sábado, abril 21, 2007

Lisboa e Luanda – inimigos que se toleram

As empresas francesas devem apostar em Portugal com o plataforma para os negócios em Angola, aproveitando o conhecimento dos portugueses sobre este mercado africano. Quem o diz é o presidente da Câmara de Comércio Luso-Francesa, Bernard Chantrelle. E diz bem. Falta é saber se os angolanos, considerados na maioria dos casos cidadãos de segunda no país irmão (Portugal), acreditam e sobretudo aceitam que Lisboa desempenhe esse papel.

Em declarações à margem do seminário "Portugal Como Plataforma para Negócios em Angola", Chantrelle afirmou que Angola "é um país de África diferente, mais promissor que muitos outros", mas tal ainda não é suficientemente conhecido em França.

Pois. Não admira que Angola ainda seja mal conhecida em França se, quer se goste ou não, ainda é mal conhecida em Portugal. Basta ver, por exemplo, que para a comunicação social lusa é muito mais importante o que se passa em Tashkent (capital do Uzbequistão) do que o que se passa em Luanda (capital de Angola).

Segundo Bernard Chantrelle, em França "há um interesse crescente por Angola, mas falta conhecimento das oportunidades que o mercado oferece", acrescentando que "não há sector que não seja interessante em Angola".

É exactamente isso. Todos os sectores são interessantes, mau grado Portugal continuar a dormir na forma, valorizando mais as relações com Marrocos, por exemplo, e dando como adquirido que em Angola são favas contadas. Mas não são. Os angolanos sabem bem o que querem e, é claro, também conhece o provérbio: Amigos, amigos, negócios à parte.

"Quando as pessoas abordam o mercado novo é sempre melhor ir em boa companhia" e "a importância do comércio entre Portugal e Angola gerou melhor conhecimento do mercado, que ajuda evidentemente as empresas, afirmou Bernard Chantrelle.

Esta afirmação encerra uma boa dose de boa educação e simpatia. Paris sabe que, no caso de Angola, Lisboa até não é grande companhia. Quem ainda não percebeu que é má companhia foi Portugal, que não os portugueses. Os portugueses e os angolanos são um povo irmão. Lisboa e Luanda são (mais por culpa da primeira) inimigos que se toleram.

1 comentário:

ELCAlmeida disse...

O problema é que "inimigos" por "inimigos" os franceses sabem que "uma parte de" Angola não esquece o Angolagate...
kdd
EA