segunda-feira, outubro 03, 2011

Ao querer banir o Português, Xanana cospe no prato que bem o alimentou durante anos

Eu sei que mudam-se os tempos e mudam-se as vontades. Se até se muda, ou se abdica, da coluna vertebral… pouco resta. Mesmo assim…

Quando em Fevereiro de 1999 entrevistei Xanana Gusmão, à pergunta “que papel fica reservado para Portugal?” respondeu: “Um papel importante. Portugal é importante, como sempre o foi. Acreditamos que, mais uma vez, Portugal vai ajudar os timorenses a encontrar o caminho certo. Por isso, nunca é demais agradecer a ajuda de Portugal e dos portugueses. Esperamos que nesta hora difícil e crítica para a nossa Pátria, os portugueses continuem a ajudar-nos”.

A prova de que Xanana Gusmão está grato a Portugal é agora visível, ainda mais visível, no facto de o Governo timorense, por ele liderado, querer eliminar a Língua Portuguesa do sistema de ensino básico em Timor-Leste.

Por razões eleitorais (2012) ou outras, a verdade é que a manutenção do português como língua oficial do país volta a ser questionada, admitindo-se mesmo que deixe de o ser.  A questão não é consensual mas, na verdade, o simples facto de haver quem questione o uso do português é só por si paradigmático.

Tanto quanto se sabe, Xanana Gusmão e Kirsty Gusmão, Embaixadora da Boa Vontade para a Educação e esposa do Primeiro-Ministro, têm sido os principais promotores da ideia que poderá estar no centro do debate político das próximas eleições. Compreende-se. Xanana que agora come, e bem, noutros pratos, já não se importa de cuspir naquele que o alimentou durante muitos anos.

Esta tese, mesmo que seja só embrionária e  académica, pode pôr em causa o envio de mais de uma centena de professores de português, que nos últimos anos têm vindo a assegurar o ensino da língua aos professores timorenses do primeiro ciclo.

Para Xanana Gusmão pouco ou nada interessa que esta vertente da cooperação absorva grande parte do esforço orçamental que Portugal reserva para Timor-Leste, principal destinatário da cooperação portuguesa no seio da CPLP.

E sendo a CPLP uma Comunidade dos Países de diversas Línguas,  entre as quais a Portuguesa, não admira que enquanto Timor-Leste quer abandonar o português, outros queiram entrar, mesmo que pensem da nossa Pátria comum (a língua) seja igual a zero. São disso exemplos, Austrália, Indonésia, Luxemburgo, Suazilândia e Ucrânia.

Domingos Simões Pereira, secretário executivo da organização supostamente lusófona, precisou que a Suazilândia e a Ucrânia já formalizaram o pedido de adesão como membros associados, enquanto dos restantes três países, o Luxemburgo solicitou um “convite especial”.

Nada como a CPLP estar preocupada, por exemplo, em ajudar os cidadãos ucranianos e esquecer – como tem feito até agora – os guineenses. É, aliás, simpático dar sapatos aos filhos do vizinho enquanto os nossos andam descalços...

“Mas quando nós começamos a receber esta atenção e este nível de interesse por parte de países que ‘à priori’ não pareceria terem afinidades, interesses tão óbvios, isso deve alertar-nos para aquilo que a CPLP pode significar, para aquilo que pode representar”, acrescentou.

E pelo que a CPLP parece representar, seria mais aconselhável mudar o nome para Comunidade dos Países de Língua Petrolífera. Esquecia-se a língua portuguesa, que é coisa de somenos importância, e apostava-se forte naquilo que faz mover os areópagos da política internacional: o petróleo.

Aliás, mesmo sem perguntar a Xanana Gusmão, todos sabem que a Indonésia é um daqueles países a quem a lusofonia tudo deve, mormente Timor-Leste.

Por alguma razão Jacarta proibiu, enquanto foi dona de Timor-Leste, aquilo que agora é desejo de Xanana Gusmão, ou seja, o uso da língua portuguesa.

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