A Presidência da República de Portugal, dando o exemplo de austeridade, representa uma pequena e restritiva factura de 16 milhões de euros por ano.
Pouca coisa. Dividindo esse montante por cada português, incluindo os 800 mil desempregados, os 20% de pobres e os outros 20% que já começam a ter saudades de uma refeição, dá a módica quantia de 1,5 euros por cada um.
É claro que, no meio da plebe, aparecem sempre as vozes críticas que contestam a necessária e vital opulência de um organismo que dirige o destino de um país que recentemente readoptou o esclavagismo.
Dizem esses seres inferiores, e é por isso que são escravos, que os 16 milhões de euros anuais são um valor 163 vezes superior à presidência de Ramalho Eanes, gastando o chefe de Estado português o dobro do rei de Espanha (8 milhões).
Esquecem, no entanto, de dizer que a casta superior fica, mesmo assim, longe dos 112 milhões de euros de Nicolas Sarkozy, ou dos 46,6 milhões da rainha de Inglaterra, Isabel II.
Importa também relevar a importância e imprescindibilidade do séquito que acompanha sua majestade D. Cavaco Silva. Ou seja, 12 assessores e 24 consultores, além dos restantes especialistas que põem em funcionamento a maquia pessoal do presidente e toda a sua estrutura física.
Diz o jornal i que Cavaco Silva “faz-se rodear de um regimento de quase 500 pessoas, fazendo com que os 300 elementos a trabalhar no Palácio de Buckingham, e os 200 que servem o rei Juan Carlos de Espanha pareçam insignificantes”.
Ainda bem que assim acontece. Em alguma coisa Portugal haveria de ser grande. Também o é noutras coisas, como seja o bacanal político, as orgias político-económicas e as festas da abundância (Fado, Futebol e Fátima) que alimentam os escravos.
Portugal não dá, aliás, a perceber que o seu povo passa fome. Como não tira os sapatos ninguém percebe que tem a meias rotas. Na 21ª Cimeira Ibero-Americana, que hoje começa em Assunção, no Paraguai, o reino lusitano mostra o que (não) vale.
Mostrando mais uma vez a sua coerência e depois de ter dito que “ninguém está imune aos sacrifícios”, Aníbal Cavaco Silva leva ao Paraguai uma comitiva de 23 super-especialistas, com destaque para o seu médico pessoal e, é claro, para o seu mordomo.
Mais comedido, e não percebo a razão, Pedro Passos Coelho leva consigo quatro pessoas, incluindo segurança.
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