Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, publicada estrategicamente na altura em que o líder da UNITA está em Portugal, Kundi Paihama diz que “há tempos, o presidente da UNITA, Isaías Samakuva, andou lá pela minha terra (Lubango) a dizer às pessoas que eu devia sair do Governo, que o Governo não fazia nada... Então, eu perguntei-lhes: como é que o Samakuva chegou até aqui? Veio de avião? Não! Veio de helicóptero? Também não! Veio de carro, disserem-me. Aí tive de lhes perguntar: Quem é que reparou a estrada por onde ele veio? Quem é que reconstruiu as pontes que a UNITA destruiu? É preciso ter uma linguagem mais honesta”.
Não tem razão. Desde logo porque já lá vai o tempo em que se Kundi Paihama dizia é porque era verdade. Nem mesmo o fim da União Soviética ajudou o pessoal do MPLA a perceber que ninguém é dono da verdade.
Todos sabem, mormente os angolanos, que só a UNITA destruiu as pontes, as casas, as estradas, as fazendas. E sabem porque, como defende Kundi Paihama, primeiro as FAPLA e depois as FAA tinham armamento sofisticado que não estragava nada.
De tão inteligente que era esse armamento, todos sabemos que as bombas lançadas pela aviação ou acertavam nos militares da UNITA ou pura e simplesmente se evaporavam, tal como sabemos que as balas só matavam os maus, no caso os homens das FALA.
Assim sendo, é fácil concluir (como Kundi Paihama faz de forma brilhante e paradigmática) que tudo o que está destruído e todos os civis que morreram foram da responsabilidade da UNITA.Kundi Paihama aconselha à utilização “de uma linguagem mais honesta”.
Faz bem. Com os portugueses deve ter aprendido que o importante é “olhar para o que eu digo e não para o que eu faço”.
Como se soubesse alguma coisa disso, Kundi Paihama diz que “estamos a ajudar os nossos irmãos congoleses para que eles assumam uma noção de Estado e assumam também as suas obrigações”, acrescentando que “a posição de Angola é clara: ganhe quem ganhar as eleições na RDCongo, é preciso que o perdedor aceite os resultados”.
Pois. Desde que as eleições sejam honestas, transparentes e livres. Ou não será senhor Kundi Paihama?
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