Numa altura em que quase todos fogem sem pensar, Passos Coelho pensa sem fugir. Ele tem uma enorme vantagem. Não é obrigado, como cada vez mais acontece com os competentes, a pensar com a barriga... vazia.
“A nossa preocupação não é levar para o Governo amigos, colegas ou parentes, mas sim os mais competentes. Isto não é desconfiança sobre o partido, mas sim a confiança que o partido pode dar à sociedade”, afirmou o primeiro-ministro de Portugal.
Citando Passos Coelho, a propósito do seu antecessor, é caso para perguntar: “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?”
Pedro Passos Coelho garante que as nomeações seguirão o critério da competência das pessoas, “sejam ou não do PSD”.
Será desta que, em Portugal, veremos trabalhadores, administradores, gestores, políticos, a serem avaliados de forma objectiva e imparcial, sem que para essa avaliação conte o cartão do partido, os jantares com o chefe ou a prenda de anos no aniversário do director?
Não. Ainda não foi desta. Passos Coelho dizia que “estas medidas (de José Sócrates) põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução”.
Pois é. Agora o país está quase a entrar na era de comer farelo. E não está mal. Se os porcos o comem e não morrem, porque razão os escravos portugueses não poderão ter a mesma alimentação?
Cada vez mais, em Portugal, a competência é substituída pela subserviência, não adiantando instituir do ponto de vista legal o primado da transparência quando toda a máquina é constituída por agentes opacos.
O tecido político, sobretudo na sua vertente da governação, está a mudar? Está. Durante muitos anos as decisões pareciam sérias mas não eram. Passou-se depois para a fase em que não pareciam nem eram. Até agora, nas empresas do Estado e nas privadas, nos organismos públicos e na actividade política, o ambiente é, continua a ser, de valorização exponencial do aparente, do faz de conta, do travesti profissional que veste a farda que mais jeito dá ao capataz.
Até à chegada de Passos Coelho a ordem oficial era para apoiar, basta ver o exemplo do ex-chefe do reino socialista e dos seus vassalos, todos aqueles que às segundas, quartas e sextas elogiam o chefe, às terças, quintas e sábados o director e ao domingo esboçam elogios a quem pensam que possa vir a ser chefe , director ou primeiro-ministro.
Passos Coelho chegou, viu e mostrou que é farinha do mesmo saco. Mais uma vez, em Portugal ninguém quer saber que o “stradivarius” que julgam ter é, afinal, feito com latas de sardinha e foi comprado na Feira da Vandoma, no Porto.
Pelo meio deste circuito aparecem sempre os sipaios que acalentam a esperança de um dia serem chefes de posto e que, no cumprimento de ordens superiores, passam ao papel tudo o que o chefe manda, mesmo que no lugar da assinatura tenham de pôr a impressão… digital.
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