quarta-feira, novembro 15, 2006

Está dado o primeiro passo em Angola
- Começou o recenseamento eleitoral

Hoje é, poderá ser, um dia histórico para Angola. Começou o recenseamento eleitoral. É o primeiro dos muitos passos que é preciso dar para que as eleições sejam, ou possam ser, uma realidade. Há 14 anos que todos esperamos. Mais uns do que outros, é certo.

Para Isaías Samakuva, "existem condições para que o processo decorra com normalidade, mas isso também depende da vontade política".

O presidente da UNITA reafirmou a sua preocupação com o atraso que se verifica na credenciação dos elementos dos partidos políticos que vão fiscalizar o recenseamento, mas admitiu que a situação aparenta estar a ser resolvida.

"O importante é que as nossas queixas não sejam vistas apenas como ataques, nós não estamos a atacar ninguém, apenas queremos manter o povo ao corrente do que se está a passar", frisou, salientando que "se as irregularidades forem corrigidas, tudo vai correr bem".

Este problema foi admitido pelo ministro da Administração do Território, Virgílio Fontes Pereira, que coordena a Comissão Interministerial para o Processo Eleitoral (CIPE), rejeitando, no entanto, que as responsabilidades sejam totalmente do governo.

"Reconheço algum atraso que é da nossa responsabilidade, mas isso também resultou do facto de alguns partidos terem apresentado listas de fiscais eleitorais que não estavam em condições para permitir a credenciação", afirmou o ministro, em declarações aos jornalistas.

Virgílio Fontes Pereira assegurou, no entanto, que o executivo "está a fazer tudo para ultrapassar a situação", destacando a importância do processo de recenseamento dos eleitores na "consolidação do processo democrático" em Angola.

"Os angolanos, ao participarem neste processo, estão a afirmar o seu vínculo democrático e a assumir plenamente a sua cidadania", frisou.

Uma ideia também manifestada por Caetano de Sousa, presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), para quem "é importante que os cidadãos façam o recenseamento para que possam participar nas eleições".

"O recenseamento é uma condição essencial para se poder votar", recordou, apelando aos angolanos para que se registem o mais rapidamente possível, de forma a "evitar as acumulações na fase terminal do processo".

A importância do processo de recenseamento eleitoral foi salientada pela generalidade dos líderes políticos angolanos presentes nesta cerimónia, que decorreu na Escola Primária 3007, nas imediações do Governo Provincial de Luanda.

Ngola Kabangu, vice-presidente da FNLA, assegurou à Lusa que o seu partido apelou aos militantes para que se "empenhem no sentido de fazer avançar o processo", que considerou ser "fundamental para o povo angolano".

Por seu lado, Eduardo Kuangana, presidente do PRS, segundo maior partido da oposição parlamentar, considerou que o início do registo dos eleitores "tem uma grande importância, não só para os angolanos, mas também para África e para o mundo".

"Desde 1992 que não temos nenhum processo eleitoral em Angola, por isso atribuímos grande importância a este acto, até porque lutamos muito para que ele se realizasse", afirmou.

Da mesma forma, Anália Vitoria Pereira, presidente do PLD, considerou que "mais vale tarde do que nunca", manifestando o desejo de que o processo de recenseamento eleitoral "decorra bem e seja extensivo a todas as províncias".

Nesta primeira fase, que decorre até 15 de Dezembro, o recenseamento dos eleitores será feito apenas em 51 municípios, dos 164 existentes no país, envolvendo 295 brigadas, num total de cerca de duas mil pessoas.

O processo será interrompido até 15 de Janeiro, altura em que o governo prevê o seu reinício, abrangendo progressivamente todo o território nacional.

Para o Arcebispo de Luanda, D. Damião Franklin, o sucesso deste processo passa "pelo desempenho e pela responsabilidade dos angolanos".

"Votar é um dever cívico, direi mesmo que é uma forma de exercer a caridade e o amor ao próximo para que o bem comum seja uma realidade", afirmou o arcebispo, em declarações à Lusa, assegurando "todo o apoio" da Igreja Católica ao processo eleitoral em Angola.

2 comentários:

Anónimo disse...

E para a Diápora????
Em qualquer dos casos há qque saudar este tardio começo.
felicidades aos brigadistas porque bem vão precisar dela.
Kandandu
Eugénio Almeida

Anónimo disse...

Pois...
A imprensa portuguessa é que não teve conhecimento deste acontecimento ou "esqueeu-se" de noticiar... ;)