sábado, abril 02, 2011

FMI ou Angola? Merkel ou Dos Santos?

Mário Soares critica a perda dos "princípios europeus". Freitas do Amaral defende que é altura de parar a pressão da chanceler alemã. E ninguém se lembra de pedir ajuda a José Eduardo dos Santos?

Mário Soares considera que não existem motivos para temer o Fundo Monetário Internacional (FMI) e lembra que, por duas vezes no passado, o FMI ajudou a pôr em ordem e na ordem Portugal.

"Hoje quem manda (em Portugal) é a senhora Merkel e um pouco o senhor Sarkozy, porque ela precisa do Sarkozy e o Sarkozy obedece", diz Mário Soares.

Freitas do Amaral também entende, em tese já que na prática é o que vê, que é tempo de travar a comportamento político da chanceler alemã e lembra que só foi eleita por 40 por cento do povo alemão.

O fundador do CDS considera, no que ao FMI respeita, que o Governo e o PSD criaram o "fantasma" da ajuda externa, criticando a insistência em “resistir” a todo o curso”.

"Tanto o Governo como o principal partido da oposição convenceram-se que seria uma fatalidade para o nosso país ter que pedir ajuda externa, fosse ela à União Europeia ou ao FMI", afirmou Freitas do Amaral, criticando o actual secretário-geral do PS por dizer “que era uma indignidade nacional recorrer ao FMI quando o fundador e primeiro secretário-geral do PS (Mário Soares) recorreu duas vezes ao FMI e não foi nenhuma indignidade e salvou o país por duas vezes da bancarrota".

Estas afirmações foram feitas ontem na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, durante a conferência sobre “Democracia no século XXI: que hierarquia de valores?”.

No tempo em que Mário Soares pediu a ajuda do FMI não havia outra alternativa. Hoje, no entanto, a situação é diferente.

Portugal pode pedir ajuda (ou até vender-se) a Angola (na linha da proposta de Ramos Horta para que Timor-Leste e Brasil comprem dívida pública portuguesa).

Se Portugal não pedir ajuda ao clã Eduardo dos Santos, o mais certo será que o regime angolano acabe por lançar uma Oferta Pública de Aquisição sobre a velha, caquética e esclerosada potência colonial. A hipótese, já em prática, da compra a retalho também pode ser uma alternativa.

Eu sei que a maioria dos angolanos continua a passar fome, mas se José Eduardo dos Santos está mais preocupado em comprar, ou colonizar, Portugal do que em dar de comer ao povo, quem sou eu para contestar?

Sem comentários: