quinta-feira, maio 10, 2007

Austrália 1, Timorenses 0
- Ramos Horta presidente

Com os votos quase todos escrutinados, é já certo de que o primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, é o sucessor de Xanana Gusmão na presidência de Timor-Leste. A própria Comissão Nacional de Eleições afirma que, apesar de parcelares, já não existe uma margem suficientemente grande para que seja possível uma reviravolta nos resultados.

Com o discurso de felicitações já escrito desde a primeira volta, a Austrália vê assim coroada de êxito a sua estratégia para Timor-Leste. Mais exactamente para o Mar de Timor. E ainda mais exactamente para o petróleo e gás de Timor-Leste.

A influência australiana sente-se desde o início da crise, em 2006, tendo sido o primeiro país a responder ao pedido das autoridades timorenses com o envio de uma força militar para ajudar a restabelecer a ordem pública.

Os cerca de mil soldados que integram a Força Internacional de Estabilização, liderada pela Austrália, têm-se mantido desde então no país à margem da Missão Integrada da ONU (UNMIT), que conta com cerca de 1.600 polícias provenientes de 20 países, entre os quais Portugal, através da GNR.

O chefe da diplomacia australiana, Alexander Downer, já deixou claro que o seu país tenciona permanecer em Timor-Leste "pelo menos até às legislativas", marcadas para 30 de Junho.
"Depois das eleições avaliaremos novamente a situação", disse Downer, citado pela emissora estatal ABC, salientando estar convicto de que haverá maior instabilidade quando se realizarem as legislativas.

O voluntarismo de Camberra é fortemente criticado pelo partido maioritário, a FRETILIN, que acusa os militares australianos de condicionarem a política interna de Timor-Leste, a pedido de Ramos-Horta.

As acusações mais fortes foram feitas sobre a alegada "interferência" dos militares australianos na parte leste do país e em Ainaro, no sul, denunciou ainda na campanha eleitoral para a segunda volta o candidato Francisco Guterres "Lu Olo", presidente da FRETILIN.

O sinal mais claro das preferências australianas foi dado em Fevereiro passado, quando o parlamento timorense finalmente ratificou o acordo de exploração e partilha das receitas de dois dos maiores campos de hidrocarbonetos do Mar de Timor, Greater Sunrise e Bayu Undan, concretizando uma promessa desde logo enunciada por Ramos-Horta quando tomou posse como primeiro-ministro.

A resolução deste contencioso, que se arrastava desde 2004, foi possível a partir do momento que Mari Alkatiri deixou de ser primeiro-ministro.

Considerado o país mais pobre da Ásia, Timor-Leste conseguiu, apesar de tudo, com a crise de 2006 desbaratar o capital acumulado desde 2002, quando se tornou a primeira nação do século XXI.

In http://www.noticiaslusofonas.com

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