Senhor presidente Nino Vieira: Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade. Quem o diz é o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Guiné-Bissau. Já pensou, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome? Claro que não. Até um dia…
Por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e Fome, Michel Balima, também coordenador do Sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau, afirmou ser esta a realidade actual deste país lusófono africano, "um dos mais atrasados do mundo".
"A Guiné-Bissau continua ainda a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto situado nos 2 por cento", assinalou Balima, reportando-se ao último relatório da ONU sobre a Guiné-Bissau.
O relatório, no âmbito do cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD), refere que, além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné-Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país, ou pelas cíclicas crises político-militares.
Segundo o representante do PNUD, estas situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.
Apontando situações concretas, Michel Balima citou a progressão "lenta" na educação, em que persiste a desigualdade entre os sexos, com primazia aos rapazes, a morte durante o trabalho de parto por falta de cuidados básicos e a propagação de doenças como o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária.
Outras questões preocupantes para as autoridades guineenses e para a ONU são o fraco aprovisionamento de água potável, os baixos níveis de saneamento básico e habitação "decente", disse Michel Balima.
A esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à "fragilidade humana" na Guiné-Bissau, sobretudo por causa da "fraca" cobertura dos serviços sociais, sublinhou.
Eu sei, Presidente Nino Vieira, que o Senhor é daqueles poucos que têm milhões e que se esquecem dos milhões que têm pouco, ou nada. Já pensou, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome?
Claro que não pensou. Tem mais em que pensar. Eu sei. Mas olhe, Senhor Presidente Nino Vieira, não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo. E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes puxar o gatilho.
E, para bem do povo guineense, espero que esse dia esteja perto.
"A Guiné-Bissau continua ainda a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto situado nos 2 por cento", assinalou Balima, reportando-se ao último relatório da ONU sobre a Guiné-Bissau.
O relatório, no âmbito do cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD), refere que, além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné-Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país, ou pelas cíclicas crises político-militares.
Segundo o representante do PNUD, estas situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.
Apontando situações concretas, Michel Balima citou a progressão "lenta" na educação, em que persiste a desigualdade entre os sexos, com primazia aos rapazes, a morte durante o trabalho de parto por falta de cuidados básicos e a propagação de doenças como o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária.
Outras questões preocupantes para as autoridades guineenses e para a ONU são o fraco aprovisionamento de água potável, os baixos níveis de saneamento básico e habitação "decente", disse Michel Balima.
A esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à "fragilidade humana" na Guiné-Bissau, sobretudo por causa da "fraca" cobertura dos serviços sociais, sublinhou.
Eu sei, Presidente Nino Vieira, que o Senhor é daqueles poucos que têm milhões e que se esquecem dos milhões que têm pouco, ou nada. Já pensou, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome?
Claro que não pensou. Tem mais em que pensar. Eu sei. Mas olhe, Senhor Presidente Nino Vieira, não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo. E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes puxar o gatilho.
E, para bem do povo guineense, espero que esse dia esteja perto.
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