Perante a passividade criminosa do Mundo (mais ou menos) livre, mas sobretudo de uma “coisa” que dá pelo nome de CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), o presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira, continua a achar que é a solução para o problema guineense quando, de facto, é um problema para a solução.
Falando no encontro de apresentação de cumprimentos de Novo Ano às Organizações da Sociedade Civil, Nino reconheceu (como se nada tivesse a ver com isso) que os "múltiplos problemas políticos no país são as consequências da incapacidade de toda a sociedade guineense em gerir pacificamente divergências políticas e em criar consensos, que permitam dar ao povo segurança e bem estar a que têm legitimamente direito".
E quem é o mais puro paradigma desses problemas? Exactamente Nino Vieira a quem não assiste, só pelo facto de ter sido eleito democraticamente(?), o direito de instituir um sistema do tipo quero, posso e mando.
Nino Vieira apelou a todos para ultrapassarem o "estado actual das coisas" para melhorar a vida do povo guineense. Pois. E qual é o exemplo do próprio presidente? Continua a amamentar os poucos que têm milhões e a esquecer os milhões que têm pouco, ou nada.
O chefe de Estado guineense pediu para todos "estarem vigilantes à tentadora tendência de instrumentalização política em prol da democracia e do desenvolvimento".
Atentos, senhor presidente, estão os guineenses. E sabem que o responsável pela instrumentalização política é tão somente o chefe de Estado, de seu nome Nino Vieira.
"Em democracia, a participação vai além da disputa política e o que se espera da Sociedade Civil é que seja pró-activa e capaz de chegar onde não chega o Estado, nem tão pouco os partidos políticos", sublinhou Nino Vieira.
Nisso tem razão. Aliás, nas ideias tem razão muitas vezes. O problema está na prática. Como é que a sociedade civil pode ser pró-activa se o país tem um presidente que é ditador, que não aceita críticas e que elimina todos os que pensem da forma diferente?
De novo, como sempre acontece na altura das crises, o presidente guineense insistiu na necessidade do trabalho conjunto para "ultrapassar as feridas e fracturas do passado e construir uma verdadeira paz, fruto de uma real e efectiva reconciliação nacional".
Quando o povo morre à fome e, ali mesmo ao lado, meia dúzia de privilegiados vive à grande e à francesa, não há reconciliação possível. O primeiro passo para a reconciliação passa pela saída de Nino Vieira. E, por muito que o presidente esteja agarrado ao poder, vai um dias destes cair do trono.
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