sábado, novembro 08, 2008

Até a Birmânia saudou Barack Obama
(Suu Kyi, essa continua em segurança!)

De uma ponta à outra do Mundo, todos os líderes ficaram (ou dizem ter ficado) satisfeitos com a eleição de Barack Obama para presidente dos EUA. Tanto consenso parece-me suspeito ou, pelo menos, uma mistificação dos que afinal até preferiam antes ver um branco na Casa Preta do que um negro na Casa Branca.

Veja-se que até o líder da junta birmanesa, o generalíssimo Than Shwe, dirigiu as suas felicitações ao eleito presidente norte-americano.

"O general Than Shwe, presidente do Conselho da Paz e do Desenvolvimento da União de Myanmar, dirigiu uma mensagem de felicitações ao honroso Barack Hussein Obama, por ocasião da sua eleição como 44º presidente dos Estados Unidos", indicou na sua primeira página o diário oficial “New Light of Myanmar”.

Esta iniciativa diplomática é bastante rara por parte dos líderes deste país isolado, e no qual os cães têm mais direitos do que os homens, que não perdem uma ocasião para criticar Washington.

Uma série de sanções foram impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia ao regime militar birmanês pela sua recusa em libertar prisioneiros políticos, entre os quais a dirigente da oposição e prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.

Recorde-se que, em Maio, só ao fim de 78 mil mortos, 56 mil desaparecidos e 2,5 milhões de desalojados é que a Junta Militar decidiu decretar três dias de luto nacional.

Recorde-se igualmente que como se não bastasse não autorizar, na altura, a entrada de ajuda ao milhão e meio de desalojados do ciclone Nargis, a Junta Militar apropriou-se, segundo o Programa Alimentar Mundial da ONU, das cargas destinadas às vítimas.

Ora, vê-los agora a saudar a eleição de Obama é algo de inédito, mesmo calculando que se Sarah Palin julgava que África era um país, Than Shwe também pode julgar (tal como o imbecil Silvio Berlusconi) que o eleito presidente dos EUA apenas está bronzeado.

E, ao que parece, como prova de abertura junto de Obama, Than Shwe vai permitir que a Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, continue a ter liberdade para estar calada e detida.

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