sábado, abril 07, 2007

Ramos Horta, Xanana e companhia
- Os homens ao serviço da Austrália

José Ramos Horta pode, dentro de algumas horas, ser eleito presidente da República de Timor-Leste. Xanana Gusmão pode, dentro de alguns meses, ser eleito primeiro-ministro. Ou seja, mais coisa menos coisa, vai ficar tudo na mesma. Sendo que, na minha opinião, este “na mesma” significa sob a tutela dos australianos.

Depois de tomar conta de um país que continua a considerar ser o seu quintal, a Austrália marca pontos sempre que quer, seja a proteger a fuga do major Alfredo Reinado, seja a encostar à parede quem fale português.

Ramos Horta e Xanana Gusmão ou não compreenderam que os australianos não são uma solução para o problema, são, isso sim, um problema para a solução ou, quem sabe, estão a fazer o jogo do seu poderoso vizinho.

Talvez por querer pôr os timorenses acima de qualquer outro interesse é que Mari Alkatiri foi derrubado. Ou seja, foi mais fácil demitir o primeiro-ministro do que prender um major rebelde.

"Os timorenses têm que aprender a resolver os seus problemas e não continuar à espera de que a comunidade internacional faça tudo por eles", declarou o ministro australiano de Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, em Setembro do ano passado.

Downer tinha e continua a ter razão. Os problemas são para os timorenses, o petróleo (entre outras riquezas) é que é para a Austrália. Tão simples quanto isso.

Quando, e se, o major Alfredo Reinado disser tudo o que sabe (não só sobre a fuga da cadeia) ver-se-á que Camberra tem culpas no cartório. Muitas culpas. Fica-me, contudo, a certeza de que Reinado só está vivo porque isso interessa à Austrália.

"Os timorenses agora são uma nação independente e têm de ser responsáveis pelos seus assuntos internos", acrescentou o chefe da diplomacia australiana numa afirmação digna de registo do anedotário internacional.

Nação independente? Não. Não brinquem com a minha chipala. Vão, com certeza, continuar a brincar com Ramos Horta e com Xanana Gusmão, mas não gozem com os outros.

Não vão? Veremos. Não será preciso muito tempo para que os “cães de fila” da Austrália mostrem a sua ferocidade.

Na Foto, o autor quando há uns anos entrevistou José Ramos Horta.

Sem comentários: