segunda-feira, abril 30, 2007

Deixem-nos morrer. Se ainda fossem brancos…

Estima-se que o conflito no Darfur tenha já causado, no mínimo, mais de 200 mil mortos e dois milhões de refugiados e deslocados. Mas o que é que isso importa. São pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada. Dormir e ter, pelo menos, três refeições por dia.

A União Africana (UA) pediu aos países que a integram e às Nações Unidas que desbloqueiem os fundos necessários à nova fase do plano de paz para o Darfur, que prevê o envio de 3.000 homens para o território sudanês.

Mas o que é que isso importa. São pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada. Dormir e ter, pelo menos, três refeições por dia.

O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, afirma que em Darfur existe uma “catástrofe” humanitária. “Centenas de pessoas continuam a morrer vítimas da violência incessante e milhares estão a ser forçadas a abandonar as suas casas. Se as coisas não melhorarem caminhamos para uma catástrofe de grandes proporções”, escreve o chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Mas o que é que isso importa. São pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada. Dormir e ter, pelo menos, três refeições por dia.

“É necessária uma acção internacional urgente para pressionar as partes em conflito e todas as pessoas envolvidas no terreno a deixarem as agências humanitárias trabalharem em segurança. Milhares de vidas dependem disso”, alerta o alto-comissário.

Mas o que é que isso importa. São pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada. Dormir e ter, pelo menos, três refeições por dia.

domingo, abril 29, 2007

“Alto Hama» censurado pelos donos da verdade
mas noticiado pelos que ainda fazem Jornalismo

Embora censurado (pelo silêncio) nos considerados (sobretudo auto-considerados) grandes meios de comunicação social portuguesa, até mesmo nos que são pagos com os nossos impostos, o meu livro “Alto Hama – Crónicas (diz) traídas” mereceu alguma atenção de todos aqueles que sabem que não são donos da verdade.

Por fidelidade à verdade, que é coisa bem diferente do que ser dono dela, refiro agora um texto publicado no Jornal Repórter de Gondomar (ver imagem) publicado no dia 10 de Novembro do ano passado mas que só hoje vi. E vi graças à simpatia de um dos empregados da Bertrand do Parque Nascente.

Obrigado companheiros do Repórter de Gondomar.

Recordo que o livro foi apresentado no dia 23 de Setembro de 2006, na Casa de Angola em Lisboa em cuja cerimónia esteve presente, entre outras personalidades, o vice-ministro das Finanças do Governo de Angola, Arlindo Sicato, bem como o actual ministro da Saúde, Anastácio Sicato.

“(…) Não esqueçam, contudo, que têm na vossa frente matéria de facto que pode sustentar o vosso veredicto, o que, reconheçamos, já me distingue dos que sabem tudo… mas não fazem nada”. Estas são as últimas linhas publicadas no referido livro (para quem sabe ler, é claro!).

sexta-feira, abril 27, 2007

Jornalistas do Estado (Angola) praticam propaganda

«Não é segredo para ninguém que na Angop, TPA, RNA e JA, não se faz jornalismo. Doutrinam com muita excelência, rigor absoluto e centralizado a religião angolana "Mpelismo Eduardismo". Não existe dignidade jornalística nestes órgãos. As matérias são censuradas pelos redactores e agentes infiltrados do MPLA existentes nestes meios de comunicação que deveria ser o povo e não partidos políticos.

Os jornalistas destes órgãos são gratificados por uns dólares se publicarem intoxicadamente artigos aonde o nome de MPLA e JES aparecem constantemente.

Os leitores mais atentos sentem-se intoxicados em ler, ver e ouvir matérias sem fundamentos e sem conteúdos de destaques nos serviços informativos dos chamados órgãos de difusão máxima do MPLA. Assim os considero porque mais de 90% das matérias são conectadas ao partido do MPLA e a figura de José Eduardo.

Um simples acto aonde um membro do MPLA esteja presente é matéria para iniciar um noticiário central da RNA ou Machete de estampa no JA. E visível a intenção de lavar as mentes dos angolanos. Ludibriar de que muito estão a fazer em prol de Angola.

A Angop é sem dúvidas o órgão por excelência do MPLA ao serviço de do Presidente da Republica. Todos os minúsculos encontros desta cédula partidária quer a nível nacional como internacional são difundidos em primeira mão.

Será que este é o único partido que existe em Angola? Será que os seus propagandistas são coagidos pelos seus patrões para intoxicar os seus espaços com a palavra MPLA?

Os jornalistas dos órgãos do estado não praticam jornalismo. Sem contestações. Exercem propaganda política. São os alugueres da escriba de José Eduardo Dos Santos.»

Nota: Este é um artigo de P. Garcia publicado no Club-k.net. Afinal, afirma o que eu, o Jorge Eurico, o Eugénio Costa Almeida (entre muitos outros – cada vez mais) temos dito ao longo dos tempos. A verdade demora, mas acaba por chegar.

Angolanos não têm cor. Ou será que têm?

“… E depois há idiotas que parecem desconhecer que Angolanos não têm cor mas amor pelo seu País!!!”, escreve o meu amigo Eugénio Costa Almeida (http://pululu.blogspot.com/) a propósito de um (dos muitos, diga-se) energúmeno que no Club-K resolveu escrever um chorrilho de asneiras, certamente depois de ter visto um macaco quando olhou para o espelho.

“… E depois há idiotas que parecem desconhecer que Angolanos não têm cor mas amor pelo seu País!!!”. Se calhar, sejamos benevolentes, não faz sentido falar de racismo. Fará, talvez, falar de imbecilidade... pela cor da pele.

Seja qual for o qualificativo, é pena que os angolanos em vez de se dedicarem a analisar o conteúdos das mensagens prefiram matar o mensageiro tendo como razão a cor da pele.

É pena mas é verdade, infelizmente.

quarta-feira, abril 25, 2007

… foi há 33 anos. Lembras-te?


Não te sinto poeta
Que matas a liberdade
Na saudade que é dor,
Diz-me qual a tua meta,
Se odeias a verdade
Se destróis o amor.

Vem como irmão eterno,
Põe nos versos o céu
E nos sonhos a prece,
Porque a vida é inferno
Que nesse teu véu
Se sente e transparece.

Fala-me do sorriso da lua
Nas noites do teu amor
De saudades sem fim,
Não penses na flor nua
Que em pedaços de dor
Murchou no meio do capim.

Fala das noites (perd)idas
Nas praias de Benguela
Com sonhos sem idade,
Fala das acácias floridas
E do alto da nossa favela
Olha e diz-me: Saudade.

… foi há 33 anos. Lembras-te?

terça-feira, abril 24, 2007

Mais um companheiro assassinado

«Mais um companheiro se foi. O Luís Pascoal, da TPA-Huíla, foi assassinado por desconhecidos, nesta segunda feira, na (agora violenta, demais) cidade do Lubango.

Jornalista de imagem há 25 anos o Luís não resistiu aos ferimentos provocados pelos seus algozes, sem causa aparente. Alias, não há causa que justifica uma morte. Apesar das privações por que passava e não escondia isso, o Luís nunca virou a cara á luta.

Os encómios nesta altura não falham. O governo da província da Huíla foi o primeiro lamentando a morte do operador de câmara. Numa mensagem, o director provincial da Comunicação Social, João de Castro, afirmou ter sido com profunda consternação que as autoridades locais tomaram conhecimento da morte do repórter, endereçando à família enlutada e à TPA, profundos sentimentos de pesar.

Segundo a ANGOP, a polícia ainda não se pronunciou sobre o caso, uma vez estarem a decorrer as investigações. »

In http://www.serradachela.blogspot.com

Nota: A melhor homenagem a um colega é perpetuar o seu exemplo, mais do que exigir justiça num país que a não tem. Muito menos clamar por vingança (embora às vezes seja isso que nos apetece). Levará tempo a que todos percebamos que se for implementada (como no passado recente) a política de olho por olho, dente por dente, acabaremos todos cegos e desdentados.

Mari Alkatiri desmascara Ramos-Horta

O ex-primeiro-ministro timorense e secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, acusou hoje José Ramos Horta de ser um "ditador" e de "não ter capacidade" para gerir os problemas do país. Creio que Alkatiri tem toda a razão. Horta é um político de hotel de cinco estrelas e não de um país onde o povo não tem comida.

Em declarações à agência Lusa, Mari Alkatiri afirmou que Ramos Horta - seu antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e sucessor no cargo de chefe do Governo após a crise de 2006 - tem "comportamentos autoritários de ditador" e de "usar e abusar do poder de primeiro-ministro para fazer campanha".

Embora seja, na minha opinião, verdade é um mal geral de todos os países (mais ou menos) democráticos. Quando dá jeito Horta é o candidato, quando não dá é o primeiro-ministro. E em campanha as funções misturam-se consoante a conveniência.

"Pouco tempo depois de assumir o cargo de primeiro-ministro, Ramos Horta efectuou uma visita oficial ao Kuwait e recebeu ajuda humanitária em cobertores e outros bens que guardou e começou a distribuir agora em tempo de campanha eleitoral", disse Mari Alkatiri.

É uma acusação grave mas tão velha quanto a própria democracia. Em anos de eleições os impostos baixam sempre.

Alkatiri acrescentou também que Ramos Horta "não conseguiu resolver problemas que pensava serem fáceis como os deslocados, os peticionários e o caso de Alfredo Reinado e agora não é capaz de assumir a sua falta de capacidade e atribui a culpa à Fretilin quando ele é que é o chefe do Governo".

Mais umas tantas verdades. Então no caso Reinado, Ramos-Horta (e também Xanana Gusmão) deveria ter vergonha. Mas a vergonha é algo que os políticos não conhecem.

Mari Alkatiri diz também "não entender" a razão dos órgãos do Estado assumirem que Alfredo Reinado tem de ser capturado e de José Ramos Horta "afirmar que as operações deviam ser suspensas". "Isto demonstra a atitude de um ditador que pensa que pode suspender uma operação deste género", afirmou.

Pois. O problema é que, segundo a estratégia australiana, Reinado é um aliado de Horta e companhia para todo o serviço. Por isso não deve ser detido. Aliás, a forma como escapou (?) ao cerco dos militares australianos, em Sume, tem muito que se lhe diga.

Falta, contudo, saber se de facto não vamos ter Ramos-Horta na presidência e Xanana Gusmão a liderar o Governo, como querem os australianos. Se assim for, por muita razão que Alkatiri tenha (e tem) tudo vai continuar na mesma ou, talvez, de mal para pior a caminho de Camberra.

Portugal continua a esquecer
os seus ex-soldados guineenses

Ex-soldados guineenses que serviram o exército português durante a guerra colonial (1963-1974) acusaram hoje o governo de Lisboa de incumprimento dos acordos de Argel que lhes dava direito a pensões de reforma com a independência da Guiné-Bissau. Portugal, dirigido por doutores, engenheiros e licenciados, tem destas coisas. Lamentável, no mínimo.

Em conferência de imprensa, Rui Ferreira, porta-voz da Associação dos Ex-Militares das Forças Armadas Portuguesas na Guiné (AMFAP) afirmou que Portugal "tem sido cúmplice" ao lado do governo guineense "no incumprimento" dos acordos de Argel.

"Portugal tem sido cúmplice com as autoridades guineenses no incumprimento dos acordos de Argel aquando da independência da Guiné, acordos que previam o pagamento de pensões de invalidez, de sangue e reforma aos soldados que serviram Portugal", afirmou Rui Ferreira, porta-voz da AMFAP que reagrupa mais de seis mil ex-soldados.

De acordo com o dirigente da AMFAP, a situação "torna-se complicada" quando recebem indicações de Lisboa que referem quem como já não são cidadãos portugueses, o caso deve ser tratado entre os dois Estados.

"Lamentavelmente, Portugal diz agora que já não somos portugueses, esquece-se que lutamos para que hoje seja o país que é, servindo a bandeira e a Pátria portuguesas", declarou Rui Ferreira, antigo deputado à Assembleia Nacional Popular (ANP, parlamento guineense).

A acusação dos ex-soldados é dirigida também aos sucessivos governos de Lisboa, que acusam de não respeitarem uma resolução do Conselho de Ministros de 1983, na altura chefiado por Francisco Pinto Balsemão, que previa o início de programas de pagamento de pensões aos militares que serviram a bandeira portuguesa.

A própria embaixada de Portugal em Bissau não escapou às críticas dos ex-militares que acusam a representação diplomática de não os tratar com "a dignidade" que afirmam merecer.

Da parte das autoridades guineenses os ex-militares que serviram o exército português dizem receber apenas "atitudes discriminatórias" na medida em que não são abrangidos nos programas de reinserção social.

"As autoridades da Guiné-Bissau dizem que não podemos ser abrangidos nos programas de reinserção ou reintegração social por não sermos vulneráveis enquanto Portugal não resolve o nosso problema", acrescentou Rui Ferreira.

Para demonstrar a sua insatisfação pela sua situação, os membros da AMFAP prometem promover quarta-feira, dia 25 de Abril, uma "marcha silenciosa e pacifica" até a embaixada de Portugal em Bissau.

Caso a situação não tenha resposta das autoridades de Lisboa, a AMFAP promete avançar com queixas junto às instâncias judiciais no âmbito da União Europeia ou mesmo no tribunal internacional dos Direitos Humanos.

Mas, para já a associação entende que Portugal tem adoptado uma "estratégia esperta" com vista a "ganhar tempo", isto é, não pagar as pensões esperando "pela morte lenta" dos ex-soldados naturais da Guiné que serviram à sua bandeira.

"É uma estratégia esperta, mas infeliz porque não respeita à palavra dada", defendeu o porta-voz da AMFAP, para quem Portugal devia seguir o exemplo da França que volvidos mais de 40 anos continua a regularizar a situação daqueles que lutaram pela sua bandeira.

"Somos humilhados no nosso país por termos servido a bandeira portuguesa, mas agora ninguém quer saber de nós. Por isso decidimos não calar mais", disse Rui Ferreira.

domingo, abril 22, 2007

Ele aí está. De novo na crista da onda

Paulo Portas está de parabéns. Venceu e terá convencido todos aqueles que querem estar junto do poder, custe o que custar. Nestas eleições para a liderança do CDS/PP só 25% dos militantes (os que votaram em Ribeiro e Castro) se lembraram que para estar onde sempre quis estar, no poder, Paulo Portas vende tudo que tem e o que não tem.

Ou seja, vende o partido, amanhã como ontem, ao PS, ao PSD, à Constituição Europeia e a tudo o que nas feiras das vaidades o ajude a estar na crista da onda.

Já lá vão os tempos em que este mesmo Paulo Portas dizia que era alérgico a qualquer tipo de poder. 75% dos militantes do CDS/PP têm a memória curta. Muito curta.

Depois de ter abandonado o seu “O Independente” (onde, reconheço, foi um brilhante director), Portas virou-se para a conquista do mais propício trampolim político: o CDS. Como recordam 25% dos militante do partido, juntou-se a Manuel Monteiro para o apunhalar pelas costas.

Aliás, na ânsia do poder pelo poder, Paulo Portas tinha mesmo de “assassinar” Monteiro para alcançar a bênção de Durão Barroso e depois de Pedro Santana Lopes. E foi assim, como se vangloriam 75% dos militantes, que o regressado líder chegou a ministro de Estado, da Defesa e das águas profundas (do Mar).

sábado, abril 21, 2007

Lisboa e Luanda – inimigos que se toleram

As empresas francesas devem apostar em Portugal com o plataforma para os negócios em Angola, aproveitando o conhecimento dos portugueses sobre este mercado africano. Quem o diz é o presidente da Câmara de Comércio Luso-Francesa, Bernard Chantrelle. E diz bem. Falta é saber se os angolanos, considerados na maioria dos casos cidadãos de segunda no país irmão (Portugal), acreditam e sobretudo aceitam que Lisboa desempenhe esse papel.

Em declarações à margem do seminário "Portugal Como Plataforma para Negócios em Angola", Chantrelle afirmou que Angola "é um país de África diferente, mais promissor que muitos outros", mas tal ainda não é suficientemente conhecido em França.

Pois. Não admira que Angola ainda seja mal conhecida em França se, quer se goste ou não, ainda é mal conhecida em Portugal. Basta ver, por exemplo, que para a comunicação social lusa é muito mais importante o que se passa em Tashkent (capital do Uzbequistão) do que o que se passa em Luanda (capital de Angola).

Segundo Bernard Chantrelle, em França "há um interesse crescente por Angola, mas falta conhecimento das oportunidades que o mercado oferece", acrescentando que "não há sector que não seja interessante em Angola".

É exactamente isso. Todos os sectores são interessantes, mau grado Portugal continuar a dormir na forma, valorizando mais as relações com Marrocos, por exemplo, e dando como adquirido que em Angola são favas contadas. Mas não são. Os angolanos sabem bem o que querem e, é claro, também conhece o provérbio: Amigos, amigos, negócios à parte.

"Quando as pessoas abordam o mercado novo é sempre melhor ir em boa companhia" e "a importância do comércio entre Portugal e Angola gerou melhor conhecimento do mercado, que ajuda evidentemente as empresas, afirmou Bernard Chantrelle.

Esta afirmação encerra uma boa dose de boa educação e simpatia. Paris sabe que, no caso de Angola, Lisboa até não é grande companhia. Quem ainda não percebeu que é má companhia foi Portugal, que não os portugueses. Os portugueses e os angolanos são um povo irmão. Lisboa e Luanda são (mais por culpa da primeira) inimigos que se toleram.

sexta-feira, abril 20, 2007

Licenciados, sim. Cultos, nem por isso

Portugal continua a ser um exemplo. Em termos absolutos tem mais advogados do que a França, embora tenha seis vezes menos população. Não está mal. Seja para o que for, exige que todos os que procuram trabalho sejam licenciados. Mesmo que o sejam em Relações Internacionais e vão desempenhar funções de Secretariado. A síntese é simples: O nível cultural é diametralmente oposto ao nível, e ao número, de licenciados.

Há cursos, supostamente superiores, para todo o género de coisas, mesmo quando são coisas que ninguém sabe para que servem. Mas dão sempre direito ao orgasmo máximo do “dr.” que, reconheço, é meio caminho andado para se ser deputado, caixa de um hipermercado ou primeiro-ministro.

Conheço gente de alto nível cultural, alguns também licenciados, que são motoristas de táxi, repositores de produtos em supermercado, fazedores de embrulhos em lojas e, é claro, desempregados.

Mas também conheço políticos e similares, alguns também licenciados (deputados, autarcas, administradores de empresas públicas, institutos etc.) que deveriam ser motoristas de táxi, repositores de produtos em supermercado, fazedores de embrulhos em lojas e, é claro, desempregados.

A diferença entre eles não está na origem do “dr.” (quem diz doutor, diz engenheiro) mas nas ligações partidárias que, a par ou não da licenciatura, são muito mais do que meio caminho andado para se ter um bom tacho.

Curiosamente, ou talvez não, os que vegetam em empregos marginais têm níveis culturais muito acima da média dos que ocupam lugares de relevo na sociedade pública/estatal portuguesa.

Na minha opinião, enquanto Portugal valorizar da forma que o faz a importância de um qualquer curso superior (feito ou comprado), relegando a capacidade profissional e, já agora, a cultura, para as calendas socratianas, continuará a ser o último dos desenvolvidos ou, como certamente diria o conhecido licenciado em Engenharia Civil que chefia o Governo português, o primeiro dos subdesenvolvidos.

quinta-feira, abril 19, 2007

Didinho volta a ser ameaçado de morte

«Há pessoas que ainda não perceberam que o medo não faz parte da minha vida», afirma Fernando Casimiro (um guineense e africano do mais alto nível intelectual), desafiando os que teimam em pôr a razão da força acima da força da razão. Ou seja, todos aqueles que – como agora volta a acontecer – o ameaçam de morte. O único “crime” que o Fernando Casimiro (Didinho) comete é amar a Guiné-Bissau.

«Feliz ou Infelizmente, posso afirmar que já estive na fronteira entre a vida e a morte e de um estado de coma profundo durante 4 dias em 1999, que não me recordo como foram, mas que me foram confirmados, ressurgi nesta versão de Missão que me tem caracterizado e impulsionado no relacionamento com os meus irmãos guineenses em particular e com o Mundo em geral”, recorda o Didinho .

«Assassinar alguém não é um acto de coragem, mas sim um acto de cobardia! Podem continuar a ameaçar, intimidar, insultar ou caluniar, conforme os casos, que a minha Missão é para continuar, cada vez com mais dinamismo!», esclarece com a coragem que o caracteriza.

Sempre que alguém, e felizmente o Didinho não está só nessa luta, resolve dizer algumas verdade sobre o ditador Nino Vieira, logo surgem os lacaios do presidente guineense a ameaçar e até, como no passado, a matar mesmo.

É claro que tudo acontece perante a passividade da comunidade internacional, nomeadamente da ONU e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. E, também neste caso, tão ladrão é o que entra em casa como o que fica de guarda.

Por isso, da ONU à CPLP, todos são responsáveis. Duplamente responsáveis. Seja pelo que possa acontecer ao Fernando Casimiro, seja pela manutenção no poder de um ditador como Nino Vieira.

«Um abraço ao Orlando Castro!»

«Para mim é um dos “bloguistas” de primeira hora. Luso- angolano, com grandes referencias para as terras de Epalanga, Mutu e Katyavala. Li e reli os seus textos, inflamados de verdade, volta e meia, transportando alegria, mas cáusticos para com o “sistema de coisas” que observamos estar a fazer morada entre nós!

Eis o abraço ao Orlando Castro!

O senhor, algures pelo norte de Portugal, nunca virou a casaca, uma das coisas que me faz admirar o “escriba”, antes do homem. A meu ver, a treta (entenda-se como fronteira) entre o escriba e o homem é ténue. Em Angola ainda é maior, pois, os “ poucos que têm muito tentam até comer as cabeças e barrigas dos muitos que nada têm. Grande pena! Ainda bem que onde haver uma verdade, tentem os “opressores”, a verdade permanecerá.

Eis o abraço ao Orlando Castro!

Em tempos, numa dessas noites estive a conversa com um dos mais destemidos jornalistas angolanos. Questionei-lhe sobre o Orlando Castro. Falamos e falamos. Por pouco comprometíamos o horário que estabeleceu com um confrade meu na Rádio Ecclésia, onde trabalho, para uma resenha crítica sobre a actualidade africana.

Acredite, pois, meu caro Orlando, este foi o mote para vários minutos de amena cavaqueira sobre o jornalismo. Algumas dessas notas lançadas no (muito) visitado http://www.altohama.blogspot.com.

O nosso “dedo de conversas” (e ele sabe, o meu interlocutor, que devia escrever sobre isso) foi sobre reviravoltas do nosso jornalismo, quedas, contra-quedas e a necessidade de sermos firmes, mesmo com a “pena” prestes a ser devorada por um leão faminto….

Eis o abraço ao Orlando Castro!»

In http://serradachela.blogspot.com/

Nota: Obrigado meu caro irmão e companheiro Manuel Vieira. Tal como tu, sou Jornalista por convicção e não por conveniência. É por isso que, tal como tu, entendo que quem não vive para servir não serve para viver. Pena é que, sobretudo na nossa terra, os poucos que têm milhões se esqueçam dos muitos milhões que têm pouco, ou nada. É para inverter esta situação que nós, Jornalistas, existimos. Um forte kandandu. Estamos juntos.

quarta-feira, abril 18, 2007

Confusão no prato vazio dos Timorenses

«A qualidade a que Orlando Castro nos habituou, quer no Jornal de Notícias, quer no Alto Hama, torna irresistível que o transcrevamos e aproveitemos a “boleia” do seu poder de síntese e da sua frontalidade numa escrita lavada por análises incisivas, que procuram desmembrar os jogos fáceis e abomináveis de políticos presunçosos e desprovidos da humanidade imprescindível para ouvir os clamores por justiça, somente justiça. Mais uma vez Timor sai na baila e as eleições são vedeta, melhor, os resultados das eleições, com os condimentos que têm por detrás e as nuvens negras que têm pela frente. »

In http://timorlorosaenacao.nireblog.com/

Nota: Obrigado amigos. Dizer o que penso ser a verdade é, se é que é, a melhor qualidade de quem acredita que o poder das ideias vale mais (muito mais) do que as ideias de poder.

Gasolina portuguesa é das mais caras do mundo

O que têm em comum países como a Eritreia, Coreia, Dinamarca e Portugal? Segundo o relatório ontem publicado pelo Banco Mundial (BM) são as economias com a gasolina mais cara do globo.

Em 2006, mostra o estudo do BM, o litro de gasolina estava a ser vendido a uma média de 1,56 dólares em Portugal, mais do que na Finlândia ou Alemanha. Em Espanha, a mesma medida custa 1,15 dólares, diferença que explica, por exemplo, a corrida dos automobilistas portugueses ao outro lado da fronteira para atestarem os depósitos dos carros, adianta o «Diário Económico».

Como seria de esperar, o combustível é dramaticamente mais barato nos países produtores de petróleo: é o caso da Venezuela, que aparece a liderar no fundo da tabela dos preços, onde o litro custa apenas 30 cêntimos de dólar.

O documento, uma colectânea dos principais indicadores de desenvolvimento económico e social, mostra ainda que Portugal é tendencialmente menos eficiente no uso da energia do que há 15 anos: em 1990, com um quilograma de petróleo equivalente a economia conseguia produzir 7,9 dólares de riqueza (PIB a preços de 2000, em paridade de poder de compra). Em 2004, a mesma quantidade de energia apenas deu para produzir 7,1 dólares de riqueza.

In http://www.agenciafinanceira.iol.pt/

Nota: Sem comentários.

terça-feira, abril 17, 2007

Portas explica as razões que devem fazer
com que Ribeiro e Castro lidere o CDS/PP

O candidato à liderança do CDS-PP (Portugal) Paulo Portas afirmou hoje que quer um partido com "uma atitude contemporânea", recusando deixar apenas à esquerda matérias como o ambiente, a ciência ou a cultura. Tem razão. Por isso é que Ribeiro e Castro deve continuar a ser o líder do partido.

"Só por distracção do centro-direita é que questões como o ambiente, a cultura e a ciência são entregues, por falta de comparência, à esquerda ou às esquerdas", defendeu Paulo Portas. Por isso é que Ribeiro e Castro deve continuar a ser o líder do partido.

"Quero que o centro-direita e, portanto, o CDS seja um partido com uma atitude contemporânea e isso significa ser exigente em matérias como o ambiente e a s alterações climáticas, ser inovador e aberto à ciência e ser cosmopolita em relação à cultura", explicou Portas. Por isso é que Ribeiro e Castro deve continuar a ser o líder do partido.

segunda-feira, abril 16, 2007

Com o William Tonet quando e onde for preciso

No dia 3 de Janeiro, sob o título «O exemplo de William Tonet – Herói do Jornalismo angolano», escrevi o texto que a seguir volto a publicar, acrescentando a azul o que, agora que o conheci pessoalmente, acho por bem.

Perguntei hoje à minha sombra (velha companheira dos dias sem pão e dos pães sem dias) se concordava em que eu escrevesse algo a dizer que o Jornalista angolano William Tonet é um herói do verdadeiro Jornalismo em Angola. A resposta foi lapidar: “Sem dúvida” (mal fora se ela dissesse o contrário). E se estamos de acordo, é mesmo sobre isso que vou escrever.

Uma rápida consulta ao dicionário permite-me dizer que herói é "um homem extraordinário pelas suas qualidade guerreiras, triunfos, valor ou magnanimidade".

Enquadra-se, digo eu. O Tonet (que, vejam só, não conheço pessoalmente) há muito que mostrou ter qualidades guerreiras. Se assim não fosse não teria sobrevivido à “selva” onde exerce a sua profissão. Triunfos? Sim, teve muitos, destacando-se desde logo o facto manter um jornal independente e uma coluna vertebral erecta.

Magnanimidade? Também. Mas esta é uma explicação que, no meu caso pessoal, reservo para mais tarde. Isto significa boas novidades (espero) muito em breve.

Herói também é “o protagonista ou personagem principal de uma obra literária”. Não é, por enquanto, o caso. Sê-lo-á certamente um dias destes. Hoje é apenas o protagonista deste meu humilde texto.

Acredita, meu caro Tonet, que essa tua tenaz luta para dar voz aos que a não têm é um acto de heroicidade, por muito que isso custe a alguns supostos heróis... de pés de barro.

Como também és daqueles que nunca serão derrotados porque nunca deixarás de lutar, mereces este reconhecimento (se bem que pouco útil te seja!).

Continuemos, por isso, a fomentar a criação de pulgas...

Nota: Nada está a azul? Pois não. Mantenho tudo o que disse, sem alterar uma vírgula.

domingo, abril 15, 2007

MPLA, Angolagate, Jornal de Angola
- É tudo farinha dos mesmos sacos

A decisão da Justiça francesa de pedir julgamento dos envolvidos no caso "Angolagate", sobre a venda ilícita de armas ao governo de Angola (MPLA) entre 1993 a 2000, foi alvo de dura reacção por parte do diário oficial do MPLA/governo que, como todas as boas vozes do dono, acusa a França de "desprezar os amigos africanos". De facto, os amigos não devem ser acusados, mesmo quando para combater uma guerrilha que actua no interior do país se compram navios de guerra.

Em artigo de página inteira, o director do Jornal de Angola, José Ribeiro, afirma o que dele esperava o MPLA, ou seja, que "as relações franco-angolanas voltaram a sofrer um novo golpe" com a acusação formal da Procuradoria de Paris, em 28 de Março, contra 42 pessoas envolvidas no "Angolagate".

O jornalista oficial do diário oficial considera que é possível concluir que "o Estado angolano protege os amigos franceses", enquanto "o Estado francês despreza seus servidores e amigos africanos".

É uma conclusão verdadeira. Andaram milhões de angolanos a passar fome, como ainda hoje passam, para que o regime ditatorial do MPLA comprasse armas aos franceses, ou via franceses, ou com a conivência dos franceses, para agora serem esquecidos por Paris?

Isso não se faz, como diz o jornalista oficial do diário oficial de Angola, a ninguém, muito menos aos “servidores e amigos africanos”.

Estabelecendo uma relação temporal entre a decisão da Procuradoria de Paris e o facto de o presidente francês, Jacques Chirac, estar em término de mandato, José Ribeiro afirma que "possivelmente tenha de se esperar pelo resultado da eleição para saber se o próximo líder francês saberá fazer o que Chirac não fez no relacionamento entre França e Angola".

Isto do saber fazer quer dizer, se bem interpreto o jornalista oficial do diário oficial de Angola, deixar tudo em águas de bacalhau ou, talvez, dar uma medalha de honra, mérito e por aí fora ao regime que então, como agora, continua a estar-se mas tintas para os milhões de angolanos que nada têm.

O motivo, segundo o director do Jornal de Angola, é que "a decisão da Procuradoria de Paris de acusar 42 personalidades" irá forçar a permanência do actual status "nas relações franco-angolanas", que seguirão "muito frias". Olhem que o jornalista oficial do diário oficial de Angola sabe o que diz. Ou melhor, sabe bem reproduzir o que lhe mandam dizer.

Entre os 42 acusados estão Jean-Christophe Miterrand, filho do ex-presidente francês François Miterrand, e os empresários Pierre Falcone e Arcady Gaydamak, ambos com passaporte angolano. E, é claro, não faz o mínimo sentido acusar gente que tem passaporte angolano. Ainda se fossem dos que vendiam armas à UNITA, ainda se aceitaria. Agora aos que as venderam ao MPLA/FAPLA/FAA? Francamente.

Os suspeitos, acusa a Procuradoria, teriam recebido "luvas" do empresário Pierre Falcone para facilitar o tráfico de armas da Leste Europeu para uma parte de Angola. Sim. Não se fala de venda de armas para Angola. Em rigor deve falar-se, neste caso, de armamento para o governo de Luanda, para o governo de Eduardo dos Santos, para o governo do jornalista oficial do diário oficial de Angola.

sábado, abril 14, 2007

Confusão made in Austrália abalroa Timor-Leste

Timor-Leste vive momentos complicados. O milagre da multiplicação dos votos tem agora uma nova versão neste país (ainda) da Lusofonia. Ninguém se entende. Observadores internacionais, sejam da CPLP ou da União Europeia, dizem às segundas, quartas e sextas uma coisa; às terças, quintas e sábados outras. Por coincidência os problemas só começaram quando se descobriu que Lu Olo, candidato da Fretilin, ia ser o vencedor da primeira volta. Coincidências…

É que, com o desenrolar da contagem dos votos, ficou a perceber-se que objectivo primordial de Xanana Gusmão e de Ramos-Horta, que era dar o golpe fatal na Fretilin, falhou totalmente. Não sei se isso é bom para a democracia timorense. Sei, contudo, que a eventual vitória de Lu Olo é uma espinha na garganta australiana. E isso é algo que Camberra nunca aceitará.

Por mim, permitam-me a sinceridade, quantas mais espinhas os timorenses enfiarem na goela dos australianos, melhor.

Se com o milagre dos votos a Austrália não conseguir dar a vitória total, maioritária e inequívoca a Ramos-Horta, ainda será possível jogar forte e feio para que Lu Olo não passe à segunda volta. Se tal não for possível, aí sim, aparecerá novamente em cena o major Alfredo Reinado.

Não há muito tempo, foi no dia 27 de Novembro do ano passado, o presidente da República de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse que a direcção da Fretilin hipotecou a soberania nacional.

Xanana, que agora quer ser primeiro-ministro de um país presidido por Ramos-Horta, acusou o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, o presidente, Francisco Guterres "Lu Olo", o vice-presidente, Rogério Lobato, e o militante histórico Roque Rodrigues "de terem hipotecado a soberania do país".

"Quem hipotecou a soberania? Só os ilustres doutores da Fretilin é que devem responder a esta pergunta! E eu posso ajudar. Foi o vosso camarada Presidente, senhor Lu Olo, foi o vosso camarada secretário-geral do partido, Mari Alkatiri, foi o vosso camarada vice-presidente do partido, Sr. Rogério e o vosso camarada Roque Rodrigues. Eles hipotecaram a soberania do país", disse, textualmente, Xanana Gusmão.

A Austrália começou cedo a colocar a confusão no prato vazio dos timorenses. Pelos vistos, nem os líderes timorenses, nem os líderes lusófonos (os outros querem lá saber disso) perceberam que os timorenses apenas querem alguma coisinha para comer.

quinta-feira, abril 12, 2007

Cabinda ainda (re) existe

A comunidade cabinda em Kinshasa criticou o "silêncio" da União Africana (UA) e da ONU sobre Cabinda, enclave angolano entre os dois Congos, e apelou a estas organizações para que forcem Luanda a acabar com os massacres. Então como é? E a Comunidade de Países de Língua Portuguesa? E Portugal? Estão todos à espera que o burro aprenda a viver sem comer?

Em comunicado divulgado em Kinshasa, a comunidade de Cabinda na capital congolesa democrática exige à UA e à ONU a aplicação da resolução 1.514, adoptada pela Assembleia Geral da ONU, a 14 de Dezembro de 1960.

Os cidadãos do enclave angolano, rico em petróleo, instam os agentes humanitários e os defensores dos direitos humanos a intervir em Cabinda (território ocupado por Luanda), assolada por uma guerra de secessão dirigida pela Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) desde 1975.

No comunicado, a comunidade de Cabinda em Kinshasa "deplora o silêncio do Conselho de Segurança da ONU e da Comissão da UA" sobre a questão e "saúda a resistência heróica do seu povo, vítima de uma hegemonia criminosa".

E a Comunidade de Países de Língua Portuguesa? E Portugal? Estão todos à espera que o burro aprenda a viver sem comer?

A 1 de Agosto de 2006, o governo angolano e os independentistas do Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD) assinaram um memorando de entendimento, quadro que levou o Parlamento angolano a aprovar uma Lei de Amnistia para paz e reconciliação em Cabinda que, para mim, significa capitulação.

Nos termos do acordo, as antigas unidades separatistas foram incorporadas nas Forças Armadas Angolanas (FAA) e na Polícia Nacional, enquanto os que o desejarem serão inseridos na vida civil.
O acordo prevê também um estatuto especial para Cabinda e a nomeação de dirigentes do FCD em postos no governo central.

Este acordo foi rejeitado pelo presidente da FLEC, Henrique N'Zita Tiago, argumentando que o presidente do FCD, António Bento Bembe, não tinha legitimidade para assinar o documento, dado que havia sido exonerado do cargo.

Com uma superfície de 700 quilómetros quadrados, Cabinda é um antigo protectorado português que passou pela força das armas (e, é claro, do petróleo) a ser parte integrante do território de Angola após a independência do país, a 11 de Novembro de 1975.

Desde então, Cabinda é palco de uma luta armada independentista liderada pela FLEC, que alega (e bem) que o território ainda é um protectorado português nos termos do Tratado de Simulambuco, assinado a 1 de Fevereiro de 1885 entre Portugal e os príncipes e governadores locais.

Encravado entre o Congo e a RD Congo, este enclave, também cobiçado pela Bélgica, França e Inglaterra durante a colonização portuguesa, fornece 60 por cento da produção petrolífera de Angola actualmente estimada em 1,6 milhões de barris/dia.

quarta-feira, abril 11, 2007

Primeiro-ministro da Guiné-Bissau
(re) confirma verdades do Didinho

O primeiro-ministro indigitado da Guiné-Bissau, Martinho N'Dafa Cabi, disse hoje que as principais prioridades do seu Governo vão ser o combate à corrupção e ao narcotráfico para voltar a dar credibilidade ao executivo do país. Gostei de ver que o primeiro-ministro reconhece agora o que o meu amigo Fernando Casimiro, Didinho, tem afirmado há muito tempo no Notícias Lusófonas.

"Estamos no limiar daquilo que é um Estado normal. Portanto, se queremos conquistar a credibilidade de Estado temos de lutar sem tréguas contra a corrupção e isso vai ser uma das nossas maiores tarefas", afirmou Martinho N'Dafa Cabi.

É verdade. Agora como há muito afirma o Didinho (na foto), mau grado serem verdades incómodas que, contudo, podem ser uma solução para o problema guineense e não, como tem defendido Nino Vieira, um problema para a solução.

"Na Guiné-Bissau nunca ninguém foi preso por delitos económicos, mas isso vai mudar", disse o primeiro-ministro indigitado, salientando saber que vai ter muitas "barreiras" pela frente.

Tem, sim senhor, muitas barreiras. E ao dizer o que disse mostrou coragem que, contudo, lhe pode sair cara. Duvido que Nino goste desta tão precisa radiografia.Segundo N'Dafa Cabi, nomeado por decreto presidencial na segunda-feira e que toma posse na próxima sexta, outro dos objectivos do novo Governo será o combate ao narcotráfico na Guiné-Bissau, referida como "placa giratória" do circuito da droga proveniente da América do Sul com destino à Europa.

Pois. Com uma precisão e fundamentação inquestionável, o Didinho teve, como continuará a ter, razão antes do tempo. Mas, como agora se comprova, a força da razão é sempre mais forte do que razão da força."

Actualmente, o nosso Estado só funciona em Bissau. No resto do país não há nada. É uma zona frágil, por isso é que entra aqui droga", disse Martinho N'Dafa Cabi, acrescentando que "se fizermos funcionar o Estado em todos os lados da Guiné-Bissau passamos a controlar vários aspectos, fundamentalmente a questão do narcotráfico, que é extremamente perigosa para o nosso país".

Todos, esperamos para ver. Não é meu caro Didinho?

terça-feira, abril 10, 2007

Do Ruanda a Darfur ou a Mogadíscio
- Como quem morre são os pretos…


Mais de 1.000 civis morreram e cerca de 4.000 ficaram feridos em combates recentes em Mogadíscio, de acordo com um balanço hoje divulgado pelos chefes do clã Hawiye, o mais importante da capital somali. Os combates, que opõe o exército etíope, aliado do governo da Somália, aos rebeldes, têm sido frequentes em Mogadíscio e agudizaram-se durante os últimos quatro dias. Mas o que é que isso importa?

Tal como no Ruanda ou em Darfur, são pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada.

O balanço, apresentado por uma comissão do clã Hawiye, foi difundido por uma emissora local, a rádio Shabelle, de acordo com a qual as vítimas foram mortas numa área de apenas 10 quilómetros quadrados em Mogadíscio. A rádio atribuiu estas mortes a "forças da Etiópia e do governo interino".

Nos últimos quatro dias de confrontos registaram-se mais de 1.000 mortes civis, "incluindo criança, mulheres, idosos e jovens", e mais de 4.300 feridos, entre ligeiros e graves, acrescentou a rádio.

O mesmo balanço refere que 1,4 milhões de pessoas, metade dos habitantes civis da capital, tiveram de abandonar as suas casas por razões de segurança.

Tal como no Ruanda ou em Darfur, são pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada.

"Todos eles precisam de água, alojamento e comida", indica o comunicado, destacando que nos combates foram destruídos e encerrados pelo menos seis centros médicos, 275 escolas, 13 universidades e 1.096 escolas de estudos islâmicos.

A comissão do clã Hawiye apelou às organizações internacionais "para que enviem uma missão à Somália para investigar as mortes em Mogadíscio e castigar os responsáveis".

A Somália vive sem um governo efectivo desde 1991, quando foi destituído o ditador Mohamed Siad Barré.

Forças etíopes invadiram o país a 24 de Dezembro passado para expulsar do território as milícias dos tribunais islâmicos.

Milicianos islâmicos combatem agora clandestinamente os soldados etíopes, com os mesmos objectivos do clã Hawiye, ao qual pertencem a maioria dos habitantes de Mogadíscio e um em cada quatro somalis.

A União Africana quer enviar uma missão de paz de 8.000 soldados para que a Somália possa regressar à normalidade mas até agora só conseguiu reunir 1.800 militares, de nacionalidade ugandesa, que já se encontram em Mogadíscio.

Tal como no Ruanda ou em Darfur, são pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada.

Polícia não quis pagar duas Cucas
e por isso matou a tiro o vendedor

Conta o Apostolado, citando a Rádio Ecclésia, que António Kananguego, de 27 anos de idade, foi morto por um agente da polícia que se recusara a pagar as duas Cucas que tinha bebido.

A cena sucedeu sábado passado defronte a IX Esquadra do município de Sambizanga unidade a que pertencia o citado agente) e local onde o finado costuma vender bebidas frescas.

«O moço estava a cobrar o dinheiro de duas Cucas (cervejas desta marca), que são 100 Kwanzas. O polícia não queria dar o dinheiro. Sacou a sua pistola e disparou na cabeça do moço. O moço teve morte de imediato», contou um familiar abonado por várias testemunhas oculares.

Segundo o mesmo familiar, o finado era um recém emigrado a Luanda, tendo deixado a esposa em Benguela, sua província de origem. A preocupação agora é levar a notícia ao conhecimento dos familiares que ficaram em Benguela e os encargos do funeral, devido a falta de meios que era minimizado pelo comércio ambulante.

Falta dizer, para quem ainda tivesse dúvidas, que tudo isto se passou em Angola.

O "Público" e a república (portuguesa) das bananas

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) condenou o jornal Público a pagar uma indemnização de 75 mil euros ao Sporting por ter divulgado uma notícia verdadeira, sobre a dívida que o clube tinha ao Estado, desde 1996. Não está mal. A república das bananas começa a ganhar forma.

Apesar de o teor da notícia ter sido dado como provado, os conselheiros da sétima secção cível do tribunal entenderam que o Sporting foi lesado no seu «bom-nome e reputação», salientando que «é irrelevante» que o facto divulgado «seja ou não verídico».

Então, que fique claro. A república das bananas decreta que «é irrelevante» qualquer notícia verdadeira.

De acordo com a edição do Correio da Manhã, o clube leonino processou o diário em 2001, mas, realizado o julgamento, os jornalistas foram absolvidos. O Sporting, então presidido por Dias da Cunha, recorreu da decisão e, em Setembro de 2006, o Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a decisão da primeira instância.

Ridículo? Não. De maneira alguma. Só seria ridículo se fosse num Estado de Direito. Como é numa república das bananas…

Contudo, após novo recurso, o Supremo veio agora contrariar as duas decisões anteriores. Os conselheiros concluíram que os jornalistas agiram de «modo censurável do ponto de vista ético-jurídico», entendendo que o direito à honra se sobrepõe ao dever de informar.

A república das bananas decreta que dizer a verdade «é censurável do ponto de vista ético-jurídico».

Os responsáveis pela publicação dizem-se perplexos com esta decisão, garantindo que vão recorrer ao Tribunal Europeu. «Esperamos que o Estado português seja condenado a pagar uma indemnização ao Público», disse o director do jornal, José Manuel Fernandes.

Pagar uma indemnização? Isso só seria possível se Portugal fosse um Estado de Direito. Como é uma república das bananas…

Contudo, o STJ reitera a sua decisão, declarando que «a ênfase que a Declaração universal dos Direitos do Homem dá ao direito à honra e à reputação no confronto com a menor ênfase dada ao direito de expressão e de informação, mostra que o último é limitado pelo primeiro».

Pois. Só falta recuperar a velha regra de «visado pela comissão de censura e a bem da Nação».

segunda-feira, abril 09, 2007

Pôr do sol no Namibe e poema de António Jacinto

Naquela roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações;
Naquela roça grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.
O café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado.
Negro da cor do contratado!
Perguntem as aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem se levanta cedo? quem vai a tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta angolares
"porrada se refilares"?
Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
- Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar
maquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?
Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande - ter dinheiro?
- Quem?
E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:
- "Monangambééé..."
Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras
- "Monangambéé...'"


António Jacinto
(Poemas, 1961)

E lá vamos cantando e rindo…

Francisco Sarsfield Cabral, director da Rádio Renascença, confirma que na manhã em que o PÚBLICO contava a forma como o primeiro-ministro obtivera o seu diploma de licenciatura na Universidade Independente, "ligaram várias vezes para [o director da Renascença] e para a redacção a protestarem". Quem ligou? Assessores do primeiro-ministro. Porquê? Porque na estação de rádio mais ouvida em Portugal - e que era a única que estava a pegar nas informações do PÚBLICO - o pivot rematava assim a peça: "Engenheiro não! Licenciado... talvez."

A notícia veio no Expresso: Outro director, Ricardo Costa, responsável pela SIC-Notícias, assume que também recebeu um telefonema de um José Sócrates "furibundo" depois de um jornalista da estação ter perguntado a um ministro se este achava bem que o primeiro-ministro estivesse de férias de luxo, quando pedia sacrifícios aos portugueses.

Ricardo Costa dá outros detalhes: ainda antes de a notícia do PÚBLICO sair, o gabinete do Governo fez vários telefonemas a dizer que "o tema não era assunto". Mais adiante o mesmo jornal informa que nesses telefonemas se insinuava que a investigação do PÚBLICO resultaria de a Sonae ter perdido a OPA sobre a PT.

Em entrevista ao Correio da Manhã, o ministro com a tutela da Comunicação Social, Augusto Santos Silva, justifica as suas medidas repressivas em nome do fim do "jornalismo de sarjeta".

“Direi que quando o patrão manda, o director obedece e acciona a cadeia de transmissão onde, no final, há sempre um redactor que faz o trabalho. Depois, há o fenómeno da imitação, tão comum no jornalismo português. Se o "vizinho" aborda um assunto, os outros imitam-no, principalmente se for um dos ditos jornais de referência. Até as televisões copiam os jornais”, escreve Carlos Narciso.

“Assiste a um novo fenómeno - a chegada dos directores-capatazes, indivíduos mal-encarados e pior formados que gozam da confiança dos superpatrões que hoje controlam a Comunicação Social portuguesa e que têm os jornalistas metidos num colete de forças, sem qualquer margem de manobra e obrigados, de facto, a aceitarem toda a espécie de diatribes, sob o risco de serem pura e simplesmente colocados na prateleira ou, pior ainda, despedidos”, afirmou ao Notícias Lusófonas, em 14 de Fevereiro de 2006, o jornalista (Carteira Profissional 954) Jorge Monteiro Alves.

E assim se faz a história do moderno jornalismo português na europeia democracia portuguesa…

sábado, abril 07, 2007

Ramos Horta, Xanana e companhia
- Os homens ao serviço da Austrália

José Ramos Horta pode, dentro de algumas horas, ser eleito presidente da República de Timor-Leste. Xanana Gusmão pode, dentro de alguns meses, ser eleito primeiro-ministro. Ou seja, mais coisa menos coisa, vai ficar tudo na mesma. Sendo que, na minha opinião, este “na mesma” significa sob a tutela dos australianos.

Depois de tomar conta de um país que continua a considerar ser o seu quintal, a Austrália marca pontos sempre que quer, seja a proteger a fuga do major Alfredo Reinado, seja a encostar à parede quem fale português.

Ramos Horta e Xanana Gusmão ou não compreenderam que os australianos não são uma solução para o problema, são, isso sim, um problema para a solução ou, quem sabe, estão a fazer o jogo do seu poderoso vizinho.

Talvez por querer pôr os timorenses acima de qualquer outro interesse é que Mari Alkatiri foi derrubado. Ou seja, foi mais fácil demitir o primeiro-ministro do que prender um major rebelde.

"Os timorenses têm que aprender a resolver os seus problemas e não continuar à espera de que a comunidade internacional faça tudo por eles", declarou o ministro australiano de Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, em Setembro do ano passado.

Downer tinha e continua a ter razão. Os problemas são para os timorenses, o petróleo (entre outras riquezas) é que é para a Austrália. Tão simples quanto isso.

Quando, e se, o major Alfredo Reinado disser tudo o que sabe (não só sobre a fuga da cadeia) ver-se-á que Camberra tem culpas no cartório. Muitas culpas. Fica-me, contudo, a certeza de que Reinado só está vivo porque isso interessa à Austrália.

"Os timorenses agora são uma nação independente e têm de ser responsáveis pelos seus assuntos internos", acrescentou o chefe da diplomacia australiana numa afirmação digna de registo do anedotário internacional.

Nação independente? Não. Não brinquem com a minha chipala. Vão, com certeza, continuar a brincar com Ramos Horta e com Xanana Gusmão, mas não gozem com os outros.

Não vão? Veremos. Não será preciso muito tempo para que os “cães de fila” da Austrália mostrem a sua ferocidade.

Na Foto, o autor quando há uns anos entrevistou José Ramos Horta.

quinta-feira, abril 05, 2007

As razões de um (mau) Estado
ou um Estado com más razões

«Percebo muito bem as motivações do ministro que me exonerou (ora aqui está um belo termo para despedimento!) mas lamento a frieza, a desumanidade e a incompreensão reveladas por ele e por muitos dos jornalistas que trataram este caso», escreve Carlos Narciso a propósito da guia de marcha que, tendo no âmago o caso UnI/José Sócrates, lhe foi entregue pelo ministro Augusto Santos Silva.

Ao que me parece, os governos têm para muitos jornalistas um fatal poder de atracção. Carlos Narciso, por razões certamente respeitáveis, passou para esse lado da barricada e foi a primeira vítima de um governo que, pelo menos até agora, se julgou o único dono da verdade.

O que aconteceu ao Carlos Narciso é o que acontecerá a todos aqueles que ousem pôr o poder das ideias acima das ideias de poder. Ou, dito de outra forma, saibam contar até 12 sem terem de se descalçar.

Numa entrevista dada do Notícias Lusófonas, em 16 de Fevereiro de 2006, sob o título “Sinergias de grupos põem jornalistas no desemprego”, Carlos Narciso dizia que em algumas situações “os jornalistas têm-se demitido do exercício da profissão para passarem a “assessores” encapotados de interesses vários”, acrescentando que “a necessidade de vencer tem ajudado a aliviar a má consciência de alguns jornalistas”.

E é, quanto a mim, nesses “interesses vários” e na “má consciência” que o Carlos Narciso terá de encontrar, se é que já não encontrou, explicação para a exoneração que lhe bateu à porta.

”Cometi o erro de ter sido sensível ao pedido de ajuda de um professor. De uma pessoa por quem tinha estima e que, afinal, se revelou um homenzinho fraco. Cometi o erro de ter tentado ajudar a amenizar as convulsões que se abateram sobre a Universidade Independente, com a agravante de não ter conseguido manter a frieza perante um problema que me afectava pessoalmente”, explica Carlos Narciso.

Mas, se apesar das explicações, o ministro optou pela exoneração, para mim é igualmente certo que também ele é um homenzinho fraco, mau grado a sua brilhante dialéctica e sublime forma de confundir a beira de estrada com a Estradada beira.

Na referida entrevista, Carlos Narciso afirmou que “o acesso à profissão (jornalista) continua no livre arbítrio proporcionado pelos laços familiares, pelas amizades, conhecimentos pessoais e não por questões técnicoprofissionais relacionadas com a formação e a aprendizagem.”

Pois é, meu caro. Como sentiste na pele, também o “acesso à profissão (aqui de político) continua no livre arbítrio proporcionado pelos laços familiares, pelas amizades, conhecimentos pessoais e não por questões técnicoprofissionais relacionadas com a formação e a aprendizagem”.

Cinco anos depois, o regresso à memória

Ter memória é, cada vez mais, uma chatice. Numa sociedade em que vale tudo, a memória deixou de ser uma mais-valia. Mesmo assim, continuo a pensar que ela é a solução para muitos problemas, mesmo quando aqueles que a enterraram nas latrinas da mesquinhez dizem que é um problema para a solução. Perdida que está, ou quase, a minha esperança na sociedade portuguesa, o melhor é acreditar que a angolana ainda tem salvação.

Vem isto a propósito do que escreveu, em Fevereiro de 2002, o jornal sul-africano "The Star". Dizia e bem que a morte de Jonas Savimbi constituiu uma "má notícia" para José Eduardo dos Santos por abrir o caminho para a paz e impedir o enriquecimento do presidente angolano à "sombra" da guerra.

Cinco anos depois, o regresso à memória mostra a verdade desta visão.

Em editorial, na primeira página, o editor de política do principal diário sul-africano, Khatu Mamaila, citava a organização internacional "Global Witness" para sublinhar que a "escala de corrupção" é elevada em Angola e que a guerra tinha servido os interesses privados de responsáveis angolanos.

"O presidente angolano beneficiou imensamente com a guerra tornando-se num dos homens mais ricos do Mundo", denunciava o editor sul-africano, antes de acusar José Eduardo dos Santos de embolsar três dólares por cada barril de petróleo produzido no país, e a sua mulher, Paula, de ser uma das accionistas da maior empresa diamantífera angolana.

O "The Star" citava depois um jornalista angolano na África do Sul, João Filipe, a afirmar ser "irónico" que o maior inimigo de Jonas Savimbi "não esteja a celebrar a morte deste" e que "o Governo do MPLA utilizou a guerra como desculpa para o baixo nível de vida do seu povo".

Nessa mesma altura, o actual líder do Partido da Nova Democracia, Manuel Monteiro, prestou uma "singela homenagem a um homem com um H muito grande", dizendo que "pode ter morrido o homem mas não morreu a ideia".

“O Dr. Savimbi era um homem de guerra mas fundamentalmente era um homem de convicções", disse Manuel Monteiro.

Para Manuel Monteiro, "o MPLA pode pensar que venceu" mas "não venceu coisa nenhuma e a sua fraqueza revela-se porque tem que recorrer aos inimigos de ontem para lutar pelos seus interesses".

domingo, abril 01, 2007

Um kandandu ao João Paulo Coutinho


O João Paulo Coutinho, fotojornalista do Jornal de Notícias, venceu com esta foto a categoria "Natureza" do 7.º Prémio Fotojornalismo Visão/Banco Espírito Santo. Parabéns companheiro.

Recordas-te de, numa entrevista dada ao Notícias Lusófonas, em 5 de Setembro de 2003, teres dito que a tua profissão “proporciona, como poucas, uma permanente aprendizagem da condição humana, que, aliada à criatividade e a um elevado grau de responsabilidade social, ajuda-nos a registar pequenas histórias que ganham força de memórias”?

Também disseste que “o fotojornalismo cresceu com rupturas e adaptações às mudanças das políticas económicas na Imprensa, que dele fizeram um produto comercial”, ou seja “um instrumento influente na área do consumo e, também, para a difusão massiva de ideias e ideologias económicas”.

“Passámos a “fabricantes” de imagens de leitura primária, imediata e unívoca. Imagens tecnicamente perfeitas, a cores e, sobretudo, eficazes!”.

Felizmente, meu caro, a arte continua a ser visível em muitas, muitas mesmo, das tuas obras-primas.

Da seriedade de Manuel Monteiro
à crescente petulância de Portas

Como jornalista acompanhei há alguns anos a actividade política quer de Manuel Monteiro quer de Paulo Portas. Conheci, e alguns ainda estão (bem) no activo, políticos do CDS/PP que estão sempre do lado de quem está no Poder e, como se isso não bastasse, estão igualmente sempre contra quem lá deixou de estar.

Também já escrevi que é confrangedor ver, a propósito dos ataques ao líder do Partido da Nova Democracia (PND), tanta gentalha a cuspir no prato que tantas vezes a alimentou. De qualquer modo, este “novo” PP revela-se como a melhor forma de o seu eleitorado passar a votar no… PND.

Sob o comando de Paulo Portas, tanto o partido enquanto tal, como alguns dos assalariados a título individual, tentam dizer que as ideias de Manuel Monteiro são inócuas. Se a mesmas ideias fossem de Paulo Portas, aí passariam a geniais. Ou seja, não se analisa e debate a mensagem, tenta matar-se o mensageiro.


Mas não vão lá. Paulo Portas é um bom (reconheço) ilusionista. Também me iludiu. Mas não há mentira que sempre dure, por muito bom que seja o vendedor de banha da cobra.


Manuel Monteiro lutou com alma e coração pelo CDS/PP porque acreditava no partido, na Direita e no que o distinguia do PSD. Já Paulo Portas, acreditou no CDS/PP enquanto instrumento de uso pessoal e de aproximação, ou até mesmo de fusão, com o actual PPD/PSD… ou com outro qualquer.


Há quem diga que Paulo Portas vende tudo o que tem e o que não tem para estar na ribalta do poder. É verdade. Quando já não há o que vender, afasta-se dando a outros a dura tarefa de amealhar alguns trocos. Atingido esse desiderato, ei-lo de regresso para esbanjar.

No caso de Manuel Monteiro, e como se dizia (ainda se diz?) noutros tempos em Angola, vai de derrota em derrota até à vitória final, mau grado o muito engenho (o que não é sinónimo de seriedade) e perspicácia (o que não é sinónimo de coerência) de Paulo Portas.

E Paulo Portas está a revelar-se um aliado de Manuel Monteiro. De novo às portas de comandar o CDS/PP, Portas está a ajudar à crescente onda de simpatizantes do PND, mesmo que muitos (ainda) não o digam abertamente.

O PND (de Manuel Monteiro) pode não ser a obra-prima do mestre, mas o CDS/PP (de Paulo Portas) é de certeza a prima do mestre de obras.