quarta-feira, julho 25, 2007

Sócrates, Alegre, os Jornalistas e a pistola


"Sócrates reduz a política à sua pessoa". Não. A frase não é minha, embora reflicta a minha opinião. Aliás, de há muito que aqui digo (aqui e onde posso, sendo que não posso em todos os sítios que gostaria) que o primeiro-ministro de Portugal tem todas as características de um ditador. Só quando chegou ao poder a enfermidade foi conhecida, mas cada dia que passa tende a agravar-se.

Num artigo de opinião do jornal Público, intitulado "Contra o medo", Manuel Alegre critica "a confusão entre lealdade e subserviência" que, segundo o socialista, se verificam no Governo de José Sócrates.

"Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa História, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE", escreve Manuel Alegre, acusando o Partido Socialista de "auto-amordaçar-se". Por outro lado, o Estatuto dos Jornalistas (aprovado no Parlamento apenas com os votos dos PS. Recorde-se.) afirma-se como "um risco para a liberdade de Imprensa".

Não creio que por enquanto (eu sei que sou optimista) José Sócrates seja dos que pegam na pistola quando ouvem falar de jornalistas. E não pega por duas razões: Por um lado, se tal for necessário tem lá os lacaios que se prestam a tal serviço, por outro, os países mais civilizados da Europa (e não só) usam meios mais sofisticados para calar as vozes incómodas.

De facto, não é preciso dar um, ou quantos forem precisos, tiro no Jornalista mais Jornalista e menos produtor de conteúdos.Basta, no Natal, por exemplo, oferecer-lhe uma pistola. Depois faz-se uma reestruturação empresarial (sinónimo óbvio de despedimentos). Quando o Jornalista descobrir que não tem dinheiro para pagar o empréstimo da casa ou os estudos dos filhos... dá um tiro na cabeça.

Sócrates lá terá as suas razões. Convenhamos que a verdade às vezes incomoda, seja em Portugal, na Rússia (Anna Politkovskaia) ou em Moçambique (Carlos Cardoso).

Aliás, foi comovedor ver todos aqueles que estão de pistola em punho saírem à rua para condenar o que se passou na Rússia, por exemplo, e dizer que a liberdade de Imprensa é um valor sagrado.

Sagrado sim desde que não toque nos interesses instalados, desde que só diga a verdade oficial.

1 comentário:

Unknown disse...

Interessante e engrassado(?) foi ver Sócrates - o primeiro, não o intelectual e Mestre - a engolir em seco quando o jornalista da SIC (creio que foi o Ricardo Costa(?)) afirmar que esperava que o presidente vetesse a lei...
E já agora como se posiciona o SJP perante a acusação do Record sobre Telles - ou Tele - e a eventual partida que conjuntamente com o PC terão feito à custa de Deco?
Kdd
Eugénio Almeida