«O povo não pode esperar da imprensa o que a imprensa já não pode dar: independência. Devido à obsolescência tecnológica e social, motivada pela tendência da desintermediação, e à asfixia financeira da gratuidade dos conteúdos e meios e da falta de adaptação estrutural, a imprensa tornou-se o tapete do poder», escreve com toda a razão – diga-se - António Balbino Caldeira, no seu “Portugal Profundo”.
Vem isto a propósito de o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas querer ouvir os conselhos de redacção, os directores e um grupo de profissionais de 11 meios de comunicação social sobre a participação de jornalistas como accionistas nas recentes assembleias-gerais do BCP.
Vem isto a propósito de o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas querer ouvir os conselhos de redacção, os directores e um grupo de profissionais de 11 meios de comunicação social sobre a participação de jornalistas como accionistas nas recentes assembleias-gerais do BCP.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho Deontológico (CD), Orlando César, sublinhou que o organismo entende que este tipo de participação por parte de profissionais de órgãos de comunicação social "viola e afecta a deontologia profissional", sendo necessário "fazer um debate, uma reflexão sobre esta matéria".
Não há debate e reflexão que nos valha porque “a imprensa tornou-se o tapete do poder”.
"Apesar de ter sido facultada uma sala de imprensa por parte do grupo BCP [na assembleia geral de 6 de Agosto], existiram jornalistas que não prescindiram das procurações facultadas" por uma associação de investidores e analistas, salientou.
De forma a promover esta reflexão, o CD pediu depoimentos, através de cartas, a um total de 38 jornalistas (profissionais que assinaram notícias sobre esta matéria e directores) e a 7 conselhos de redacção de 11 meios.
"Foi uma escolha aleatória, onde estão incluídos os jornais económicos, os jornais diários de expansão nacional, os semanários e a agência noticiosa", referiu Orlando César, explicando que as cartas, que já foram todas enviadas, eram constituídas por algumas questões sobre o assunto.
O responsável acrescentou que antes do envio destas cartas, o CD fez uma observação detalhada sobre as notícias divulgadas na imprensa escrita, não tendo solicitado a participação das televisões e das rádios por falta de recursos.
"O conselho, depois de analisar estas contribuições, irá posteriormente pronunciar-se sobre a matéria e extrair uma conclusão", afirmou, destacando que a iniciativa "visa proporcionar uma reflexão que dê um contributo sério à credibilização do jornalismo e dos jornalistas".
Como será possível credibilizar algo que voluntariamente aceita não ter credibilidade como fonte importante, em alguns casos única, de pagar as contas ao fim do mês?
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