Quem decidiu
as eleições em Angola, nomeadamente a percentagem de votos que cada partido ou
coligação teria, foi a Casa Militar do Presidente da República em estreita
colaboração com Moscovo. O Povo e os observadores foram meras figuras
decorativas.
Os milhares
de observadores internacionais às eleições em Angola confirmaram a
democraticidade do acto. Bem, não foram milhares, foram centenas. Centenas
também será um exagero. Fiquemos pelas dezenas. Ou, melhor, foram meia dúzia.
Para além de
ficarem nos melhores hotéis (ninguém lhes pagou para ir ao país profundo ou para indagarem sobre o que se passou do lado de lá da cortina... de ferro) e
comerem do bom e do melhor (se não fosse para isso o que é que iriam lá
fazer?), estiveram sempre – honra lhes seja feita – na primeira fila.
E estiveram
na primeira fila para, dizem, ver tudo o que se passava. Além disso a sua
localização estratégica permitiu que todos os vissem.
Foram
espertos. Pelo contrário, os competentes na arte de ganhar eleições ficaram lá atrás.
Não foram vistos, mas viram tudo o que se passava. E, mais do que isso, viram
bem antes das eleições. Muito antes.
De facto, e
como era esperado pelo regime angolano, na primeira fila de observação está
sempre a subserviência, colectiva ou individual.
Os que sabem
tudo, esses estão na primeira fila. Cá atrás não estiveram os observadores. E
não estiveram porque se o fizessem poderiam, mesmo que involuntariamente, ver o
que se passava de facto. E se vissem seria uma chatice não relatar. Além disso,
o grosso da fraude não se passou mas mesas de voto. Passou-se no centro (nevrálgico)
do controlo informático, sob as ordens de especialistas russos.
É por isto
que os observadores eleitorais estiveram sempre na primeira fila. Todos sabiam
quem eles eram e ao que iam. Se calhar poderiam passar despercebidos e, dessa
forma, ver melhor a realidade. Mas não era para isso que eles lá estavam.
E para um observador
que se preze, o silêncio é uma regra de ouro. E se a isso conseguir juntar a
cegueira, então é o diamante no cimo dos dólares.
Como lhe
competia, o MPLA só deu luz verde aos observadores que entendeu. A União
Europeia passou de 100 em 2008 para 2 (dois) em 2012. A CPLP conseguiu resolver
a questão com 10 (dez). Apesar da redução numérica, o regime colocou como
condição sine qua non serem invertebrados, corruptos e cegos.
Quem melhor,
por exemplo, do que Pedro Pires para chefiar a Missão de Observadores da União
Africana? Não foi ele quem em 2001 ganhou as eleições presidenciais cabo-verdianas
à custa de uma fraude?
No entanto, a fraude não se limitou ao acto do colocar o voto na urna. Começou
antes, bem antes. Tão antes que ninguém da oposição conseguiu a tempo e horas
(como, aliás, estava previsto na lei) saber o que se passava com os cadernos
eleitorais.
Por alguma
razão as pessoas que o regime entendeu serem as mais credenciadas para as mesas
e assembleias de voto foram membros da JMPLA e do SINFO, aparecendo alguns
destes como sendo indicados pelos partidos da oposição.
Aliás, quem
decidiu as eleições, nomeadamente a percentagem de votos que cada partido ou
coligação teria foi a Casa Militar do Presidente da República, com destaque
para Hélder Vieira Dias, Kopelika, mas
com o contributo dos generais Fernando Alberto Araújo e Rogério Saraiva.
Pela via
informática/electrónica, montada há meses por técnicos russos, os resultados
recebidos foram convertidos na linguagem já estabelecida, razão pela qual
muitos dos resultados apurados in loco nas assembleias de apuramento não coincidem
com os divulgados pela CNE.
E, em muitos
casos, a culpa nem é da CNE que, de facto, divulga os dados que recebe e que
julga terem origem nos centros de escrutínio. Mas não. Os enviados desses
centro vão parar ao comando russo que os converte e reenvia para a CNE.
Seja como
for, nada disto e do muito que continua no segredo dos deuses do MPLA, com
assessoria russa, importa à comunidade internacional que, tal como os angolanos,
foi comida de cebolada.
4 comentários:
Sr.Orlando Castro, a verdade é sempre bonita e o senhor é o lutador da liberdade de imprensa.
As eleições de 31 de Agosto
As eleições do dia 31 de Agosto
foram Justas e Transparentes.
Os Comissários Eleitorais,
governamentais,
foram todos muito Competentes,
e, sobretudo, muitíssimo Imparciais.
O quê? Hoje ainda é o dia 23?
Em vez
de “foram”, devem escrever
“vão ser”,
para não perceberem de que foi manipulada
a vitória do Rei-Presidente Camarada.
Como se explica durante a campanha activistas do MPLA andarem a receber cartões dos eleitores a troco de bens necessitados pela população, como garrafões de vinho, panos, comida, etc? Tudo legítimo? Não há provas e por isso ninguém vai agir?
Até o meu filho kassula vê
que isto não é nenhuma democraCIA
é uma demoKGV
e que os cidadãos angolanos
pagarão caro esses enganos.
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