Os partidos da oposição (que oposição?) no parlamento angolano afirmaram hoje que vão ultrapassar, na nova legislatura, as dificuldades resultantes de uma Assembleia Nacional "totalmente dominada" pelo MPLA, destacando-se na "qualidade das intervenções e propostas".
É bonito. É quase poesia. É uma forma de dizer quanto mais me batem... mais gosto de vocês. Mas, é claro, de poesia, de sonhos, de utopia também se vive. A nova legislatura angolana arranca amanhã, com uma Assembleia Nacional constituída por 220 deputados, sendo a maioria qualificada do MPLA, com 191 deputados, eleitos (é esta a terminologia petrolífera, não é?) nas legislativas de 5 de Setembro.
A oposição será feita por 16 deputados da UNITA, oito do PRS, três da FNLA e dois da ND. Ou seja, uma longa travessia de um não menos longo deserto iniciado há 33 anos e que agora continua por mais quatro. Pelo menos.
O porta-voz da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, disse que o seu partido está consciente do que deverá fazer perante o actual cenário, que considerou não ser norma "para os sistemas democráticos mais avançados".
Ou seja? Está consciente de que vai ficar sentada na beira da estrada à espera de uma boleia. No entanto, o Adalberto tem razão quando diz que esta realidade será sobretudo assustadora “para o angolano comum devido à falta de cultura da aceitação da diferença que o MPLA já demonstrou ter".
Um exemplo que o porta voz da UNITA avança é o do acesso da oposição aos meios de comunicação social do Estado, que, "pelo que foi possível verificar nestes últimos anos, não permite que os angolanos fiquem a saber quais as posições dos partidos da oposição e quais as suas propostas". É isso aí, caro Adalberto.
Então qual será a solução?
Então qual será a solução?
Para Tito Chimono, vice-presidente da bancada parlamentar do Partido Renovador Social, a prioridade do partido é "fazer com que a voz do povo seja ouvida". Mais um poeta. Felizmente que os há. Mas, também nesta matéria, poetas só mesmo os do MPLA.
Por sua vez, o presidente da FNLA, Ngola Kabangu, disse que a prioridade da bancada da FNLA serão as questões sociais que afligem as populações.
Ficamos assim a saber que a Oposição está cheia de poetas de grande qualidade. Não lhes faltará, creio, tempo para produzieram as suas obras. Quanto ao país real, esse vai continuar como até aqui: poucos com cada vez mais milhões, milhões com cada vez menos.
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