O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, responsabiliza os jornalistas por haver "cada vez menos gente na política" e pediu o fim da impunidade na comunicação social. Vamos por partes. Como há políticos e políticos, há jornalistas e jornalistas.
Mas quem foi que fez tudo para transformar os jornalistas em produtores de conteúdos comerciais? Quem foi que fez tudo para dar essa impunidade à comunicação social, que não aos jornalistas que o são de facto? Não serão os políticos responsáveis por haver cada vez menos jornalistas na comunicação social?
"Muitos jornalistas pensam que eu não penso mas eu penso", disse o presidente da Câmara do Porto na II Conferência do Clube de Amigos de Vieira, com o tema "Os jogos do poder na comunicação social".
Ainda bem que Rui Rio pensa. Espero, contudo, que não se esqueça que no Jornalismo também há, ainda há, gente que pensa e que, exactamente por pensar, foi chutada para as prateleiras ou para o desemprego.
Com muitas críticas à forma como "alguns jornalistas" trabalham, o autarca social-democrata defendeu o "fim da impunidade" no jornalismo e o fomento da "auto-regulação na comunicação social".
Rui Rio, talvez embalado por um tema que lhe permitiu dizer o que pensa, esqueceu-se de pensar no que diz. O Jornalismo não é uma actividade acima da lei e nem goza de impunidade. A impunidade a que o autarca se refere, com alguma razão, não respeita ao Jornalismo mas ao comércio jornalístico que, esse sim, está nas mãos de autómatos colocados pelos políticos nos lugares de decisão.
Mas quem foi que fez tudo para transformar os jornalistas em produtores de conteúdos comerciais? Quem foi que fez tudo para dar essa impunidade à comunicação social, que não aos jornalistas que o são de facto? Não serão os políticos responsáveis por haver cada vez menos jornalistas na comunicação social?
"Muitos jornalistas pensam que eu não penso mas eu penso", disse o presidente da Câmara do Porto na II Conferência do Clube de Amigos de Vieira, com o tema "Os jogos do poder na comunicação social".
Ainda bem que Rui Rio pensa. Espero, contudo, que não se esqueça que no Jornalismo também há, ainda há, gente que pensa e que, exactamente por pensar, foi chutada para as prateleiras ou para o desemprego.
Com muitas críticas à forma como "alguns jornalistas" trabalham, o autarca social-democrata defendeu o "fim da impunidade" no jornalismo e o fomento da "auto-regulação na comunicação social".
Rui Rio, talvez embalado por um tema que lhe permitiu dizer o que pensa, esqueceu-se de pensar no que diz. O Jornalismo não é uma actividade acima da lei e nem goza de impunidade. A impunidade a que o autarca se refere, com alguma razão, não respeita ao Jornalismo mas ao comércio jornalístico que, esse sim, está nas mãos de autómatos colocados pelos políticos nos lugares de decisão.
"Tem de haver mecanismos de defesa das pessoas perante a difamação ou a insinuação que determinados órgãos de comunicação fazem aos políticos", afirmou Rio. É claro que sim. Mas não é acabando com a liberdade de expressão, como fez o PS com o Estatuto dos Jornalistas, que se altera a situação.
Ponham, seja na política ou no Jornalismo, o primado da competência acima do da subserviência e encontrarão um salutar equilíbrio. Até lá teremos mais subservientes do que competentes, até porque a profissão de subserviente é muito mais, mas muito mais, bem paga.
"Cada vez há menos gente disponível para ocupar cargos públicos porque têm medo da comunicação social", frisou o presidente da Câmara do Porto. Medo? Os políticos são a única classe que pode mentir todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos sem que nada lhes aconteça e, por isso, não têm legitimidade para falar de medo.
Com algum bom senso, Rui Rio condenou os políticos que "aderiram às regras da comunicação social" e que olham para as pessoas como "espectadores" e não como cidadãos. Ora aí está. Afinal, parecem ser farinha do mesmo saco.
Quanto à existência ou não de liberdade de imprensa em Portugal, Rio disse que não há liberdade de imprensa da forma que entende que deve haver. "A liberdade de imprensa não respeita as outras liberdades. Assume-se como a única verdade e isso não pode ser", referiu o autarca.
É verdade. Todos os jornalistas sabem que a sua liberdade termina onde começa a dos outros. Também sabem que a dos outros termina onde começa a sua. O problema está em que a Imprensa é cada vez menos feita por jornalistas…
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