terça-feira, outubro 28, 2008

Está tudo a postos para Angola
pôr ordem nas crises regionais

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, parece estar muito mais preocupado com o que se passa no Zimbabué do que com um outro drama, mais acima, na República Democrática do Congo.

No caso do Zimbabué a situação é de facto grave e, ao que parece, sem solução. Robert Mugabe diz que só Deus o poderá demitir e, até agora, nem Ban Ki-Moon conseguiu falar com Ele para pedir ajuda.

Portanto, enquanto Deus (ou alguém por ele) não resolver a questão, o povo do Zimbabué continuará a morrer à fome e o país continuará a ser o maior exportador mundial de refugiados.

Além disso, sem o apoio de Deus, o Conselho de Segurança da ONU não poderá determinar que a solução do caso passa obrigatoriamente por enfiar um tiro na cabeça de Robert Mugabe.

Quanto ao Congo, a situação parece de mais fácil solução. A ONU conta com o apoio de um dos maiores e melhor apetrechados exércitos de África, o de Angola, para quando entender pôr cobro aos devaneios dos rebeldes do general Laurent Nkunda.

Aliás, Luanda tem já pronto um plano militar para em poucas horas entrar pelo Congo e varrê-lo de uma ponta à outra. Apenas espera que o Governo congolês peça ajuda para pôr no ar a sua faminta Força Aérea, bem como os não menos famintos generais do Exército que já estão com saudades de dar uns tirinhos.

O certo, até agora, é que as tropas do exército congolês e da ONU bateram em retirada da cidade de Goma, no leste do país, nada conseguindo fazer para travar os avanços de Laurent Nkunda.

Segundo o jornal The New York Times, os rebeldes controlam as maiores cidades do país, uma base do Exército no leste e o quartel-general de um parque onde estão alguns dos últimos gorilas das montanhas do mundo.

A ofensiva rebelde é indício do sentimento contrário aos tutsis despertado pelo sucesso dos rebeldes ligados a Nkunda. Eles afirmam lutar para proteger a minoria tutsi de uma milícia ruandesa hutu que escapou para o Congo após ajudar a perpetrar o genocídio de Ruanda, em 1994. Meio milhão de tutsis foram assassinados nessa investida.

Em Janeiro deste ano, governo e rebeldes assinaram um tratado de paz, mas os guerrilheiros rearmaram-se e retomaram os combates. Desde então, o presidente Joseph Kabila recusa-se a manter novas conversações com Nkunda, por o considerar um "terrorista".

Nkunda, por sua vez, recusa-se a desarmar as suas tropas por afirmar que rebeldes hutus, de Ruanda, operam na região e ameaçam a comunidade tutsi. Acredita-se que Nkunda possui 5.500 homens sob o seu comando.

Já oiço os caças e os tanques das Forças Armadas de Angola...

1 comentário:

Gil Gonçalves disse...

Caro Orlando. Desiluda-se! Angola, neste momento ou noutro futuro, não tem, cada vez terá menos capacidade interventiva. Porquê?
porque o cansaço conta muito, e a recessão mundial é esgotante. E se insistir nessas aventuras isoladamente corre o risco de um descalabro interno que já se evidencia. Creio que são fases passadas. Cabinda não chega e sobra?