Hoje à tarde, na Faculdade de Economia do Porto (Portugal) realizou-se uma conferência sobre o processo eleitoral em Angola. Caetano de Sousa, presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), foi o orador principal do evento ao qual compareceram cerca de 200 angolanos de primeira e mais meia dúzia de segunda.
Com uma hora de atraso, o encontro começou com o aplauso da assistência à entrada do Embaixador de Angola, Assunção Afonso Sousa dos Anjos, bem como das cônsules em Lisboa e no Porto, respectivamente Elisabeth Simbrão e Maria de Jesus dos Reis Ferreira, e ao orador convidado.
Por deficiências sonoras, que nada preocuparam a assistência, pouco percebi do que disse o Embaixador ou do que afirmou Caetano de Sousa. Também é certo que, diga-se em abono da verdade, abandonei a sessão no início da intervenção do presidente da CNE.
E abandonei a sessão porque descobri que, afinal, o meu lugar não era ali. E descobri graças à oportuna explicação de gente ligada à organização, presumo que do Consulado no Porto.
Explico. No meio dos tais 200 cidadãos presentes estavam pouco mais de meia dúzia de brancos, mesmo contando com o meu velho amigo Ricardo Pereira que ali se encontrava a fotografar ao serviço do Consulado.
Durante a sessão algumas pessoas foram distribuindo pela assistência um pequeno papel que, tempos depois recolhiam. Presumo que se tratava de perguntas sobre o processo eleitoral e destinadas aos oradores.
Reparei (talvez por deficiência profissional) que esses papéis não eram entregues aos cidadãos brancos que, se não eram angolanos eram, pelo menos, amigos de Angola. Não creio que estivessem ali como penetras apenas para o faustoso beberete que estava a ser montado para o fim da festa.
Interpelei então uma das pessoas que distribuía os ditos papéis, perguntando-lhe se eu não teria direito a um deles.
A resposta foi clara e inequívoca:
“- Isto é só para angolanos”.
A tradução desta afirmação é fácil, já que nenhum dos 200 cidadãos presentes trazia qualquer rótulo a dizer: “Sou angolano”. Ou seja, queria dizer: “Isto é só para angolanos negros”.
Assim sendo, e porque sou angolano… mas branco, não tive outro remédio que não fosse abandonar a sala. Triste, é certo. Magoado, é claro. Mas como nada posso fazer quanto ao local em que nasci, ao país que amo, e muito menos quanto à minha cor, a solução foi vir embora.
Com uma hora de atraso, o encontro começou com o aplauso da assistência à entrada do Embaixador de Angola, Assunção Afonso Sousa dos Anjos, bem como das cônsules em Lisboa e no Porto, respectivamente Elisabeth Simbrão e Maria de Jesus dos Reis Ferreira, e ao orador convidado.
Por deficiências sonoras, que nada preocuparam a assistência, pouco percebi do que disse o Embaixador ou do que afirmou Caetano de Sousa. Também é certo que, diga-se em abono da verdade, abandonei a sessão no início da intervenção do presidente da CNE.
E abandonei a sessão porque descobri que, afinal, o meu lugar não era ali. E descobri graças à oportuna explicação de gente ligada à organização, presumo que do Consulado no Porto.
Explico. No meio dos tais 200 cidadãos presentes estavam pouco mais de meia dúzia de brancos, mesmo contando com o meu velho amigo Ricardo Pereira que ali se encontrava a fotografar ao serviço do Consulado.
Durante a sessão algumas pessoas foram distribuindo pela assistência um pequeno papel que, tempos depois recolhiam. Presumo que se tratava de perguntas sobre o processo eleitoral e destinadas aos oradores.
Reparei (talvez por deficiência profissional) que esses papéis não eram entregues aos cidadãos brancos que, se não eram angolanos eram, pelo menos, amigos de Angola. Não creio que estivessem ali como penetras apenas para o faustoso beberete que estava a ser montado para o fim da festa.
Interpelei então uma das pessoas que distribuía os ditos papéis, perguntando-lhe se eu não teria direito a um deles.
A resposta foi clara e inequívoca:
“- Isto é só para angolanos”.
A tradução desta afirmação é fácil, já que nenhum dos 200 cidadãos presentes trazia qualquer rótulo a dizer: “Sou angolano”. Ou seja, queria dizer: “Isto é só para angolanos negros”.
Assim sendo, e porque sou angolano… mas branco, não tive outro remédio que não fosse abandonar a sala. Triste, é certo. Magoado, é claro. Mas como nada posso fazer quanto ao local em que nasci, ao país que amo, e muito menos quanto à minha cor, a solução foi vir embora.
6 comentários:
Caro Compatriota Angolano ou Luso-Angolano
Ao ler seu desabafo, não posso deixar de lhe dizer o que penso, assim como disse o que pensa, com relacção á resposta que recebeu na Conferência sobre as Eleições em Angola, realizada no Auditório da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Não pense em angolanos de 1ª ou de 2ª. Pois ao fazer este exercício mental, está a reanimar memórias...
brancos de 1ª e de 2ª...lembra...!
Sabe eu não sou "branca" nem "negra", sou o resultado do amor de uma união. Uma soma. Sou os dois! Possuo sangue vermelho...da raça negra e da raça branca. Orgulho-me igualmente dos dois. Acredite nunca parei pra pensar em cores de peles em detrimento de pensamentos e acções desenvolvimentais!
Discordo de si quanto ao número de pessoas de raça branca presentes. Contou todos/as da Figueira da Foz, Leiria, Coimbra, Porto, Lisboa, Braga, Algarve, Minho e outros?!
Mas...como saiu antes...
Novamente discordo de si.
Se lhe deram a resposta que diz ter recebido, devia ter procurado reclamar com os/as responsáveis máximos/as do evento. Não se pode PRESUMIR e julgar todos por um/a.
Garanto-lhe que todas as pessoas de raça branca próximas de mim, pela disposição na ocupação dos lugares nas cadeiras, e outras que meu olhar alcançava, receberam convites para se menifestar através de perguntas escritas, os tais papéis que reclama não ter recebido!
Nós fomos espontâneamente, com orgulho e prazer da Figueira da Foz ao Porto. Chegamos á Faculdade de Economia ás 16:15. E garanto que não esperamos 1 hora pelo início do evento.
O caro compatriota sabe que enquanto nós estávamos sentados ou a coversar, abrigados do sol e do calor, havia genta nas estradas, de livre e espontânea vontade, a deslocar-se para o local do evento?
O que me diz se essas pessoas (com viagem atrasada por vários motivos), chegassem e não tivessem a oportunidade de participar desde o início do evento? E ouvir os esclarecimentos do Exmo Sr Juiz e Presidente da CNE, o Drº Caetano de Sousa, sobre as Eleições em Angola? Seria no mínimo descortesia!
Não acha que nesta espera,houve respeito, pela parte da organização, pelas pessoas angolanas, portuguesas, brasileiras ou outras nacionalidades, em viagem e interessadas no evento?
A mesa foi composta por:
Exmo Sr Embaixador Dr Assunção dos Anjos;
Exma Sra Cônsul do Consulado do Porto, Dra Maria de Jesus dos Reis Ferreira;
Exmo Sr Pres. da CNE, Dr Caetano de Sousa;
Exma Sra Cônsul do Consulado do Porto, Dra Cecília Baptista;
Exmo Sr Prof da Univ. do Minho e Univ. Agostinho Neto, Dr Eugénio da Silva.
A Dra Elisabeth Simbrão, já não é Cônsul em Lisboa, como afirmou. Agora delega em Gaberone.
Por profissão, academia e activismo, faz parte da minha vida participar de eventos envolvendo Conferências, Congressos, Seminários, Fóruns, Debates, Encontros e outros. A nível nacional e internacional. Posso lhe garantir que quase todos finalizam com um encontro social. Que pode ser um almoço, um jantar, uma viagem ou um Coquetel (cocktail). É o que chamamos Programa Social.
Uma vez mais discordo de si.
Não houve nada de faustoso.
Viu as bebidas servidas? Água, sumo sem gás Joy e um vinho branco artesanal (caseiro). E os aperitivos eram o que há de mais económico na praça. No entanto a qualidade era excelente. Não podemos negar o dom e a criatividade da mão luso-africana na cozinha!
Mas...como foi embora...
Pensa que as pessoas angolanas, luso-angolanas, portuguesas, brasileiras, lusófonas, presentes,não possuiam o direito, não mereciam receber o que a maioria das pessoas que participa destes eventos, recebe?
Caro compatriota, era o nosso povo que lá estava!
Devemos saudar e agradecer á Embaixada de Angola em Portugal, ao Embaixador Dr Assunção dos Anjos, ao Presidente da CNE, e principalmente devemos saudar a Cônsul do Consulado de Angola no Porto, a Dra Maria de Jesus dos Reis Ferreira pela elegância e cuidado demonstrado para com a comunidade angolana sob seu Consulado.
Cabe-nos ajudar na correção do que está errado e, pedir mais e mais eventos e representações.
É muito bom estar longe de Angola e poder participar na sua reconstrução, e quem sabe pra lá voltar!
Acredito que ama Angola. Assim como acredito que pode fazer muito por ela e por nosso povo.
Não se exclua. Uma resposta indesejada, é muito pouco, para o muito que certamente pode dar e fazer.
Angola é de todos os que nela se quizerem incluir de forma livre, espontânea, criativa, objectiva e CONSTRUTIVA.
Para os visionários, África é um património da Humanidade. Angola faz parte da África.
Caro compatriota, pense em si como tal, inclua-se.
Saudações compatriotas.
Evy Eden Martins Prola
Psicóloga Clínica do Desenvolvimento e Intervenção Precoce;
Doutoranda em Desenvolvimento e Intervenção Psicológica.
Deixa lá amigo. O Negro em Portugal, com um BI igual ao seu, nunca é considerado Português.É e será sempre um preto qualquer mesmo nascendo nesta terra.Isto está mal mas enfim.
É a vida!
Caro Compatriota,
Venho corrigir um engano meu na digitação do texto anterior.
A Dra Cecília Baptista, é a nova Cônsul do Consulado de Angola em Lisboa.
Evy Eden Martins Prola.
Deus devia ter feito todos os humanos com uma só tonalidade de pele, ou seja, uma só côr, a mesma côr de Adão e Eva( que ninguém sabe qual é)!Caro Orlando, só estive uma vez em Portugal, em 2002 e fiquei apenas uma semana. Tenho ai familia que reside a decadas, e algunas nasceram ai nunca foram considerados como portugueses. Tristes, mas verdade. Eles mesmos, apesar de estarem bem integrados, se sentem alienados. Um dos meus primos em certas ocasioes nem sabe se deve identificar-se como português ou angolano(ele nasceu em Portugal)uma vez que, todos lhe tratam como estrangeiro, e por diversas vezes foi "julgado" pela côr da sua pele. Logo, trata-se de um assunto bastante sencivel e complexo, que nós os humanos não conssiguiremos resolver. Estou a escrever um artigo que fala sobre este tema, escrevi a primeira parte do mesmo em que enfatizei mais o tribalismo, mas pelas reacoes ao mesmo, pode se notar o quao complexo e melindroso é abordar temas desta natureza!Um abraço Orlando.
Talvez faça um comentário mais analítico uma dia destes (se tiver tempo). Até lá , 20 valores (era assim no meu tempo) , porque não posso dar mais à Sª Dª Evy Prola .
E ao administrador/dono do blog , tenho a certeza que você pode fazer mais, por si e pela sua terra . Cabem lá todos , os que estão , e os que sairam mas , embora eu acredite que as coisas foram como a Drª Evy disse , você teria sempre que mudar . Só lhe vai fazer bem . Eu sou , até por defeito de formação , muito recto e normalmente intransigente . Histórias tenho muitas , com gente de diferentes niveis sociais e profissionais . Mas como quero voltar breve para a minha terra , já estou mentalizado que tenho de ser condescendednte . Todos ganham com a harmonia , principalmente nós ...
Fernando Valadão
Saudações e um abraço planetário a todas as raças e credos.
Nesta minha pequena intervenção só tenho que dar os parabéns pela intervenção da Exma Sª Dª Evy Prola.
De um Angolano branco com uma família,...tipica de um selo de povoamento.
Um bem haja para si Dª Evy Prola.
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