quinta-feira, outubro 30, 2008

Mais um exemplo de Moçambique
que escapa a Portugal e a Angola

O Fundo Monetário Internacional não percebe nada, nada de nada, da realidade africana. Então não é que o FMI decidiu hoje felicitar a justiça de Moçambique pela detenção de titulares de cargos públicos, nomeadamente o ex-ministro do Interior, encorajando o Governo a "adoptar medidas necessárias" para combater a corrupção?

Francamente. Já viram na alhada em que o FMI se meteria se resolve estimular, por exemplo, o Governo angolano a meter na cadeia os corruptos? Lá andaria o país de eleição em eleição…

"Encorajamos o Governo de Maputo a tomar medidas necessárias para sancionar qualquer evidência de corrupção", disse Felix Fischer, o representante do FMI em Moçambique.

No início deste mês, o Ministério Público (MP) acusou o ex-ministro do Interior Almerino Manhenje (que está em prisão preventiva desde Setembro) da prática de 49 crimes.

O MP estima em cerca de 8,8 milhões de dólares (cinco milhões de euros) o montante dos prejuízos causados pelos alegados crimes cometidos pelo ex-ministro do Interior entre 1996 e 2005, quando Joaquim Chissano ainda era Presidente da República, e outros oito co-arguidos.

Além de Manhenje, foi também detido o presidente do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Armando Pedro, sendo estas as prisões de maior relevo desde a independência de Moçambique, em 1975.

Na mesma ofensiva contra a corrupção no aparelho de Estado moçambicano, foi também detido este mês o presidente da empresa Aeroportos de Moçambique (ADM), Diodino Cambaza, e um administrador da mesma empresa. As detenções ocorreram após denúncias anónimas de trabalhadores relativas ao esbanjamento de recursos da empresa.

Entre as acusações constam alegados gastos pessoais efectuados por Diodino Cambaza e outros membros do Conselho de Administração com dinheiros da ADM para aquisição de casas de luxo e respectivo recheio, em Moçambique e na África do Sul.

Os 19 principais doadores de Moçambique, entre os quais Portugal, têm vindo a pedir ao Governo de Maputo que "acelere" o combate à corrupção no país, uma das apostas do actual chefe de Estado, Armando Guebuza.

Não me recordo que Portugal tenha feito igual pedido em relação a Angola. Pois. Também é evidente que no âmbito do reino de José Sócrates é muito mais relevante só a Sonangol do que Moçambique inteiro.

Além disso, certamente que o séquito de Sócrates dirá ao mundo que, por experiência próprio, em Angola não há – como todos sabemos - corrupção.

Sem comentários: