quinta-feira, outubro 09, 2008

Como não tem a força da razão, Angola
quer impor em Cabinda a razão da força

O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general Francisco Furtado, disse hoje em Luanda que o território ocupado a que chamou província de Cabinda, ainda "é susceptível a actos de penetração isolados de pequenos grupos".

Ainda não há muito tempo, o advogado e professor universitário Francisco Luemba, disse ao PÚBLICO que "a grande maioria dos cabindas quer a independência, apenas aceitando a autonomia como uma solução transitória, uma etapa".

Francisco Luemba recordou até que, quando em Julho o ministro angolano das Obras Públicas, Higino Carneiro, ali esteve num comício do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder em Angola há 33 anos), no estádio do Tafe, ouviu dos jovens gritos de "Independência!".

Nesse mesmo trabalho do jornalista Jorge Heitor, é dito que já em 2001 o então bispo de Cabinda, D. Paulino Fernandes Madeca, dissera ao PÚBLICO que a maioria dos cidadãos residentes era a favor da independência: "Na cidade menos, mas no interior é mais radical o desejo independentista."

Segundo Francisco Furtado, actualmente a principal preocupação das forças armadas angolanas "continua a ser o território envolvente à província de Cabinda".

Creio que só por manifesta falta de seriedade intelectual é que o general Francisco Furtado não diz que Cabinda só passou a ser parte de Angola quando, em 1975, os sipaios portugueses ao serviço do comunismo e os três movimentos ditos de libertação resolveram nos Acordos do Alvor integrar Cabinda em Angola.

"Cabinda tem uma situação de pacificação, mas fruto da existência de elementos das ex-FLEC, que se radicaram tanto no Congo Brazaville, como na RDCongo, Cabinda é susceptível de alguns actos de penetração isolados de grupos pequenos de elementos, que em determinados períodos ainda causaram alguns sobressaltos", disse o general à Rádio Nacional de Angola.

O general Francisco Furtado garantiu que "a situação hoje está mais clara", face a algumas medidas tomadas no terreno (leia-se impor pela razão da força o que nunca conseguirão pela força da razão, que não têm) , sobretudo a garantia de uma maior estabilidade e controlo dos pontos de passagem ao longo da fronteira, permitindo a neutralização destes grupos.

Francisco Furtado pode, contudo, ficar descansado. Só é derrotado quem deixa de lutar. E, quer a força ocupante queira ou não, os cabindas não vão deixar de lutar.

"Nós não podemos permitir que, utilizando os territórios dos países vizinhos, se realizem actos que ponham em risco a segurança e a defesa nacional", disse o general, voluntariamente esquecendo que, afinal, à luz do Direito Internacional (que nada vale, é claro, quanto no outro prato da balança está o petróleo) Cabinda não é Angola.

Cabinda, com uma superfície de cerca de 10.000 quilómetros quadrados e uma população estimada em 300.000 habitantes, é palco de uma luta armada independentista liderada pela FLEC desde 1975, na exacta altura em que, sem ser ouvida ou achada, foi comprada pelo MPLA nos saldos lançados pelos cobardes portugueses (Melo Antunes, Rosa Coutinho, Costa Gomes, Mário Soares, Almeida Santos e companhia) que então albanizavam as ocidentais praias lusitanas a norte de Marrocos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pode tardar, mas a verdade acaba sempre vencendo. Obrigado, Orlando, por primares pela verdade. Deus te abençoe, e que encurte o sofrimento dos cabindas!