A comunicação social estatal da Guiné-Bissau está sem meios técnicos e financeiros para cobrir a campanha eleitoral, o que levou a ONU a anunciar apoios. Mas será que a democracia precisa dos jornalistas?
Falta de câmaras de filmar, veículos para transporte dos jornalistas, material de trabalho, nomeadamente cassetes, e dinheiro, são alguns dos problemas que os jornalistas guineenses estão a enfrentar para cobrir a campanha eleitoral de 21 formações políticas para as legislativas de 16 de Novembro.
O jornal estatal "No Pintcha", criado em 1994, não tem um único veículo de serviço e meios financeiros. "Temos 12 jornalistas prontos para cobrir a campanha eleitoral, mas apenas a podemos cobrir em Bissau", explicou à agência Lusa o director do semanário, Simão Abina.
Críticas têm sido dirigidas à Radiodifusão Nacional (RDN), também estatal e principal via para a de os tempos de antena chegarem aos guineenses. A questão prende-se com o facto de aquela rádio cobrar cerca de 106 euros para a gravação e emissão de tempos de antena.
"A lei diz que os partidos devem suportar os custos da gravação dos tempos de antena", disse o director de antena da RDN, Nilson Mendonça, acrescentando que "até aqui a RDN nunca accionou esse dispositivo legal, porque também tínhamos apoios, mas nestas eleições a RDN ainda não recebeu apoios de ninguém, portanto pediu aos partidos que ajudassem a superar as dificuldades".
No artigo 38 da Lei Eleitoral nº3/98 da Guiné-Bissau pode ler-se que a "utilização dos tempos de antena é gratuita durante a campanha eleitoral". "Todavia, as despesas inerentes ao registo magnético dos materiais difundidos é da conta dos candidatos", acrescenta o texto.
Já a Televisão da Guiné-Bissau é acusada de favorecimento de certas forças políticas. Quem diria?
Eusébio Nunes, director da única estação televisiva do país, defendeu que "não existe nenhuma televisão no mundo que consiga cobrir a campanha de 21 forças políticas com apenas quatro câmaras".
A Aliança das Forças Patrióticas, uma coligação de três partidos, liderada pelo antigo procurador-geral da República Amine Saad, é uma das forças políticas que tem criticado os órgãos de comunicação social de "absoluta parcialidade".
O Partido Unido Social-Democrata (PUSD), terceiro maior partido da Guiné-Bissau, com representação parlamentar, acusou, por seu lado, a TGB de favorecer a campanha do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), repetindo a mesma acusação feita pelo Partido Republicano da Independência para o Desenvolvimento (PRID), do antigo primeiro-ministro e dissidente do PAIGC Aristides Gomes.
Os órgãos de comunicação social do Estado têm dado a cobertura às acções dos partidos apenas em Bissau, aguardando pelas ajudas do Gabinete das Nações Unidas de Apoio à Consolidação da paz na Guiné-Bissau (UNOGBIS).
Segundo um comunicado da UNOGBIS, a ONU vai apoiar os órgãos de comunicação social com cerca de 40 mil euros, doados por França e Reino Unido, no âmbito do Fundo de Apoio aos Media da Guiné-Bissau para a cobertura das eleições Legislativas. De acordo com o documento, a TGB já recebeu cerca de 4500 euros e a RDN e o No Pintcha três mil euros cada um.
Donativos monetários foram também entregues às rádios Bombolom e Pindjiguiti, à Agência Bissau Média e a outras rádios e jornais do país.
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