O Governo português aprovou a criação do Conselho Estratégico de Internacionalização da Economia (CEIE). A ideia é boa, a economia é má. Ver-se-á se levanta voo.
O CEIE será presidido pelo primeiro-ministro e conta com a participação dos ministros de Estado e da Economia e do Emprego e quatro representantes de organizações do sector privado.
A sua missão será avaliar as políticas públicas e as iniciativas privadas, e respectiva articulação, em matéria de internacionalização da economia portuguesa, da promoção e captação de investimento estrangeiro e de cooperação para o desenvolvimento.
Provavelmente será mais uma entidade para embelezar o currículo da obra feita pelo governo, sobretudo porque o país não precisa de quem saiba tudo mas, apenas, de quem faça alguma coisa, se possível bem.
Mas como uma das grandes apostas deste governo é nos super-conselheiros, talvez a estratégia não seja a de curar o doente mas, antes, a de constatar que o antibiótico dado ao paciente A não curou o mal do paciente B. Se calhar, digo eu, para isso não era preciso nenhum Conselho Estratégico, mas que fica bem no organigrama do governo, isso fica.
Em sede de princípios orientadores da reforma da internacionalização e desenvolvimento, serão promovidas a fixação de objectivos e metas concretas de política e a unificação das representações diplomáticas com as representações externas da AICEP e do Turismo de Portugal.
É bem visto. Poupa-se dinheiro, unificam-se procedimentos, rentabiliza-se a estrutura e garante-se um maior dinamismo operacional. A teoria é boa.
Teoria que me recorda algo parecido, embora num contexto muito diferente. Em Angola, na início da década de 70 do século passado, participei numa caçada que movimentou dezenas de pessoas. Antes da partida, o responsável quis unificar procedimentos para melhorar a eficácia e garantir que nada faltava.
E, de facto, o acampamento parecia uma pequena cidade. Tinha tudo o que era necessário, até porque da comitiva faziam parte algumas ilustres figuras da sociedade, pouco acostumadas a estar uns dias no meio do mato. Eis se não quando se descobre que faltavam instrumentos essenciais para a caçada: as armas.
É claro que, no caso em análise, o governo nunca deixará que na “caçada” faltem armas e munições. Não sei se, como habitualmente, se estará a pensar em caçar elefantes no Alentejo. Os especialistas do governo já devem ter concluído que essa espécie não existe naquele região. Também terão, com certeza, concluído que elefantes só mesmo em… Trás-os-Montes.
Seja como for, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento verá o seu papel reforçado e as principais entidades públicas envolvidas nos processos de internacionalização e desenvolvimento deverão privilegiar a representação cruzada entre as respectivas administrações, de modo a proporcionar sinergias de missões e de recursos e potenciar resultados.
E quando toca a sinergias… ninguém bate os portugueses.
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