O ministro da Economia pediu, mas escusava de o fazer. Tirando uns tantos “mexias” do reino, os portugueses já perceberam o que é sobreviver de barriga vazia.
Álvaro Santos Pereira diz que é "muito importante" que Portugal "perceba que os sacrifícios são absolutamente fundamentais para que o Estado possa pôr as suas contas em ordem".
É verdade. O Estado e a corja a ele ligados ficam com as contas em ordem. Quanto aos escravos, os portugueses, esses ficam depenados e esqueléticos. Mas, afinal, não é mesmo para isso que existem escravos?
Cavaco Silva afirmou também hoje, como se nada tivesse a ver com o assunto, que "há limites para os sacrifícios" e que o Orçamento do Estado para 2012 tem "falta de equidade fiscal", referindo-se à suspensão dos subsídios de férias e de Natal.
No caso de Cavaco Silva ainda se compreende. Ele chegou há pouco tempo à vida do país. Só foi primeiro-ministro de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, presidente da República eleito em 22 de Janeiro de 2006 e reeleito em 23 de Janeiro de 2011…
O ministro reafirmou aquilo que mantém os cemitérios cheios, ou seja, as (boas, diz ele) intenções do Governo em colocar no terreno políticas para aumentar a competitividade e baixar o défice externo.
Um novo código das insolvências e um novo plano extrajudicial de conciliação, bem como uma simplificação do código comercial serão as prioridades do Executivo para, digo eu, voltar a pôr o barco a flutuar.
Se acaso o conseguir, resta saber onde é que o barcaça vai emergir (provavelmente, na melhor da hipóteses, será nas águas territoriais de Marrocos) e se a bordo ainda haverá algum sobrevivente.
Álvaro Santos Pereira garante que a política do Governo passa também por uma nova lei da concorrência já que não "se justifica que ainda haja sectores protegidos", e uma aposta na diminuição das importações e valorização dos produtos nacionais.
Lei da concorrência para quê? Para fingir que Portugal é um Estado de Direito já existem leis suficientes. Não funcionam, mas existem.
Quanto a diminuir as importações e valorizar os produtos nacionais é, mesmo no reino lusitano, uma verdade de La Palisse. Mas, mais uma vez, dizendo o óbvio aos portugueses e fazendo o que é óbvio para os donos dos portugueses, o Governo mostra que se julga um Stradivarius, mesmo sabendo que não passa de uma cópia rafeira feita de latas de sardinhas.
O que releva no meio disto tudo é que este Governo assume direitos de propriedade sobre os portugueses, impondo-lhes essa condição pela força. Ou seja, considerando-os escravos.
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