sexta-feira, maio 11, 2007

Ise okufa, etombo livala

«Uma das alternativas encontradas por muitos no meio urbano para a sua sobrevivência é a actividade de roboteiro ou seja o transporte de pedras ou outras mercadorias na cabeça e carrinhos de mão», diz a MultiPress a propósito das dificuldades dos ex-militares da UNITA, neste caso em Benguela.

Terá valido a pena ser militar da UNITA? Terá sido para isto que o mais Velho tanto lutou? As perguntas são minhas embora julgue serem comuns a muitos desses soldados.

Terá sido para isto que tantas vezes, em Umbundu (mas não só) Jonas Savimbi dizia «ise okufa, etombo livala»? (em português, prefiro antes a morte, do que a escravatura).

Num cenário em que os poucos que têm milhões continuam a ter cada vez mais milhões e em que, no mesmo país, muitos milhões não têm sequer o que comer, não me custa a crer que a linguagem das armas volte a ser equacionada.

Mal por mal, antes a morte do que a escravatura. E se antes foi o tempo dos contratados e escravos ovimbundus ou bailundos irem para as roças do Norte, agora é o enxovalho de transportar pedras à cabeça para ter “peixe podre, fuba podre… e porrada se refilares”

«Sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!» Morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados, ou ser escravo na terra que ajudaram a, supostamente, libertar.

Até quando?

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