O escritor angolano Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) recebe amanhã em Santiago de Compostela o prémio Escritor Galego Universal 2007, sendo o primeiro autor de língua portuguesa e, em simultâneo, o primeiro africano a obtê-lo. É dele que, supostamente, eu quero falar. No entanto, desculpem lá, prefiro falar de Ernesto Lara Filho. Porquê? Talvez por nos termos cruzado, há muitos, muitos anos, na então Nova Lisboa (onde publicou, em 1961, Picada de Marimbondo) entre garrafas meio cheias, ou meio vazias...Ernesto Lara Filho nasceu em Benguela em 1922. Foi (veio) para Portugal a fim de continuar os seus estudos, concluindo o curso de regente agrícola, na Escola Nacional de Coimbra. Percorreu alguns países da Europa, ganhando a vida, por vezes, como empregado de restaurante. Considerado o primeiro grande cronista de Angola. Morreu em 1977, 17 anos após sua irmã, a poetisa Alda Lara.
Picada de marimbondo
Junto da mandioqueira
perto do muro de adobe
vi surgir um marimbondo
perto do muro de adobe
vi surgir um marimbondo
Vinha zunindo
cazuza!
Vinha zunindo
cazuza!
Vinha zunindo
cazuza!
Era uma tarde em Janeiro
tinha flores nas acácias
tinha abelhas nos jardins
e vento nas casuarinas,
quando vi o marimbondo
vinha voando e zunindo
vinha zunindo e voando!
Cazuza!
Marimbondo
mordeu tua filha no olho!
Cazuza!
Marimbondo
foi branco que inventou...
Nota: Embora perceba, do ponto de vista literário-cultural, a razão pela qual, por exemplo, o meu amigo Eugénio Costa Almeida coloca lado a lado José Eduardo Agualusa e Pepetela, não consigo separar o escritor Pepetela do Pepetela que participou no massacre de 27 de Maio de 1977, em Angola. Tão responsável é o que puxa o gatilho como aquele que participa na farsa acusatória.
7 comentários:
Dois autores benguelenses e dois estilos diferentes. Um é romancista outro insígne poeta.
Em qualquer dos casos a literatura angolana está mesmo em alta. Depois de Agualusa e Luandina, Pepetela a ganhar.
Kandandu
Eugénio Almeida
Estou absolutamente de acordo consigo!não é possível ... ou antes ser possível é acontece é que nem todos o conseguem. É o meu caso.E o seu. A nossa vida não tem compartimentos estanques.Temos que o dizer - eu digo porque sou benguelense e tive o prazer de conhecer e ouvir (não sendo íntimo)o Ernesto - uma personalidade extraordinária se o olharmos e o tivermos na sua componente literária ...como homem contudo ...um bêbado incorrigível ( não o digo om o mínimo intuito ofensivo à sua memória ...até tenho saudades...digo-o, relatando e constatando a realidade que não era nem mais nem menos que a do meu ex-condiscípulo e amigo e figura típica da minha Benguela - era como em Roma quem não o conhecia era por que nunca tinha ido a Roma - o CHIMICO). Do mesmo se trata aqui Pepetela rendo-lhe a minha homenagem e o cuidado e prazer que tenho quando o leio e gosto (muito!)mas é preciso não branquear as vergonhas da sua vida. Essa - Maio de 77 - é uma delas. E ele ainda não pediu desculpa nem se remiu do que patrocinou.É o mesmo que tenho quando ouço Mingas (que saudade!) a cantar Monangambé! por exemplo. Mingas não foi honesto ( e como o podseria ser?!) e permitiu que para mim olhassem, naquele período, como filho do branco que tinha barriga grande ... ora meu pai nunca deu a comer peixe podre... nem cinquenta angolares ... meu pai sempre pagou em escudos ( e marchou para Angola aos catorze anos de idade e fugiu para Portugal tinha quarenta e oito e dos catorze aos 48 nunca veio ou disso fez menção a Portugal e... eu nunca conheci Portugal - não por falta de portunidade mas simplesmente por que não quis, não me interessava). Os angolares foram utilizados pelos ascendentes ( que eu não tive ...e se tivesse?)e de que nunca deveria ter sido responsabilizado. Então Pepetela é assim e Gunter Grass o ano passado era para ser assado!Tretas...farto de tretas!e de alinhamentos intelectualmente hemiplégicos!
Tenho procurado estudar um pouco a obra de Lara Filho, mas continuo sem entender por que a saudade da infância perdida. O que havia lá para tanto lhe fazer referência (como em Era nos Tempos dos Tamarindos, Maracujá, Infância Perdida...)? É o mesmo motivo pelo qual diz em "Regresso" que "não mais encontrarás à tua espera / a nossa casinha de adobe/ da rua principal"? Agradeço se puder me dar uma luz!
Abraço,
Kelly
Tenho procurado estudar um pouco a obra de Lara Filho, mas continuo sem entender por que a saudade da infância perdida. O que havia lá para tanto lhe fazer referência (como em Era nos Tempos dos Tamarindos, Maracujá, Infância Perdida...)? É o mesmo motivo pelo qual diz em "Regresso" que "não mais encontrarás à tua espera / a nossa casinha de adobe/ da rua principal"? Agradeço se puder me dar uma luz!
Abraço,
Kelly
Boa tarde, Orlando.
Referes que o Ernesto Lara filho, nasceu em 1922, mas nasceu em 1932, dia 2 de Novembro (dia de Finados), portanto, quase 16 meses mais novo que a sua insigne irmã Alda.
Cumptos do amigo
Agostinho Gomes
Sr. Orlando Castro por favor, nao mencione o nome do Pepetela entre o Lara Filho ou o JE Agualusa./ Isto e sacrilegio. Pepetela e um assassino, participou em julgamentos e fuzilamentos sumarios de inocentes. Ja ouviu falar do 27 de Maio de 1977?
Honestamente nao sei quem da premios a escritores como o Pepetela. Este homem tem intencao de se redimir? Tem a consciencia tranquila do trabalho realizado como investigador? Pepetela e um assassino...criminoso... deve ser julgado por um tribunal internacional...
Orlando, nao misture JEagualusa, Lara filho com o pepetela. Este benguelense nao presta. E um assasssino. Participou em julgamentos e fuzilamentos sumarios
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