todo o país, seja por iniciativa pública, seja privada (no
caso de Angola não sei bem qual é a diferença).
O Governo do
MPLA mantém que a construção de habitações sociais é uma das prioridades. Se
calhar é por isso que a maior parte dos projectos habitacionais decorrem em
Luanda onde, segundo revelou em tempo útil o Notícias Lusófonas citando o
próprio ministro o Urbanismo e Construção, faltam 1,7 milhões de habitações.
Os projectos
localizados nos municípios do Kilamba Kiaxi, Cacuaco, Viana (Zango) e quilómetro
44 são os mais conhecidos, diz o próprio “Jornal de Angola”, pormenorizando que
o complexo habitacional do Kilamba Kiaxi vai beneficiar 160 mil habitantes, com
a conclusão de 20 mil apartamentos, até 2011.
No projecto
do Quilómetro 44, diz o JA, estão a ser erguidas duas mil casas, cujos
beneficiários, na sua maioria, serão os funcionários do futuro aeroporto de
Luanda.
Continuando
a citar o órgão oficial do Governo, o projecto do Cacuaco vai ser construído em
três fases e no final tem 30 mil apartamentos, em prédios de cinco a 11
andares, estando agora em fase de execução dez mil apartamentos que ficarão
prontos em dois anos e meio.
Saindo da
capital, no Huambo está em execução um projecto habitacional que contempla a
construção de 130 moradias, num investimento de 500 milhões de dólares.
Na Huíla, 25
mil novas casas de renda económica são construídas a partir deste ano. Numa
primeira fase vão ser edificadas na cidade do Lubango mais de duas mil
habitações, e outras mil nos municípios da Matala e da Chibia.
A região
Leste - províncias do Moxico, Lunda-Norte e Lunda-Sul -, vai beneficiar de 28
mil habitações sociais. O projecto compreende a construção de 20 mil casas na
cidade do Dundo (Lunda-Norte), cinco mil em Saurimo (Lunda-Sul) e três mil no
Luena (Moxico).
E enquanto
esperam, sentados à porta da cubata, os angolanos ficam a pensar no facto de
Angola figurar na lista dos países africanos que apresentaram uma grande taxa
de crescimento económico, tendo como motor a extracção do petróleo. Ficam,
também, a meditar na certeza de que os moradores em bairros de barracas são a
maioria, mais de 80 por cento da população urbana.
Recordam-se,
por mero acaso – é óbvio, que segundo revelou em 2009 a organização
não-governamental Parceria África-Canadá (PAC), uma sociedade de generais
angolanos ganhou perto de 120 milhões de dólares (83 milhões de euros), nos
últimos dez anos, com uma participação “silenciosa” no negócio dos diamantes?
Na Revista
Anual da Indústria dos Diamantes 2007 dedicada a Angola, a ONG afirmava que
abundam por todas as regiões mineiras angolanas casos como o da “Lumanhe
Extracção Mineira, Importação e Exportação”, em que empresas “aliadas do
governo” impõem a sua presença em projectos de exploração, um negócio que
deverá render vários milhares de milhões de dólares nas próximas décadas.
“Na corrida
para conseguir uma parte da indústria angolana de diamantes, a Lumanhe
demonstrou ser extremamente afortunada, captando uma participação de 15 por
cento nos projectos aluviais de Chitotolo e Cuango, e uma participação de
percentagem semelhante no projecto de exploração em Calonda”, afirmava o
relatório.
A empresa
tem como sócios António Emílio Faceira, Armando da Cruz Neto, Luís Pereira
Faceira, Adriano Makevela McKenzie, João Baptista de Matos e Carlos Alberto
Hendrick Vaal da Silva, cinco dos quais generais das Forças Armadas de Angola.
De acordo
com a PAC, o rendimento anual da “empresa dos generais” passou de cinco milhões
de dólares em 1997 para 22 milhões de dólares em 2006.
No total, o
rendimento no período foi de 120 milhões de dólares, o equivalente a dois
milhões de dólares por general, por ano.
“Os investidores
estrangeiros que actuam em Angola parecem ter incluído essas transferências de
dinheiro simplesmente como fazendo parte dos custos de negociação. Contudo, ao
reivindicarem cinco a 25 por cento de cada projecto, essas empresas aliadas do
governo não estão a tirar dinheiro ao governo ou aos investidores. É o povo
angolano que paga o preço”, afirmava.
“A pergunta
fundamental”, dizia a ONG, é “o que os angolanos poderiam ter feito com esse
dinheiro”, que equivale ao necessário para construção de cem hospitais
provinciais como o do Dondo, capital da Lunda Norte, no valor de 1,25 milhões
de dólares.
“Os 120
milhões de dólares recebidos pelos generais dariam para construir 150 escolas e
pagar a 800 professores um salário mais digno de 300 dólares todos os meses
durante 25 anos, sobrando ainda dinheiro para giz, papel e canetas”, afirmava a
PAC.
De acordo
com a ONG, existem um pouco por todas as regiões produtoras de diamantes
“projectos de mineração onde as empresas angolanas apoiantes do governo retiram
a sua parte”.
Entre as
recomendações da ONG ao governo angolano estava a realização de leilões ou
licitações para atribuição das participações em sociedades mineiras, e que os
ganhos destes sejam encaminhados para projectos sociais nas regiões
diamantíferas.
“O governo
angolano e a Endiama devem deixar de oferecer grandes percentagens dos
projectos de sociedade conjunta às empresas angolanas apoiantes do governo.
Todos os vínculos nominais que existem entre as áreas de concessão e as
empresas angolanas deveriam ser cancelados”, defendia o relatório.
Além disso,
adiantava, o executivo e a Endiama deve “trabalhar a questão da distribuição
dos benefícios do sector diamantífero angolano», uma vez que os beneficiados
actualmente resumem-se ao governo, empresas e aos amigos do governo, «e pouco é
retribuído aos moradores das regiões que produzem diamantes”.
Conclusão?
Nas próximas eleições, se as houver, o MPLA via ter bem mais do que 80% dos
votos…
quinta-feira, abril 26, 2012
Mário Soares diz, com toda a razão, que já teve protagonismo suficiente no passado!
O antigo
Presidente da República Mário Soares disse hoje que na sua idade protagonismo é
coisa que não lhe interessa muito, considerando que já teve "o suficiente
no passado".
Questionado
sobre a crítica indirecta que o primeiro-ministro lhe fez na terça-feira,
quando disse estar habituado a que algumas figuras políticas queiram assumir
protagonismo em datas especiais, Mário Soares começou por dizer que se tratou
de uma frase de Passos Coelho que não queria comentar.
Perante a
insistência dos jornalistas, no final de uma conferência organizada pela
revista Visão intitulada "Conversas às quintas com a Visão", que
decorreu no Museu da Electricidade, o antigo chefe de Estado acabou por referir
que na sua idade já não está muito interessado em protagonismo.
"Cheguei
a uma idade em que protagonismo já não é uma coisa que me interesse muito, como
imagina. Já tive o suficiente no passado", declarou, recusando, contudo, a
ideia de ter ficado "zangado" com as palavras do primeiro-ministro.
A acusação
indirecta de Passos Coelho foi feita quando questionado sobre a decisão de
Mário Soares e de Manuel Alegre de não comparecerem nas comemorações oficiais
do 25 de Abril em solidariedade com a Associação 25 de Abril, que integra
alguns dos chamados 'capitães de Abril' e esteve ausente da cerimónia no
Parlamento por estar contra a política seguida pelo Governo.
As armas e os ladrões assinalados
A Polícia de
Segurança Pública de Portugal afirmou hoje que existem no país mais de 1,4
milhões de armas legais, tendo sido emitidas em 2011 perto de 21 mil novas
licenças de uso e porte de armas.
Tirando as
legais, quer-me parecer que o número das ilegais até dava para começar uma
revolução. Aliás, se calhar ainda há algumas em boas mãos do tempo do próprio PREC
de 1974.
O relatório
do Departamento de Armas e Explosivos da PSP revela ainda que a maior parte das
novas licenças diz respeito a armas de caça, tendo sido emitidos 11.777 dos 20.845
pedidos de licença efectuados no ano passado.
Não sei se
não há mais caçadores do que caça, razão pela qual me parece que a finalidade
de muitas delas possa ser, um dia destes, fazer justiça pelas próprias mãos. Em
desespero, os escravos são capazes de puxar o gatilho. E como há cada vez mais
escravos, ainda por cima esqueléticos…
Eu sei, por
exemplo, que os reformados não precisam de aumentos nas pensões e que bem podem
viver sem 13º e 14º mês. Aliás, não pagam não pagam a luz, o gás, as rendas, os
remédios como todas as outras categorias.
Estarão, por
isso, fora dos que podem pegar em armas. Pelo contrário, os deputados, os juízes,
os ministros, os gestores do que é público etc. têm de trabalhar duro para conseguir o pouco
que têm. Se calhar estes vão querar fazer justiça.
O
Departamento de Armas e Explosivos da PSP, que pela primeira vez faz um
relatório anual da sua actividade, indica também que foram apreendidas ou
entregues em 2011 uma média de 18 armas de fogo por dia, num total de 4.150
apreensões.
Os
portugueses são, de facto, um povo pacato. Até entregam as armas que, salvo
melhor opção, poderiam servir para ajudar o seu pobre país a produzir riqueza
em vez de ricos.
No ano
passado a PSP apreendeu também 233.447 quilos de explosivos nas 2.057
fiscalizações realizadas junto de locais de fabrico, depósito e consumo de
explosivos. Que chatice. Ao ritmo a que os portugueses entregam as armas e com
a apreensão de explosivos será difícil, creio, levar os donos do reino a
perceber que quando a força da razão não resulta, a única opção é mesmo a razão
da força.
As armas e
os ladrões assinalados / Que na ocidental praia lusitana, / continuam a
explorar os desgraçados / neles vendo uma casta insana.
quarta-feira, abril 25, 2012
Não resultou na Suíça, mas em Portugal o Governo garante a pés juntos que dará certo
Uma mulher
morreu à fome na Suíça após ter seguido uma dieta que exigia que deixasse de
comer ou beber, e que vivesse apenas de luz do sol.
Diz o jornal
suíço "Tages-Anzeiger" que a mulher, que teria à volta de 50 anos,
decidiu seguir uma dieta radical em 2010 após ver um documentário austríaco
sobre um guru indiano que viveu desta forma mais de 70… anos.
Segundo o “Tages-Anzeiger”,
existem casos semelhantes na Alemanha, Reino Unido e Austrália. Esqueceu-se,
obviamente, de Portugal.
Acontece,
contudo, que no reino lusitano de Pedro Passos Coelho os resultados são bem
diferentes. É, pelo menos, o que diz o soba desse reino situado a norte, embora
cada vez mais a sul, de Marrocos.
A favor da
tese do actual governo português jogam, aliás, muitos outros dados, estudos,
pareceres e relatórios. Os mais recentes dizem, por exemplo, que dormir às
escuras pode ajudar a controlar a diabetes e que viver sem comer ajuda a
diminuir o excesso de peso e as doenças correlativas.
Uma
investigação levada a cabo por investigadores da Universidade de Granada
(Espanha) permitiu concluir que dormir completamente às escuras pode ajudar a
controlar melhor a diabetes mellitus, uma doença metabólica crónica provocada
pela insuficiente produção de insulina pelo corpo.
Mesmo que a
esse facto não se junte o aumento do IVA na electricidade, não é difícil
concluir que o melhor mesmo é viver às escuras, sem electrodomésticos, exercitando
o corpo na lavagem da roupa à mão e bebendo líquidos à temperatura ambiente.
Essa
quantidade insuficiente de insulina provoca excesso de glucose no sangue, pelo
que os doentes têm que controlar ao longo de toda a sua vida os níveis,
injectando insulina, seguindo uma dieta alimentar saudável e praticando
exercício físico.
A equipa de
investigadores da Universidade de Granada demonstrou que a melatonina, uma
hormona segregada de forma natural pelo corpo humano, ajuda a controlar a
diabetes, já que aumenta a secreção da insulina, reduz a hiperglicemia e a
hemoglobina glicada e diminui os ácidos gordos livres.
Ora, a
escuridão da noite favorece a secreção desta hormona, razão pela qual os
investigadores acreditam que dormir completamente às escuras, ou até mesmo
viver totalmente às escuras, pode ajudar a controlar a diabetes associada à
obesidade e os factores de risco associados.
Os mesmos
efeitos foram verificados com a ingestão de alimentos que contém melatonina,
como o leite, os cereais e as azeitonas, ou algumas plantas, como a mostarda, a
curcuma, o cardamomo, a erva-doce e o coentro.
Aqui a coisa
já não tem tanta piada. É que o leite, os cereais etc. são, cada vez mais, bens
de luxo. E a situação do país não se compadece com esses gastos. Pão e laranja
é quanto basta. E mesmo assim é só para os que ainda podem.
Tudo leva a
crer, apesar da notícia da Suíça, que Passos Coelho deve “importar” o indiano
Prahlad Jani que, diz ele, não come nem bebe há mais de 70 anos.
Recorde-se
que o governo indiano, certamente atento ao que ao impacto do assunto, resolveu
descobrir, ou tentar – pelo menos, se o que ele diz é verdade ou se Jani é
apenas um farsante. Aos 83 anos, ficou 14 dias a ser observado e filmado por
uma equipa de 30 médicos escolhida pelo Ministério da Defesa indiano. Segundo
os testemunhos, ele não ingeriu (nem expeliu...) nada durante esse tempo.
E é baseado
neste caso que, até prova em contrário, está a animar a comunidade social-democrata
de Portugal, que Passos Coelho (certamente com a colaboração institucional de
Cavaco Silva e Paulo Portas e o incondicional apoio da troika) pretende - - e vai conseguir - ensinar os portugueses
a, pelo menos, viver sem comer.
E,
convenhamos, se for possível garantir à dona da Europa, Angela Dorothea Merkel,
que os portugueses conseguem estar uns anos sem comer, Portugal não tardará
muito a ter o défice em ordem e a beneficiar do pleno emprego.
Além disso,
serão o FMI e a senhora Angela Dorothea Merkel a pedir a ajuda do novo “líder
carismático” do reino lusitano…
Até agora,
sobretudo porque os portugueses (claramente sedentos de protagonismo) são uns
desmancha-prazeres, os resultados não são animadores. Todos os que tentaram
seguir (embora voluntariamente obrigados) o método de Prahlad Jani estiveram muito perto mas,
quando estavam quase lá... morreram.
Já em 2006 o
Discovery Channel fez um documentário sobre Prahlad Jani que, na altura,
concordou em ser filmado durante dez dias e também foi analisado por médicos e
cientistas, que não chegaram a uma conclusão nem presenciaram nenhuma
impostura.
Os médicos
apenas atestaram que Prahlad Jani estava com a saúde perfeita após o jejum.
Depois da nova experiência, Jani deu uma conferência de Imprensa no hospital
Ahmedabad. “Eu estou forte e saudável porque é assim que Deus quer que eu
esteja”, disse ele.
Jani tem
preparado o mesmo discurso para a altura em que virá a Portugal. Sabe-se que
dirá: “Eu estou forte e saudável porque era assim que o representante directo de
Deus, Pedro Passos Coelho, quer que eu esteja”.
O factor medo condiciona!
Em crónica
publicada no Jornal de Notícias, Manuel António Pina diz, a propósito de Miguel
Portas, que “morreu um homem justo”. Tem toda a razão.
“(…) Num
momento em que o país mais precisa de homens lúcidos e livres, um
desaparecimento que justificaria que se dissesse que ficámos, se possível,
ainda mais pobres, não se tivesse tornado tal expressão um cliché fruste sem
réstia de literalidade”, escreve Manuel António Pina.
Quando fala
de “um homem justo”, estaria Manuel António Pina a pensar no que Miguel Portas
disse ao Correio da Manhã em Fevereiro de 2009? E o que ele disse foi: "Estou
preocupado com este despedimento colectivo (Jornal de Notícias) porque é um dos
principais jornais do País e que dá importância à pequena informação local,
sobretudo a norte"?
Quando fala
de “um homem justo”, estaria Manuel António Pina a pensar que foi Miguel Portas
quem disse que os despedimentos na comunicação social "põem em causa a
pluralidade da informação e fomentam a precariedade"?
Quando fala
de “um homem justo”, estaria Manuel António Pina a pensar que foi Miguel Portas
quem disse que "quando um grande grupo de comunicação social, como é a
Controlinveste, despede centenas de trabalhadores, gera o factor medo nos
outros que ficam condicionados, com receio de serem também despedidos"?
Fica a
dúvida e a certeza de que há dúvidas que não se escrevem, sobretudo quando
envolvem os que põem lagosta em pratos que outrora só tinham sardinhas…
terça-feira, abril 24, 2012
Obrigado Miguel Portas
Miguel
Portas morreu hoje aos 53 anos. Dele terei falado aqui no Alto Hama uma meia
dúzia de vezes. Num texto de 15 de Fevereiro de 2009, a última frase dizia: Para
memória futura!
Nesse texto,
eu perguntava:
Quem terá
sido o político que afirmou ao Correio da Manhã que: "Estou preocupado com
este despedimento colectivo (Jornal de Notícias) porque é um dos principais
jornais do País e que dá importância à pequena informação local, sobretudo a
norte"?
Quem terá
sido o político que afirmou que os despedimentos na comunicação social
"põem em causa a pluralidade da informação e fomentam a
precariedade"?
"Quando
um grande grupo de comunicação social, como é a Controlinveste, despede
centenas de trabalhadores, gera o factor medo nos outros que ficam
condicionados, com receio de serem também despedidos".
Quem terá
sido que disse isto?
"Quais
foram os critérios para a escolha das pessoas. Parece que nem os próprios sabem
nem ninguém os esclareceu ainda".
Esta
verdade, tal como as anteriores, terá sido dita por Manuela Ferreira Leite,
Paulo Portas, Rui Rio ou Álvaro Castello-Branco?
"Os
trabalhadores do ‘JN’ e dos outros jornais do mesmo grupo podem contar comigo”.
Quem disse?
O seu a seu
dono. Ao contrário dos exemplos citados (e a lista seria interminável) não foi
nenhum deles que se preocupou em estender a mão e, inclusive, até penso que
alguns deles terão ajudado à festa.
Quem disse
tudo isto foi Miguel Portas, do Bloco de Esquerda.
Este texto
ficou registado, como disse, para memória futura! E essa mesma memória legitima
que hoje diga: Obrigado Miguel Portas.
Ele comemora, pois claro!, o 24 de Abril
O primeiro-ministro do reino lusitano
disse hoje que se está nas tintas para a ausência de Mário Soares e Manuel
Alegre nas comemorações oficiais do 25 de Abril.
Passos Coelho continua a sua senda. Se
ele não quer saber dos portugueses, porque carga de chuva haveria de querer
saber de Mário Soares e Manuel Alegre.
Passos Coelho terá dito que está
"habituado a que ao longo dos anos algumas figuras queiram assumir protagonismo
em datas especiais".
Tem razão. Quando se olha ao espelho,
o primeiro-ministro não vê que é um pigmeu. E como se julga líder de uma casta
superior, eventualmente divina, lá vai continuando a borrifar-se para todos
aqueles que se atrevem a pensar de forma diferente da sua.
O primeiro-ministro frisou que esta
data "não pertence ao Governo, pertence ao país". Bem dito. Mas,
falta acrescentar, como o país lhe pertence, quem não estiver de acordo que vá
pregar para outra freguesia, se possível para outro país.
Em abono das teses do sumo pontífice
do reino lusitano recordo as palavras de Miguel Relvas, também ele um dos donos
da verdade e do país: "Nós não culpamos mas também não esquecemos, a
realidade é visível. Todos nós somos obrigados a ter memória, ela é muitas
vezes intencionalmente apagada por
aqueles que têm responsabilidades".
Tenhamos então, até para não defraudar
o repto dos donos do reino, memória.
“Não acredito que quando começarem a
morrer pessoas à fome, quando começar tudo numa barafunda, se continue a achar
que vale a pena puxar a manta”, afirmou o bispo das Forças Armadas a propósito
das medidas tomadas pelo governo esclavagista de Portugal, explicando que “as
medidas da troika são duras mas não me deixam surpreso, mas depois descubro que
os nossos governantes vão além dos sacrifícios impostos pela troika e fico
atónito”.
D. Januário Torgal Ferreira nota, como
acontece com os mais de 1.200 mil
desempregados, 20 por cento de pobres e outros tantos que já nem pratos têm,
“uma grande insensibilidade social, apesar de haver muita gente no governo com
boas intenções”.
Se calhar até há gente em Portugal com
boas intenções. Não creio, ao contrário do bispo, que estejam no Governo ou
perto dele. Quando muito andarão as escarafunchar nos caixotes do lixo que
circundam o Palácio de S. Bento.
D. Januário Torgal Ferreira entende,
ao contrário dos donos do reino, que “não são os trabalhadores por conta de
outrem os assassinos do país”, acrescentando que esta ideia é “uma calúnia e um
aproveitamento, porque na crise revelam-se oportunidades para explorar os
explorados”.
Por outro lado, Pedro Passos Coelho –
importa não o esquecer, importa recordá-lo, importa ter memória – pergunta: “A
quem serve este regime, que supostamente é extremamente avançado de direitos
sociais? Que regime avançado é este que só gera desemprego, precariedade,
recibos verdes ou contratos a termo? Temos medo das pressões, ou da contestação
ou das greves que possam surgir?” e responde “eu não tenho!"
Isto foi dito, repare-se, numa sessão
evocativa em memória de Francisco Sá Carneiro, no Porto, o que só por si revela
a lata, o nanismo intelectual e a falta de vergonha do primeiro-ministro e
líder do PSD.
Os
devaneios de um anão que se julga gigante ,relembram-me mais algumas das
afirmações de D. Januário Torgal Ferreira,
para quem se Francisco Sá Carneiro fosse vivo caía para o lado. No
entanto, como já morreu, deve estar – segundo o bispo das Forças Armadas - a dar voltas no túmulo já que, acrescenta, a
austeridade (entre outros dislates deste governo) é uma espécie de
"terrorismo".
Recordemos um pouco mais o que diz
este bispo que teima em pôr os portugueses a pensar pela própria cabeça, e a
rejeitar qualquer intervenção cirúrgica que vise a substituição da coluna
vertebral.
"A mim, também me dava jeito um
desvio colossal. Depois em Março alguém pagava", disse, desconfiado das
razões que levaram à decisão pelas novas medidas de austeridade. "Nada é
explicado. Fico com uma grave suspeita sobre a verdade de tudo isto",
acrescentou D. Januário Torgal Ferreira, em declarações à RTP.
"A Igreja tem de respeitar a
justiça e lutar pelos direitos humanos. Não pode acatar qualquer acto
terrorista", disse o bispo das Forças Armadas, quando confrontado com uma
pergunta sobre a posição da Igreja face às novas medidas de austeridade.
"Há vários tipos de terrorismo, o intelectual, o do medo", disse o
bispo.
"Agora é assim? Em Fevereiro os
reformados não vão receber. E em Março são os funcionários que ficam sem
receber?", questionou. Mas o primeiro-ministro disse que lamentava ter de
aplicar estas medidas, argumentou a jornalista da RTP. A resposta foi lapidar:
"Já vi muita gente a lamentar e depois ir assaltar um banco. Ou a
abandonar a mulher e os filhos e a dizer:
lamento".
“É preciso ter muito cuidado. Porque é
nestas horas que se fazem grandes fortunas. E, sobretudo, é nestas horas em que
os mais pobres ficam mais pobres e alguns ricos ficam muitíssimo mais ricos”,
disse o mesmo prelado no Funchal, à margem da comemoração dos 58 anos da Força
Aérea Portuguesa.
“Nós temos de lutar e dizer em voz
alta, com respeito, respeitando a liberdade, respeitando as pessoas, mas
respeitando antes de mais a verdade”, apontou D. Januário Torgal Ferreira.
É claro que ao bispo das Forças
Armadas é mais fácil dizer estas verdades. Desde logo porque, ao que julgo, o
actual (como o anterior) ministro da Defesa não o despediu ou – como fez o
governo anterior e o fará o actual - deu cobertura a despedimentos colectivos
nas Forças Armadas.
Passos Coelho esclareceu que, com a
actual legislação, existem "cada vez menos trabalhadores, porque aqueles
que podem oferecer emprego têm medo de o fazer, anão ser em regime de recibo
verde". Sim. Deixam, contudo, de ter medo quando o trabalhador é militante
do PSD.
Pois é. Tal como os sacos vazios não
se aguentam de pé, também os portugueses, e pela mesma razão, estão de cócoras
e de mão estendida.
A verdade é que sempre que o Governo
de Passos Coelho abre a boca saem novos impostos, novos cortes, novas taxas,
novas regras para que todos os escravos aprendam a viver sem comer.
A procissão ainda vai no adro, mas é
já possível dizer que o primeiro-ministro transformou José Sócrates num ingénuo
pilha-galinhas.
Como se já não bastasse entrar
descarada e criminosamente nos bolsos,
na saúde, na vida dos portugueses, o Governo resolve todos os dias pô-los de pernas para o ar, numa voraz sofreguidão para ver se não há nenhum cêntimo escondido
nas dobras das calças rotas.
Se eles, Passos Coelho e companhia,
entendem que devem roubar aos milhões que têm pouco, ou nada, para dar aos
poucos que têm milhões, os portugueses têm de sair à rua e usar o seu legítimo
direito à indignação, mesmo que para isso seja necessário pagar na mesma moeda
do Governo: olho por olho, dente por dente.
Vão acabar cegos e desdentados?
Talvez. Mas para quem só vê os outros a comer tudo e a não deixar nada, pouco
diferença fará ter olhos e dentes…
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