Mia Couto, escritor moçambicano e um dos maiores da Lusofonia, é o vencedor da sétima edição do Prémio Eduardo Lourenço, no valor de 10 mil euros, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos.
Brilhante como é habitual, Mia Couto diz que “a maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos”.
E acrescenta que são “ricos sem riqueza”, pelo que seria melhor “chamá-los não de ricos mas de endinheirados”.
Rico, diz Mia Couto, “é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego”, sendo que endinheirado “é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem”. Isto porque, acrescenta, “na realidade, o dinheiro é que o tem a ele”.
Num lapidar retrato da Lusofonia, Mia Couto considera que “são demasiados pobres os nossos "ricos". E explica, “aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas.”
Mia Couto acredita que “não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados”.
Ou seja, “necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia.”
Ou ainda, “necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (....)”
Parabéns Mia Couto.
Sem comentários:
Enviar um comentário