O Presidente da República portuguesa considerou, no dia 3 de Julho de 2009, importante que se debata a qualidade da democracia. Não sei como é possível discutir a qualidade de uma coisa que não existe. Mas se Cavaco Silva diz que existe...
"É matéria que está hoje em debate e é importante que se debata a qualidade da democracia e, por isso, aceitei, tal como outras pessoas que me antecederam no cargo e como o presidente da Assembleia da República, dar o patrocínio sobre esse debate da qualidade da democracia", afirmou o chefe de Estado, quando questionado sobre o estudo da SEDES sobre a qualidade da democracia em Portugal.
"É matéria que devemos discutir e acho que hoje ainda estamos todos mais convencidos que é importante discutir em Portugal a qualidade da democracia", insistiu.
Embora não saiba de facto como se discute algo que não existe, atrevo-me a alinhar na discussão. E se a democracia (que alguns dizem existir) vai mal, de quem será a culpa? Dos cidadãos que cada vez mais são vistos pelos políticos (presidente da República incluído) como mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, como números, ou daqueles que se julgam donos do reino por pertencerem a uma casta diferente?
Ainda não há muito tempo, Cavaco Silva falava na sessão solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Santarém, e dizia que “em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja”.
Não é, Senhor Presidente, uma questão de se consideraram “dispensados de dar o seu contributo”, é antes uma questão de não aceitarem passar um cheque em branco a políticos em quem não acreditam. Mudem-se os políticos e as políticas e os portugueses passarão a estar na primeira linha do combate democrático.
Para Cavaco Silva, “o alheamento não é uma forma adequada - nem, certamente, eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades”. Tem razão. Mas o exemplo deve partir de cima.
Uma abstenção como a registada nas eleições europeias, na ordem dos 62,95 por cento, é “um sintoma de desistência, de resignação, que só empobrece a nossa democracia”, salientou então Cavaco Silva.
Não. Não é sinónimo de desistência, de resignação. É sintoma, claro, de que ou os políticos portugueses deixam de cantar no convés enquanto o navio se afunda, ou sujeitam-se a que o Povo saia à rua e os afunde.
“Quando estão em causa questões que a todos dizem respeito, nenhum de nós se pode eximir das suas obrigações, sob pena de a gestão da coisa pública ficar sem esse escrutínio indispensável que é o voto popular”, defendeu o Presidente da República.
Pois é. Mas quando são os próprios políticos a eximir-se das suas obrigações, à plebe só resta numa primeira fase mandar as eleições às malvas e, depois, sair à rua.
Por outro lado, disse Cavaco, a abstenção deve “fazer reflectir os agentes políticos”, já que, sustentou, “a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende, em boa parte, da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções”.
Está a ver, Senhor Presidente, como o Povo tem razão? Se o país mudar de políticos, o Povo não quererá mudar de país.
Tudo isto num país que hoje também comemora o nobre facto de uma nação valente ter mais de 800 mil desempregados, 20% de gente na miséria e outro tanto que já a sente a bater à porta.
"É matéria que devemos discutir e acho que hoje ainda estamos todos mais convencidos que é importante discutir em Portugal a qualidade da democracia", insistiu.
Embora não saiba de facto como se discute algo que não existe, atrevo-me a alinhar na discussão. E se a democracia (que alguns dizem existir) vai mal, de quem será a culpa? Dos cidadãos que cada vez mais são vistos pelos políticos (presidente da República incluído) como mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, como números, ou daqueles que se julgam donos do reino por pertencerem a uma casta diferente?
Ainda não há muito tempo, Cavaco Silva falava na sessão solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Santarém, e dizia que “em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja”.
Não é, Senhor Presidente, uma questão de se consideraram “dispensados de dar o seu contributo”, é antes uma questão de não aceitarem passar um cheque em branco a políticos em quem não acreditam. Mudem-se os políticos e as políticas e os portugueses passarão a estar na primeira linha do combate democrático.
Para Cavaco Silva, “o alheamento não é uma forma adequada - nem, certamente, eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades”. Tem razão. Mas o exemplo deve partir de cima.
Uma abstenção como a registada nas eleições europeias, na ordem dos 62,95 por cento, é “um sintoma de desistência, de resignação, que só empobrece a nossa democracia”, salientou então Cavaco Silva.
Não. Não é sinónimo de desistência, de resignação. É sintoma, claro, de que ou os políticos portugueses deixam de cantar no convés enquanto o navio se afunda, ou sujeitam-se a que o Povo saia à rua e os afunde.
“Quando estão em causa questões que a todos dizem respeito, nenhum de nós se pode eximir das suas obrigações, sob pena de a gestão da coisa pública ficar sem esse escrutínio indispensável que é o voto popular”, defendeu o Presidente da República.
Pois é. Mas quando são os próprios políticos a eximir-se das suas obrigações, à plebe só resta numa primeira fase mandar as eleições às malvas e, depois, sair à rua.
Por outro lado, disse Cavaco, a abstenção deve “fazer reflectir os agentes políticos”, já que, sustentou, “a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende, em boa parte, da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções”.
Está a ver, Senhor Presidente, como o Povo tem razão? Se o país mudar de políticos, o Povo não quererá mudar de país.
Tudo isto num país que hoje também comemora o nobre facto de uma nação valente ter mais de 800 mil desempregados, 20% de gente na miséria e outro tanto que já a sente a bater à porta.
1 comentário:
Democracia?! onde?
«No fim as dívidas não podem ser pagas. Para os administradores da alta finança o problema é como adiar incumprimentos por tanto tempo quanto possível – e então salvarem-se, deixando governos ("contribuintes") a segurar o saco, assumindo as obrigações de devedores insolventes (tais como a AIG nos Estados Unidos). Mas para fazer isso em face da oposição popular é necessário suprimir a política democrática. Assim o desinvestimento pelos que eram antes perdedores financeiros exige que a política económica seja retirada das mãos de corpos governamentais eleitos e transferida para as dos planeadores financeiros. É assim que a oligarquia financeira substitui a democracia.»
Guerra Financeira Mundial. Aqui diz que os predadores económicos, se deslocaram da América do Sul, para o Sul da Europa.
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