domingo, janeiro 28, 2007

«CALE-se» e veja o que há de melhor
no (bom) teatro amador de Portugal

O teatro amador, no seu melhor, está de alma e coração (e, é claro, com muito suor) a tomar conta de Canidelo, em Vila Nova Gaia. A qualidade dos espectáculos e da organização bem mereciam que tomasse conta de todo o país. Um dia talvez. Até Março, grupos oriundos de vários pontos do país exibem a sua nobre arte no «CALE-se», um festival que pretende ser (já é, digo eu) uma referência para todos os que amam o teatro.

O Festival Nacional de Teatro Amador «CALE-se», promovido pelo CALE Estúdio Teatro, começou no passado dia 20 com a presença do patrono do evento, o actor Ruy de Carvalho. E com a exibição da peça «O Sentido da Vida», de Emílio Boechat, pelo Grupo de Teatro Amador de Taveiro.

O festival, integrado nas comemorações dos 21 anos do CALE Estúdio Teatro (CET), decorre até 24 Março, nas instalações da Associação Recreativa de Canidelo.

O objectivo deste festival é levar a Canidelo o que de melhor se produz em teatro de amadores em Portugal. “Acreditamos que o «CALE-se» possa ser, a médio prazo, um festival de referência para todos os não profissionais de teatro”, afirmou o co-fundador do CET e promotor do festival, Luciano Nogueira.

Serão atribuídos oito prémios de mérito (interpretação masculina, interpretação feminina, cenografia, luminotecnia, guarda-roupa, sonoplastia, encenação e espectáculo) e ainda o «Prémio do Público», que vai distinguir o melhor espectáculo, segundo a opinião dos espectadores.

A denominação «CALE-se» tem um duplo sentido. Em primeiro lugar, significa que ninguém conseguiu calar os amadores, quer nos tempos da ditadura, quer nos dias de hoje, apesar do corte no apoio às actividades culturais. Em segundo lugar, surge como um apelo à população para que se junte ao CET e se envolva com o projecto. Ou seja, o cidadão comum será exortado a “manter viva a chama do voluntário cultural”.

“Vamos privilegiar grupos que a população, nomeadamente a de Canidelo, não tem oportunidade de ver. Serão grupos de longe, com qualidade. Vamos também privilegiar o humor, dado que é a primeira vez que fazemos o festival e ainda não há o hábito de ir ao teatro”, referiu Luciano Nogueira. O «CALE-se» pretende ser (já é, na minha opinião) o embrião pró-activo de uma forma de estar no teatro, um espaço de reflexão e debate.

As origens do CET remontam a 26 de Janeiro de 1986. “Num chuvoso sábado de manhã, reunimos para corporizar a ideia de montar uma pequena peça de teatro, na Escola Secundária Almeida Garrett”, recordou Luciano Nogueira, confessando que o grupo de adolescentes que então estava a terminar o secundário “estava muito longe de imaginar que estaria hoje a apresentar o CALE-se”. Nos últimos 20 anos, o CET tem sido “uma segunda família”.

3 de Fevereiro - «(N)a Tua Ausência», de Paulo Ferreira. Encenador Luís Mendes. Pelo TPN - Teatro Passagem de Nível (Amadora).

10 de Fevereiro - «A Vizinha do Lado», de André Brun. Encenador João Gomes. Pelo Grupo Renascer (Esmoriz).

24 de Fevereiro - «Humor não paga imposto», de Fernando Marques. Encenador Francisco Nogueira. Pelo Grupo Dramático Beneficente de Rio Tinto (Gondomar).


10 de Março - «Até às Cinzas», de Joaquim Murale. Encenador José António. Pelo ACGITAR (Gondomar).

17 de Março - «Kikerikiste», de Paul Maar. Encenador José Teles. Pelo Cegada Grupo de Teatro (Alverca).

24 de Março - Encerramento c/ sessão de entrega de prémios. «Médico à Força», de Molière. Encenador António Clemente. Pelo Ultimacto – Grupo de Teatro de Cem Soldos (Tomar).

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