O Comité Nobel norueguês anunciou como Nobel da Paz 2011 as liberianas Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e iemenita Tawakkul Karman.
Ainda não foi desta que o sumo pontífice do MPLA e do regime angolano, presidente há 32 anos, foi escolhido. É um erro grave, atentatório da obra feita por José Eduardo dos Santos. Nada, contudo, que o Comité Nobel não possa corrigir um dia destes…
O Comité Nobel Norueguês distinguiu o trabalho das laureadas pela luta pacífica em nome dos direitos das mulheres. "Não podemos conseguir a democracia e a paz duradoura no Mundo a menos que as mulheres tenham as mesmas oportunidades do que os homens", assinalou o Comité, em comunicado.
Se este (direitos das mulheres, democracia e paz) era um critério basilar, aceito que não tivesse sido atribuído a Eduardo dos Santos que, reconheçamos, só preenchia dois dos três critérios. Poderia, no entanto, ser substituído pela sua filha, Isabel, que não só preenche esses três itens como muitos outros.
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher a ser eleita presidente em África, cargo no qual "tem contribuído para a paz na Libéria, para a promoção do desenvolvimento económico e social e para reforçar a posição das mulheres".
Afinal, para além de ter sido a primeira mulher… foi eleita. É obra. Nada, todavia, que ofusque o brilhantismo de Eduardo dos Santos que consegue ser presidente há 32 anos, sem nunca ter sido eleito.
A liberiana Leymah Gbowee conseguiu "mobilizar e organizar as mulheres de etnias e religiões diferentes a fim de conseguir acabar com a guerra na Libéria e garantir a sua participação nas eleições".
Neste aspecto, Eduardo dos Santos seria bem mais merecedor. Acabou com a guerra, conseguiu que em alguns círculos eleitorais votassem mais de 100 por cento dos eleitores e, como prova da democraticidade do regime, até teve engenho e arte para pôr os mortos a votar.
Já Tawakkul Karman liderou movimentos de luta pelos direitos das mulheres e pela democracia e paz no Iémen, antes e durante a "Primavera Árabe".
Eduardo dos Santos fez muito mais do que isso. Também liderou os direitos das mulheres… do MPLA e conseguiu – o que não deveria ser despiciendo para o Comité Nobel – que durante a guerra civil os seus militares usassem balas inteligentes que só matavam o inimigo, poupando os civis…
Entre as figuras internacionais distinguidas em anos recentes constam Barack Obama (2009), a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e o então director Mohamed ElBaradei (2005), Wangari Maathai (2004), Kofi Annan (2001), Ximenes Belo e José Ramos-Horta (1996) e Nelson Mandela e Frederik Klerk (1993).
Apenas duas entidades foram distinguidas mais que uma vez: o Comité Internacional da Cruz Vermelha (1917, 1944, 1963) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (1954 e 1981).
O prémio foi repartido apenas uma vez por três pessoas: Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin, em 1994.
O Comité Nobel norueguês é composto por cinco membros designados pelo Storting (o Parlamento norueguês).
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