Salvador Augusto, (militante do MPLA desde 1974) e coordenador adjunto desta corrente, foi entrevistado pelo Angolense e, segundo o jornal, "deu a cara para criticar a falta de diálogo interno no partido no poder e aconselhar o Camarada José Eduardo dos Santos a não concorrer à presidência do partido que dirige (no VI congresso)".
Sendo o MPLA o que é, ligeiramente diferente da ortodoxia que o caracterizou enquanto emanação da então União Sovética, poder-se-á pensar que tem margem de manobra interna para permitir relevantes correntes de opinião. Nada mais errado. José Eduardo dos Santos continua, em matéria de liderança e das suas ramificações, a só permitir dissidências ou opiniões divergentes desde que estejam devidamente controladas.
Salvador Augusto, voluntariamente ou não, está a servir a estratégia da direcção do MPLA que, desta forma, dá um cunho de democraticidade (devidamente controlado) a uma ditadura que se irá prolongar ao longo dos anos, para penar dos angolanos.
Eduardo dos Santos está "democraticamente" a dar corda a eventuais correntes de opinião diferentes das oficiais mas, como já o demonstrou, fará o que for necessário, e se for necessário, para que aqueles a quem deu a corda se enforquem nela.
Quando interrogado se a União das Tendências do MPLA se apresenta como uma corrente de descontente dentro do partido no poder, Salvador Augusto esclareceu que "descontente não seria o termo para caracterizar uma corrente que exige pura e simplesmente aos militanres que em comissão de mandato dirigem o partido que se respeitem os estatutos e programas vigentes".
Ficamos, portanto, a saber que nesta altura os MPLA permite que todas as correntes de opinião tenham lugar, desde que não cuspam no prato que lhes dá comida, desde que tenham o cuidado de pensar mais com a barriga do que com a cebeça.
1 comentário:
As correntes no mpla existem desde 1963 quando se deu a roptura entre o C/DA Viriato da Cruz e o Dr Antoni A.Neto.- A historia relata que se seguiram outras tais como a revolta do giboia, do Leste , o revolta activa .O 27 de Maio foi o acumular de todas as reivindicaçoes ,sobretudo pela falta de democracia interna partidaria. Nao tendo sido resolvido pela via de consenso é logico que hoje depois de mais de 30 anos e fruto do incumprimento do programa maior que apareça companheiros militantes do partido a exigirem respeito pelo programa e os estatutos do partido. Portanto penso que nao existe nada de novo , é uma questao historica algum dia tinha que surgir... E nós partilhamos do mesmo penamento da u.t.-mpla
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