terça-feira, novembro 21, 2006

Mercenários ao serviço do MPLA
também "trabalham" em Portugal

Eugénio Costa Almeida, meu amigo e Mestre lusófono do melhor que há, insurge-se no seu blog contra o facto de a Guiné-Bissau ir pedir, ou já ter pedido, a Angola que a apoie na reabilitação da sua Comunicação Social. Não é para menos. Mas, quer se queira ou não, é muito mais, mas muito mesmo, o que une Eduardo dos Santos a Nino Vieira do que o que os separa. Mas a questão é bem mais lata.

Tal como na Guiné-Bissau, também em Angola os verdadeiros Jornalistas correm o risco de terem acidentes estranhos e até de chocarem contra alguma bala. Também em Portugal (e cada vez mais) correm o mesmo risco. Mas a estratégia do MPLA, perante a passividade da UNITA (o único partido da oposição que deveria aspirar ao poder), vai muito mais longe.

Tem-se falado no recrutamento de mercenários da imprensa em Portugal para, em Luanda, ajudarem a silenciar uns tantos e a manter no poder os que já lá estão há 31 anos.

No entanto, pouco se tem falado da actividade do MPLA/Governo de Eduardo dos Santos directamente em Portugal onde, neste caso perante a passividade do Governo português, contrata mercenários da imprensa para, em Portugal, ajudarem a silenciar uns tantos que teimam em ser livres.

Porque razão os eventos levados a cabo pela actual Direcção na Casa de Angola em Lisboa não são noticiados por grande parte da imprensa portuguesa? Porque razão nem mesmo a RTP/África os noticia?

Porque razão grande parte da imprensa portuguesa tem supostos especialistas em assuntos angolanos que, afinal, são meros propagandistas das verdades oficiais, muitos deles com, no mínimo íntimas, ligações ao MPLA?

Porque razão grande parte da imprensa portuguesa veta (é óbvio que por “razões” legais, funcionais e uns tantos outros ais) os Jornalistas que querem escrever sobre a outra face do Governo de Luanda?

Porque razão os portugueses são obrigados a comer as verdades oficiais do Governo de Luanda sem que, em Portugal, se diga, mostre e prove (o que não é nada difícil) que a ditadura de Eduardo dos Santos só interessa aos poucos que têm milhões e não aos milhões que têm pouco ou nada?

Na minha opinião, o MPLA domina (por força do dinheiro com que compra quase tudo e quase todos) grande parte da imprensa portuguesa. Não por dominar as empresas jornalísticas mas, isso sim, por ter nas mãos alguns mercenários que estão em estratégicos postos de comando.

Mercenários bem pagos (é claro!) e que quando vão a Luanda (à Luanda de Eduardo dos Santos, que não à do Povo) ficam nos melhores hotéis, comem do melhor, bebem do melhor e até têm das melhores companhias.

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu Caro Orlando

Acho que sabes como me fazer saltar da cadeira e comentar os teus post. E acho que fazes de propósito, mas como na maior parte das vezes isso permite que eu esclareça as pessoas, que remédio senão desculpar-te.

A estratégia do Mpla não é de hoje e penso que vai acentuar-se à medida que se aproximarem as eleições. Em 1992 aconteceu o mesmo e alguns boatos falavam até em 50.000 usd de despesa mensal com jornalistas portugueses. Não sei se tal foi verdade, mas que assisti em Luanda a uma competição para ver qual dos jornalistas portugueses inventava mais dislates, lá isso assisti. Mas também é verdade que alguns recusaram tal competição e fizeram o seu trabalho da maneira mais correcta (mesmo tendo vindo a sofrer por isso mais tarde).

Aproximam-se as eleições, embora ainda não tenham sido marcadas e a estratégia do Mpla deverá ser a mesma (se em 1992 resultou...)

Mas meu Caro é injusto dizer que tudo isso acontece perante a passividade da UNITA.

A UNITA não é passiva e não está passiva. Mas se em 1992 a UNITA era um Estado e tinha capacidade financeira para fazer algo quanto a essa estratégia, actualmente a UNITA é um partido político, com uma capacidade financeira muito reduzida e que não chega muitas vezes para acudir a todos os que desiludidos com o governo angolano a ela recorrem para dar de comer aos filhos ou para pagar a assistência médica.

Certamente que tal actuação é mais importante para o Povo Angolano do que andar a comprar jornais e jornalistas portugueses por muito influentes que eles possam ser.

E repara, o que é que o Mpla ganha com isso ? A opinião pública portuguesa ? Não acredito, esta já revelou no passado que sabe o que o Mpla é. Os governantes portugueses ? Esses estarão sempre do lado do Mpla, porque os dois partidos governamentais em Portugal (PSD e PS) sempre foram bom amigos do Mpla.

Não há razão para a UNITA comprar jornalistas ou jornais portugueses.

Por muito que a UNITA goste de Portugal ou de alguns portugueses não é essa a estratégia da UNITA. Nunca foi, porque isso seria continuar a macaquear a Democracia, como o partido no poder em Angola faz todos os dias

Orlando Castro disse...

Meu Caro Uabalumuka,

Ainda bem que te faço saltar da cadeira. Todos ganhamos com isso.

Quando falo da passividade da UNITA não me refiro a "comprar" jornalistas ou jornais. Falo em denunciar clara e inequivocamente o que se passa, tantas vezes quanto for necessário.

Falo, por exemplo, em a UNITA dizer o que tu aqui dizes. Pôr o dedo na ferida. Tantas vezes quanto for necessário.

A reacção da UNITA pouco poderá contar (não sei se é bem assim) para alterar o (mau) estado das coisas em Portugal.

Mas certamente ajudaria, ajudará, os Angolanos que ainda têm dúvidas a separar o trigo do joio. Não te parece?

Kandandu