sábado, julho 14, 2007

Chivukuvuku e Samakuva, os filhos e os enteados

O recado foi-me transmitido por um amigo da UNITA, verdadeiro amigo porque diz o que pensa, no dia 18 do mês passado. Ficou em carteira à espera da altura exacta para ser, na minha opinião, publicado. Perante a Manchete do Notícias Lusófonas (“Samakuva e Chivukuvuku – Angola merece o melhor”) é altura de revelar essa mensagem. Em síntese dizia: “Vê se deixas de defender o Abel e de atacar o Adalberto”. Citando o Mais Velho, se a UNITA não se define – sente-se, sou livre de dizer o que penso.

Então quem será o próximo líder da UNITA? Tudo leva a crer que voltará a ser Isaías Samakuva. Não é relevante quem para mim seria, no contexto dos dois candidatos, o melhor líder.

Mesmo assim, apesar do recado, penso que o Galo Negro cantaria mais alto, eventualmente bem mais alto do que o MPLA, se Abel Chivukuvuku vencesse.

Chivukuvuku entende, e bem, que a UNITA ainda não é a força com a necessária dinâmica de vitória para enfrentar o MPLA nas próximas eleições legislativas, previstas agora para 2008. E tem razão.

A seriedade, honestidade e patriotismo da Samakuva não são suficientes para lutar contra uma máquina que está no poder em Angola desde 1975. Talvez Chivukuvuku também não consiga pôr a UNITA a lutar taco a taco com o MPLA. Tem, contudo e na minha opinião, a vontade de partir a loiça sem temer levar com os estilhaços. Será um bom, embora tardio, princípio.

"Depois de ter avaliado o contexto que Angola vive - em que não está claramente visível que hoje somos uma alternativa ganhadora - e consultado vários colegas de direcção do partido e militantes, tomei a decisão consciente de candidatar-me com um único propósito: fazer da UNITA uma efectiva alternativa que possa ganhar as eleições em 2008 e instaurar em Angola um modelo positivo de governação”, afirmou em Janeiro deste ano Chivukuvuku.

É mesmo isso. Também é isso que Samakuva quer, eu sei. Faltou-lhe, no entanto, engenho, arte e colaboração dos seus mais próximos quadros para dizer aos angolanos que o rei ia, como ainda vai, nu.

A UNITA tem de lutar por ser uma alternativa efectiva para 2008. Samakuva teve a árdua, e não menos importante, tarefa de pôr algumas divisões da casa em ordem. Talvez por isso, tenha sido demasiado (para o meu gosto) passivo, demasiado politicamente correcto.

Chegou a altura de a UNITA ter alguém na liderança que alie à seriedade, honestidade e patriotismo da Samakuva a capacidade de pôr o país a mexer, não temendo dizer as verdades que os angolanos querem ouvir, não temendo dizer quais são as soluções necessárias para que Angola deixe de ser apenas Luanda.

"Por norma eu não entro em coisas que não têm pernas para andar. E se as pessoas me viram a anunciar que sou candidato é porque houve um tempo de maturação, houve um tempo de análise, houve um tempo de estudo, houve um tempo de consulta, houve um tempo de preparação", diz Chivukuvuku.

Abel Chivukuvku não concorda que o MPLA seja um partido tão forte que lhe possa tirar o sono, pelo que considera que a UNITA, sob a sua direcção, estará em melhores condições de mobilizar a seu favor os 70% dos pobres que constituem a população angolana.

Se assim for… Se Chivukuvuku conseguir pôr os poucos que dentro da UNITA têm “milhões” a trabalhar pelos milhões que, também dentro da UNITA, têm pouco ou nada, então Angola terá futuro.

Como diz o NL, Angola merece o melhor. Está nas mãos dos actuais filhos puros da UNITA escolher, já que muitos que só foram filhos puros enquanto Jonas Savimbi presidiu, são agora enteados, sem direito a voto.

1 comentário:

Reflectindo disse...

Estou lendo com tristeza o que está acontecer na reunião da UNITA em Huambo.
Afinal a UNITA quer ou não governar em Angola?