segunda-feira, outubro 16, 2006

O Teatro Rivoli terá pais ricos?
Se não tem, Rio que vá ao BES

Perto de 40 pessoas, certamente detentoras de bons empregos, decidiram passar a noite dentro do Teatro Rivoli (Porto), em protesto contra a intenção da Câmara Municipal do Porto de entregar a gestão do espaço a privados, sendo estes vistos como verdadeiros papões.

Ao que parece (e só parece) o protesto está para ficar até que a direcção do teatro, a Câmara Municipal do Porto ou o Ministério da Cultura possam dar as respostas pedidas. Só falta gritarem: “O povo unido jamais será vencido”.

A resposta que esperam é aquela que todos gostaríamos de ter: A oferta pode ser fraca e a procura nula porque, afinal, o “pai Estado” (no caso, e desde 1970, a Câmara Municipal do Porto) garante os pagamentos… mesmo que as receitas passem ao lado.

Por outras palavras, pretende-se que alguém descubra que o Rivoli tem pais ricos (mesmo que seja à custa dos impostos pagos por quem nunca foi a este Teatro) e que, por isso, pode gastar à grande e à francesa, mesmo que seja para dar guarida a brilhantes peças que ninguém vê.

Se não tem pais ricos, Rui Rio sempre poderá ir ao BES buscar dinheiro para sustentar a nata (embora com prazo de validade já ultrapassado) de uma sociedade supostamente cultural que nunca desce ao nível do Povo.

Quando dá jeito defende-se “menos Estado, melhor Estado”. Quando não dá, então adopta-se a teoria das nacionalizações. Como se, de facto, a gestão privada fosse à partida um papão e a nacionalização um milagre.

Eu sei que os adeptos do tudo a monte e fé na gestão do Estado sabem do que falam. Eles são os donos da verdade e os únicos que produzem verdadeiras obras-primas. Também sei que os portugueses pouco percebem de arte.

Que o diga, por exemplo, o Teatro Politeama, de Filipe La Féria, que está na corrida pela gestão do Rivoli, e que é um caso de quem confunde a obra-prima do Mestre com a prima do mestre de obras.

Ou não será?

5 comentários:

Anónimo disse...

Acabou-se a "mama" destes senhores subsídio-dependentes! Viva!
Esses elitistas que vão trabalhar, mas trabalhar mesmo, não é só angariar "tachos".
Desde a recuperação do Rivoli, a programação era feita de/e para estes senhores e seus amigos. Tanta intelectualidade inalcansável para a maioria dos mortais... Mesmo quando ia assistir, sentia-me muito mal, tal era o "clube".
Não sei se o Rui Rio está certo, mas assim é que não podia continuar.
Disfarçam muito mal para as coberturas notíciosas a tentarem fazer de conta que os actores e os espectadores se barricaram... Que espectadores? Só os actores e os seus amigos. A porta-voz, supostamente espectadora, a meio engana-se e começa a falar em nome dos actores. Já não conseguindo disfarçar mais, deixa de fazer de conta. Assumam! Ficam mais credíveis!
E falta questionar porque é que esta manifestação se realiza depois do fim-de-semana... Primeiro fizeram a exibição da sua peça, depois foram curtir a noite e à hora em que toda a gente inicia a semana de trabalho, e como estes senhores ficam sem nada que fazer, é que se viram para as manifestações.
O seu maior castigo vai ser ninguém lhes ligar nenhuma...
E nem pensem em comparar-se à causa do Coliseu!

Anónimo disse...

A Companhia Teatro Plástico, que se manteve, com todas as despesas por conta da Câmara Municipal do Porto, no Teatro Rivoli de 6 a 15 deste mês, recusou-se a abandonar as instalações após a última representação.

Sabem qual foi a média de assistentes por espectáculo? 30 (trinta).

Está tudo dito

Leylak disse...

Peço desculpa a intromissão, mas não posso deixar de comentar, espero que não leve a mal, mas o que me impressionou não foi a privatização do rivoli pois eu como ex. aluna de teatro sei como é que as coisas funcionam, o que mais me marcou foi a atitude do Dr.º Rui Rio perante o protesto (válido ou não) das pessoas que se barricaram e acho que a atitude não foi das melhores pois somos todos adultos e ainda falamos a mesma língua.
Nunca trabalhei dependente de subsídios porque trabalhei com companhias pequenas e que fazem teatro de rua a pedido de câmaras, mas não gostaria de ser tratada como uma terrorista, coisa que nenhuma das pessoas seria presumo.
Mais uma vez peço desculpa a intromissão.
Mais uma coisa, adorei o seu blog, tenho visitar mais vezes.

xatoo disse...

exactamente:
"se a cultura não dá lucro", acabe-se com ela!
Goebbels não diria melhor.
Engraçado e como é que neste país em que a estupidez se exibe triunfalmente. até pela pena de "jornalistas" encartados, ainda há alguns figurantes ainda mais estúpidos que se arrogam a pensar de maneira diferente.
se não houver espectadores, que não se tente cativá-los, que se gaste as verbas na RTP em agit-prop e se dê tempo de antena qb a governantes do PS ao PSD, única gente de bem nesta estrumeira, que se dê de mão-beijada um teatro (o Maria Matos em Lisboa)a um amigalhaço pessoal do 1º Ministro,,,

Acima as Verbas!
que morra a Cultura,pim!

Orlando Castro disse...

À atenção do/da Xatoo

Se a minha liberdade termina onde começa a sua, a sua termina onde começa a minha. Com uma substancial e decisiva diferença: a minha é assumidade com nome e com rosto.

Pseudónimos ou outros anónimos revelam revelam quão fácil é atirar a pedra e esconder a pata.