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Recordas-te, meu velho, de me teres dito “vou já ter contigo, é só tempo de chegar aí ao Porto”? Disseste e cumpriste, como sempre fazias.
Recordas-te, meu velho, que nessa altura, a troco de um bem remunerado cargo no topo da hierarquia, eu tinha de deixar de escrever ou de tomar posições favoráveis ao Mais Velho?
Recordas-te, meu velho, que não me pressionaste em sentido nenhum e que, inclusive, me disseste “pensa bem pois para além do teu presente está em jogo o teu futuro”, acrescentando que “eu respeitarei a tua posição, seja ela qual for”?
Recordas-te, meu velho, de me teres deixado ficar um envelope fechado com uma folha onde tinhas escrito o que pensavas ia ser a minha resposta e que, como combinado, eu só abri depois de oficializar a minha posição?
Recordas-te, meu velho, que – mais uma vez - acertaste em cheio? Como calculavas, a minha resposta foi NÃO. Foi-se o cargo no topo da hierarquia mas ficou a liberdade.
A liberdade para continuar a falar do Mais Velho. A liberdade de eu continuar a ser o que sou. Recordas-te?
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