Mais de 2900 pessoas foram mortas na Síria desde o início dos protestos pró-democracia, em Março, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Rupert Colville, admite que o número de vítimas possa ser muito superior, sobretudo porque ninguém sabe onde param as centenas, ou milhares, de desaparecidos.
Enquanto isso, perante a passividade dos donos do mundo, o seu braço armado – a NATO, continua à procura, como fez na Líbia, de rebeldes amigos que possam morrer aos milhares para, dessa forma, tentar tirar o poder ao ditador Bashar al-Assad.
E enquanto não arranjam carne local para canhão, o presidente dos EUA, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, pedem o "fim imediato do banho de sangue" na Síria.
Desde Março que a contestação contra o presidente sírio Bashar al-Assad já fez milhares de mortos civis, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Todo o mundo sabe há muito, muito tempo, que Bashar al-Assad não era flor que se cheire. Mas o cheiro, o mesmo cheiro, já tem décadas e isso nunca incomodou os donos do mundo, tal como não os incomoda que o presidente de Angola, há 32 anos no poder sem ter sido eleito, tenha 70 por cento da população na pobreza.
No caso da Síria, como no da Líbia, é de facto uma chatice. Bem que Kadhafi e Bashar al-Assad poderiam ter resolvido a questão de outra forma, fazendo o mesmo que os seus homólogos do Egipto e da Tunísia.
Mas como são teimosos... lá têm os donos do mundo de pegar na listagem dos bons e dos maus para saberem quem iriam matar.
Não deixa, contudo, de ser curioso que embora consideram agora Bashar al-Assad e Kadhafi exemplos de todos os males, não se atrevam a fazer na Síria o que tão lestamente fizeram na Líbia.
Qualquer boa democracia, como se diz serem os casos dos EUA e do Reino Unido, tem uma listagem dos ditadores bons e dos ditadores maus, dos terroristas bons e dos terroristas maus. Sendo ainda certo que os maus de hoje foram os bons de ontem, e os maus de ontem serão os bons de amanhã.
Obama e Cameron expressam a sua "profunda preocupação com o uso da violência pelo governo sírio contra civis" e a sua "crença na necessidade de responder à exigência legítima de transição democrática expressa pelo povo sírio".
“Ainda que o Conselho de Segurança da ONU já tenha adoptado duas resoluções sobre a repressão na Síria, o facto de o Governo sírio nada ter feito para dar resposta a essas resoluções e para permitir investigações internacionais está a causar grande preocupação entre os membros da ONU”, explicou à AFP Philippe Dam, da organização de defesa de direitos humanos Human Rights Watch.
Uma comissão independente mandatada pelo Conselho dos Direitos do Homem, a 23 de Agosto, está ainda à espera da autorização do regime de Damasco para poder entrar no país.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos denunciou a existência de confrontos entre as forças militares e de segurança do regime sírio em localidades da região de Idleb, junto à fronteira com a Turquia.
A organização adiantou ainda que, hoje, morreram pelo menos 12 pessoas em confrontos entre as forças do regime e desertores na cidade de Jabal al-Zaouiya, que fica na província de Idleb, Nordeste do país.
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