
Tivesse preferido trabalhar para os poucos que têm milhões e estaria, certamente, a apanhar banhos de sol num qualquer paraíso.
O que se passou, o que se passa e o que se passará nos nas terras que foram de Saddam Hussein é algo que, necessariamente, me faz pensar em duas frentes. Por um lado, creio que quem mexer no passado deve perder um olho. Mas, é claro, quem o esquecer deve perder os dois.
Seja como for, dou por certo que ao adoptar-se a política do olho por olho, dente por dente (tão do agrado dos senhores que põem a razão da força acima da força da razão, como os EUA), corremos todos (mesmo os que vão cantando e rindo nas ocidentais praias lusitanas) o risco de ficarmos cegos e desdentados.
É também claro que (pelo menos para mim) todos os Bin Laden, Saddam Hussein, George W. Bush, Dmitri Medvedev ou Mahmud Ahmadinejad e companhia devem ser punidos, estejam eles onde estiverem, tenham passaporte afegão, americano, angolano ou de qualquer outra nacionalidade.
Milhares de pessoas, entre as quais gente lusófona, morreram no ataque terrorista a Nova Iorque e a Washington. Ainda se lembram? O Mundo parou para ver, lamentar e condenar. As televisões, sobretudo elas, mostraram até à exaustão imagens que revoltam todos aqueles que, por regra, têm sangue nas veias. Não era para menos.
Deixem-me, contudo, recordar que não é só nos EUA que os actos terroristas matam milhares de pessoas. A diferença está no facto de, em África por exemplo, não haver CNN a transmitir em directo (ou em diferido que fosse) os ataques que transformam em pó as populações.
E quando não são ataques com bombas, são ataques de fome, miséria, humilhação e doenças...
E, nestes casos, nem os EUA, nem a NATO, nem a Rússia ou Portugal se preocupam. Também são aos milhares. Mas como estão lá nas terras do fim do Mundo... pouco importa.
Aliás, como têm petróleo e diamantes, até é bom que se vão matando (aos milhares, reforço), até é bom que vão morrendo de fome. A indústria bélica do Mundo, sobretudo dos EUA, vai continuar a ter necessidade de mercados com elevado potencial (gente para morrer e petróleo para pagar).
E o petróleo de Angola para onde vai? E os angolanos como (sobre)vivem?
E das duas uma. Ou há dois tipos de terrorismo, um bom e outro mau, ou então é preciso impor alguma moralidade na forma como se trata do assunto.
Terrorismo mau é só aquele que é transmitido pelas televisões ocidentais? Vítimas só são as que estão em nossa casa?
É claro, refira-se mais uma vez, que o terrorismo é todo ele mau. Os autores devem ser punidos. Sejam eles Saddam Hussein, George W. Bush, Tony Blair, Robert Mugabe ou Kim Jomg-il.
Mas devem ser punidos todos. Não apenas aqueles que se atreveram a chatear o tio Sam, não apenas aqueles que entendem que a liberdade dos EUA termina onde começa a deles. E, convenhamos, os EUA não são grande exemplo de moralidade e equidade.
Os americanos devem, aliás, ter cuidado para (mais uma vez) não fornecerem aos amigos de momento a corda com que estes, mais tarde, vão enforcar... americanos.
2 comentários:
A coerência, a verticalidade, a entrega, o respeito e a solidariedade pelo outro, são qualidades que não estão ao alcance de quem quer!
Realmente já passaram 5 anos e até hoje ainda ninguém conseguiu explicar como um camião carregado de explosivos "acertou" em cheio onde ele estava e como conseguiu passar por uma suposta "rede de protecção" feita pelos norte-americanos e aliados...
Kdd
Eugénio Almeida
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