quinta-feira, novembro 23, 2006

Capataz Sócrates quer açaimar os Jornalistas
(a bem da Nação, como diria Oliveira Salazar)

A presidente da Caixa dos jornalistas, Maria Antónia Palla, afirmou ontem na RTP2, no programa do Clube dos Jornalistas, que o secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos, desconhecia a ligação da Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas (CPAFJ) com a Casa da Imprensa.

Não sabia, como não sabe muitas outras coisas, mas o desconhecimento não é importante, segundo a teoria socratiana (de José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal). Importante, importante mesmo é dar cabo dos Jornalistas, custe o que custar.

O secretário de Estado diz que o subsistema de saúde dos jornalistas custa ao Estado cerca de 3 milhões de euros por ano. Esqueceu-se, conforme instruções do capataz Sócrates, que o actual subsistema dos jornalistas é mais barato para o Estado do que se passarem todos a ser atendidos no Sistema Nacional de Saúde. A caixa dos jornalistas tem cerca de 5.000 beneficiários e estima que cada um gaste, através do subsistema de saúde, 385 euros por ano.

A CPAFJ faz parte do património dos jornalistas, não como um privilégio de classe, mas como um patamar de qualidade e de direitos que, não sendo o melhor que se poderia desejar, deveria constituir uma referência para todos os trabalhadores, pois a qualidade no apoio social e na saúde deve nivelar-se sempre por cima e nunca por baixo.

José Sócrates pensa de maneira diferente. Depois de ter comprado os jornalistas que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou agora na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.

Criada em 1943, a CPAFJ reconhece a especificidade e importância de uma actividade constitucionalmente consagrada como estruturante do Estado democrático e tem constituído, há décadas, um factor de coesão, estabilidade e estímulo para uma classe que desempenha um papel social insubstituível.

José Sócrates pensa de maneira diferente. Depois de ter comprado os jornalistas que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou agora na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.

O facto de os jornalistas disporem de um subsistema de Saúde significa que o Estado tem em conta, há décadas, as especificidades da nossa profissão, designadamente jornadas intensas e prolongadas e informalidade de horários, com fortes impactos na saúde e na qualidade de vida destes profissionais, como demonstra a significativa prevalência de stress e de doenças do foro cardíaco, desgaste rápido e até morte precoce. Esta situação agravou-se nos últimos anos, com a crescente precariedade, um extraordinário aumento dos níveis de exigência, polivalência e de disponibilidade.

José Sócrates pensa de maneira diferente. Depois de ter comprado os jornalistas que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou agora na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.

O subsistema de saúde dos jornalistas tem sido ciclicamente posto em causa, por alegado elitismo e por ser pretensamente gravoso para o orçamento da Saúde. Mas a verdade é que, não obstante os níveis de comparticipação nas suas despesas serem superiores aos concedidos à generalidade dos trabalhadores, não só se tem pago a si próprio como tem contribuído para o orçamento geral da Segurança Social.

José Sócrates pensa de maneira diferente. Depois de ter comprado os jornalistas que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou agora na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.

A existência da CPAFJ volta agora a ser posta em causa, com o Governo a pretender eliminar uma instituição paradigmática que, tendo algumas dificuldades de funcionamento, está longe de esgotar as suas potencialidades e virtualidades, podendo e devendo adaptar-se às novas realidades de uma classe em permanente mutação e com novos problemas, fruto das profundas alterações registadas no sector da comunicação social.

José Sócrates pensa de maneira diferente. Depois de ter comprado os jornalistas que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou agora na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.

Porque eles comem tudo... a luta continua.

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