O primeiro-ministro português, José Sócrates, definiu a negociação e a conclusão do tratado como «a prioridade das prioridades» da presidência portuguesa da União Europeia (UE), que Portugal assumiu por seis meses.
Lisboa e o seu Governo pouco socialista e cada vez mais “socratinano” está a pôr-se em bicos de pés para ver se alguém a vê. Ainda não percebeu que pouco, ou quase nada, conta para esta Europa a duas velocidades, para esta Europa onde o fosso entre filhos e enteados é cada vez maior.
Na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico, sede da presidência, em Lisboa, José Sócrates sentou-se no centro de um palco, rodeado pelos jovens dos 27 países da União, para discutir «A tua Europa, o teu futuro» – o acto inaugural e simbólico da presidência portuguesa.
Ou seja, Sócrates quer dar uma imagem que, de facto, não corresponde à realidade. No aspecto formal – ou de jure – Portugal preside. Mas é apenas isso, uma formalidade.
Presidente do Conselho Europeu, que reúne os chefes de Estado e de Governo da UE, de calças de ganga e sem gravata, como os restantes ministros presentes – Luís Amado (Negócios Estrangeiros) e Pedro Silva Pereira (Presidência) –, José Sócrates definiu o tratado como a «prioridade das prioridades » do seu trabalho.
É simpático. É bonito... para inglês ver. Ou, melhor, para europeus verem.
Em matéria de rótulos, de embalagens, de imagens, Sócrates até é bom, que o digam os portugueses. Em matéria de conteúdo, em matéria do que é essencial, Sócrates não presta. Que o digam os portugueses.
E o primeiro-ministro português acredita que a conclusão do processo será possível até Dezembro, final da presidência, porque nota «empenhamento dos líderes europeus» nesse sentido.
«O tratado será um sinal de confiança na Europa», disse o primeiro-ministro, certamente querendo enganar os portugueses pois, creio, na Europa ninguém será enganado.
Os jovens presentes no debate com o primeiro-ministro português participam actualmente no programa Erasmus da União Europeia, através do qual muitos milhares de jovens europeus já tiveram experiências de ensino em universidades de outros Estados da UE.
Estão, por isso, cientes de que Portugal não passa de um país que por ser de segunda linha apenas é o primeiro... dos últimos.
Portugal assumiu até 31 de Dezembro próximo a presidência do «bloco comunitário europeu», actualmente com 27 países membros, naquela que será a maior operação político-diplomática e de segurança jamais organizada e conduzida pelo país. Portugal está assim na ribalta da política europeia.
Também está na ribalta de muitas outras coisas. Caso do desemprego, do fraco crescimento económico, do compadrio, da corrupção, do primado da subserviência etc.
Mas, durante seis meses, sempre vai poder dizer que presidiu à UE. Já não é mau.
Os sapatos são de alta qualidade, brilham como os dos restantes parceiros europeus e evitam que se veja o que todos sabem, mas que poucos dizem: as meias estão rotas.
Nota: Artigo publicado no Jornal moçambicano “O Observador”
Lisboa e o seu Governo pouco socialista e cada vez mais “socratinano” está a pôr-se em bicos de pés para ver se alguém a vê. Ainda não percebeu que pouco, ou quase nada, conta para esta Europa a duas velocidades, para esta Europa onde o fosso entre filhos e enteados é cada vez maior.
Na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico, sede da presidência, em Lisboa, José Sócrates sentou-se no centro de um palco, rodeado pelos jovens dos 27 países da União, para discutir «A tua Europa, o teu futuro» – o acto inaugural e simbólico da presidência portuguesa.
Ou seja, Sócrates quer dar uma imagem que, de facto, não corresponde à realidade. No aspecto formal – ou de jure – Portugal preside. Mas é apenas isso, uma formalidade.
Presidente do Conselho Europeu, que reúne os chefes de Estado e de Governo da UE, de calças de ganga e sem gravata, como os restantes ministros presentes – Luís Amado (Negócios Estrangeiros) e Pedro Silva Pereira (Presidência) –, José Sócrates definiu o tratado como a «prioridade das prioridades » do seu trabalho.
É simpático. É bonito... para inglês ver. Ou, melhor, para europeus verem.
Em matéria de rótulos, de embalagens, de imagens, Sócrates até é bom, que o digam os portugueses. Em matéria de conteúdo, em matéria do que é essencial, Sócrates não presta. Que o digam os portugueses.
E o primeiro-ministro português acredita que a conclusão do processo será possível até Dezembro, final da presidência, porque nota «empenhamento dos líderes europeus» nesse sentido.
«O tratado será um sinal de confiança na Europa», disse o primeiro-ministro, certamente querendo enganar os portugueses pois, creio, na Europa ninguém será enganado.
Os jovens presentes no debate com o primeiro-ministro português participam actualmente no programa Erasmus da União Europeia, através do qual muitos milhares de jovens europeus já tiveram experiências de ensino em universidades de outros Estados da UE.
Estão, por isso, cientes de que Portugal não passa de um país que por ser de segunda linha apenas é o primeiro... dos últimos.
Portugal assumiu até 31 de Dezembro próximo a presidência do «bloco comunitário europeu», actualmente com 27 países membros, naquela que será a maior operação político-diplomática e de segurança jamais organizada e conduzida pelo país. Portugal está assim na ribalta da política europeia.
Também está na ribalta de muitas outras coisas. Caso do desemprego, do fraco crescimento económico, do compadrio, da corrupção, do primado da subserviência etc.
Mas, durante seis meses, sempre vai poder dizer que presidiu à UE. Já não é mau.
Os sapatos são de alta qualidade, brilham como os dos restantes parceiros europeus e evitam que se veja o que todos sabem, mas que poucos dizem: as meias estão rotas.
Nota: Artigo publicado no Jornal moçambicano “O Observador”
Foto: José Sócrates é... o que está a seguir a Eduardo dos Santos
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