quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Em memória do meu Presidente

Quando, há cinco anos, se confirmou a morte de Jonas Savimbi, escrevi o texto que se segue e que, por uma questão de honra, republico todos os anos nesta altura e republicarei sempre. Mau grado a vontade dos que, em Angola e Portugal, nasceram a saber tudo e são donos divinos da verdade, é uma posição que manterei ao longo dos anos. Esta posição tem elevados custos. Até agora fui obrigado a perder algumas batalhas, mas ainda não fui derrotado. E não fui porque não desisti de lutar. Tal como Jonas Savimbi.

O Povo Angolano, Angola, África e todos os que pugnam pelos ideais de liberdade e democracia no Mundo, estão de luto. Luto por diversas razões.

O Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente da UNITA, tombou heroicamente em combate! Tombou heroicamente em combate o meu Presidente.

Tão heroicamente que as Forças Armadas de Angola (ou pelo menos parte delas) tiveram necessidade de O humilhar... mesmo depois de morto. Trataram o meu Presidente como um cão raivoso, como um troféu de caça. Até na morte Jonas Savimbi atemorizou os militares de José Eduardo dos Santos.

Os adversários, ou até mesmo os inimigos, merecem respeito. E isso não aconteceu. As FAA não humilharam Jonas Savimbi, humilharam uma grande parte do Povo Angolano.

A África perdeu um dos seus mais insignes filhos, cuja vida e obra O situam na senda dos arautos da História Africana como N'Krumahn, Nasser, Amílcar Cabral, Senghor, Boigny e Hassan II.

O Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente da UNITA, o meu Presidente, tombou em combate ao lado das suas tropas e do Povo mártir, apanágio só concedido aos Grandes da História.

Deixou-nos como maior e derradeiro legado a sua coragem e o consentimento do sacrifício máximo que pode conceder um combatente da liberdade, a sua Vida.

Fiel aos princípios sagrados que nortearam a criação da UNITA, o Dr. Savimbi, rejeitando sempre e categoricamente os vários cenários de exílios dourados, foi o único dos líderes angolanos que sempre viveu e lutou na sua Pátria querida.

A ela tudo deu e nada tirou, ao contrário de outros com contas, palácios e mansões no estrangeiro.

Fisicamente o meu Presidente morreu. Fisicamente o meu Presidente foi humilhado. Mas uma coisa é certa. Não há exército que derrote, mate ou humilhe uma cultura, um povo, uma forma eterna de ser e de estar.

Jonas Savimbi, o meu Presidente, continuará a ter quem defenda essa cultura, esse povo, essa forma eterna de ser e de estar.

«Há coisas que não se definem - sentem-se». Foi isto que em 1975 me disse, no Huambo, Jonas Malheiro Savimbi. É isto que José Eduardo dos Santos nunca compreendeu. A UNITA não se define - sente-se. Jonas Malheiro Savimbi não se define - sente-se. Angola não se define - sente-se.

E porque se sente, e não há maneira de matar o que se sente, é que Jonas Malheiro Savimbi, o meu Presidente, continuará vivo. Vivo no esforço pela paz em Angola, vivo pela dignificação dos angolanos, vivo pela liberdade, vivo pela coerência... vivo porque os heróis não morrem nem são humilhados.

Obrigado Presidente.

1 comentário:

Anónimo disse...

O que não escreveste...

Hoje, por ser hoje, permite-me que escreva as palavras que não escreveste. Não vou falar do luto que o Povo da UNITA sentiu e sente ainda. Não vou falar das traições que levaram o teu e meu Presidente a morrer de arma na mão e a ser exibido como troféu de caça pelos carrascas ao serviço da cleptocracia angolana. Não vou falar do seu génio, das suas virtudes e dos seus pecados. Não vou falar dos trinta e seis anos de luta pela liberdade NO INTERIOR DE ANGOLA.

Hoje quero falar-te da Esperança. Da Esperança do meu Povo de um dia poder chorar os seus mortos. D Esperança do meu Povo em ver pão à sua mesa. Da Esperança do meu Povo em ver a Liberdade e a Democracia nas suas vidas.

Quero da renovação dessa Esperança quando todos os anos recordamos a morte do Mais Velho.

Quero falar-te do que se diz em Luanda, em Angola, quando se fala do Dr. Jonas Savimbi... e fla-se de Esperança. Esperança que todos os ideais da sua luta aconteçam enfim.

E apesar do desespero do Governo, tentando que todos esqueçam a morte do Mais Velho, ele é, permanece, ergue-se como um mártir, como um herói na vida sofrida dos Angolanos.

Portanto pouco a pouco, este dia de luto, transforma-se no dia da memória e da Esperança. Como diria o poeta:

Um dia
teremos tempo
Para chorar
os nossos mortos.

Porque agora
o tempo é outro,
um tempo
curto demais
para tantas coisas
fazer.
Temos masmorras
para abrir,
crianças para salvar,
cidades a construir
tantos campos
p'ra lavrar.
E temos de mostrar
ao mundo,
que a besta
mudou de nome,
mas continua
a matar.

Um abraço meu velho