O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, acusou hoje a União Europeia de pretender "dividir" os africanos, frisando que não são os europeus que decidem quem participa na Cimeira UE/África, onde estará presente se for convidado.
"Não compete à Europa dizer quem deve ou não participar. Se um dia permitirmos isso, estamos terminados", frisou Mugabe, numa entrevista hoje publicada em Luanda pelo Jornal de Angola, que lhe dá destaque de primeira página.
Nesta entrevista, realizada no Palácio Presidencial em Harare durante uma visita de jornalistas angolanos à capital do Zimbabué, Robert Mugabe acusa a União Europeia de pretender "dividir" os países africanos.
"A União Europeia quer dividir-nos", afirmou.
Robert Mugabe frisou que tenciona deslocar-se a Lisboa em Dezembro para participar na Cimeira UE/África, se for convidado, mas revelou ainda não ter recebido qualquer convite nesse sentido.
"Se for convidado, vou, sem dúvida. Portugal tem estado a dizer que me vai enviar um convite, mas até agora ainda não o fez", salientou.
Mugabe aproveitou ainda a entrevista para "agradecer a posição" da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da União Africana relativamente ao "apoio" que prestaram tendo em vista a participação do presidente zimbabueano na cimeira entre europeus e africanos.
Relativamente à situação política e económica interna no Zimbabué, Robert Mugabe admitiu que "é complicada", mas frisou que "o governo está a desenvolver estratégias de modo a ultrapassar as sanções impostas".
Nesta entrevista, que se estende por duas páginas no único diário angolano, o presidente do Zimbabué acusa o governo britânico por não ter cumprido os acordos assinados, especialmente depois da chegada ao poder de Tony Blair, mas estende as suas acusações a outros estados ocidentais.
"Os países do Ocidente não estão satisfeitos que estejam no poder [na África Austral] os partidos que lutaram para a libertação nacional", afirmou, citando os casos do MPLA (Angola), ANC (África do Sul), SWAPO (Namíbia) e FRELIMO (Moçambique).
Por outro lado, revelou que o Zimbabué vai realizar eleições "em Março de 2008", salientando que o acto eleitoral deverá ser supervisionado pela SADC.
"Não precisamos de britânicos, americanos ou franceses", frisou o presidente do Zimbabué.
Fonte: Lusa
Fonte: Lusa
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