Os portugueses europeus, mesmo considerando o deserto oficial decretado para o sul do rectângulo das ocidentais praias lusitanas, são uma espécie em crescimento. Já os portugueses africanos estão em (negras) vias de extinção. Proliferam os que têm sempre a porta fechada, morrem os que sempre a tiveram aberta.
A grande diferença é que os portugueses europeus, os que sempre viverem em Portugal, sempre consideraram (quiçá com razão) que até prova em contrário todos os estranhos são culpados. Já os portugueses africanos, parte dos que deram luz ao mundo, entenderam que até prova em contrário todos os estranhos são inocentes.
Em África, os portugueses aprenderam a amar a diferença e com ela se multiplicarem. Aprenderam a ser solidários com o seu semelhante, fosse ele preto, castanho, amarelo ou vermelho. Aprenderam a fazer sua uma vivência que não estava nas suas raízes.
Na Europa, os portugueses aprenderam a desconfiar da diferença e a neutralizá-la sempre que possível. Aprenderam a ser individualistas mesquinhos e a só aceitar a diferença como exemplo raro das coisas do demónio.
Com o re(in)gresso de milhares de portugueses africanos ao Portugal europeu, a situação alterou-se momentaneamente. Tão momentaneamente que hoje, 32 anos depois da debandada africana, quase se contam pelos dedos de uma mão os que ainda são portugueses africanos.
Isto é, muitos dos portugueses europeus que foram para África tornaram-se facilmente africanos. No entanto, ao re(in)gressarem às origens ressuscitaram a velha mesquinhez de um país virado para o umbigo, de um país de portas fechadas. Voltaram a ser apenas europeus.
Nessa mesma leva vieram muitos portugueses africanos nascidos em África. Esses não re(in)gressaram em coisa alguma. Mantiveram-se fiéis às suas raízes mas, é claro, tiveram (e ainda têm) de sobreviver. Apesar disso, só olham para o umbigo de vez em quando e as suas portas só estão meias fechadas.
Acresce que muitos destes acabaram por constituir vida em Portugal, muitos casando com portugueses europeus. Por força das circunstâncias, passaram a olhar mais vezes para o umbigo e a porta fechou-se quase completamente.
Chega-se assim aos filhos, nados e criados como “bons” portugueses europeus. Estes só olham para o umbigo e trancaram a porta. Por muito que o pai, ou mãe, lhes digam que até prova em contrário todos (brancos, pretos, amarelos, castanhos ou vermelhos) são inocentes, eles já pouco, ou nada, querem saber disso.
Por força das circunstâncias, os portugueses africanos diluíram-se no deserto europeu, foram colonizados e só resistem alguns malucos que, por força dos seus ideais, ainda acreditam que se o presente de Portugal está na Europa (se é que está) o futuro estará certamente em África.
A grande diferença é que os portugueses europeus, os que sempre viverem em Portugal, sempre consideraram (quiçá com razão) que até prova em contrário todos os estranhos são culpados. Já os portugueses africanos, parte dos que deram luz ao mundo, entenderam que até prova em contrário todos os estranhos são inocentes.
Em África, os portugueses aprenderam a amar a diferença e com ela se multiplicarem. Aprenderam a ser solidários com o seu semelhante, fosse ele preto, castanho, amarelo ou vermelho. Aprenderam a fazer sua uma vivência que não estava nas suas raízes.
Na Europa, os portugueses aprenderam a desconfiar da diferença e a neutralizá-la sempre que possível. Aprenderam a ser individualistas mesquinhos e a só aceitar a diferença como exemplo raro das coisas do demónio.
Com o re(in)gresso de milhares de portugueses africanos ao Portugal europeu, a situação alterou-se momentaneamente. Tão momentaneamente que hoje, 32 anos depois da debandada africana, quase se contam pelos dedos de uma mão os que ainda são portugueses africanos.
Isto é, muitos dos portugueses europeus que foram para África tornaram-se facilmente africanos. No entanto, ao re(in)gressarem às origens ressuscitaram a velha mesquinhez de um país virado para o umbigo, de um país de portas fechadas. Voltaram a ser apenas europeus.
Nessa mesma leva vieram muitos portugueses africanos nascidos em África. Esses não re(in)gressaram em coisa alguma. Mantiveram-se fiéis às suas raízes mas, é claro, tiveram (e ainda têm) de sobreviver. Apesar disso, só olham para o umbigo de vez em quando e as suas portas só estão meias fechadas.
Acresce que muitos destes acabaram por constituir vida em Portugal, muitos casando com portugueses europeus. Por força das circunstâncias, passaram a olhar mais vezes para o umbigo e a porta fechou-se quase completamente.
Chega-se assim aos filhos, nados e criados como “bons” portugueses europeus. Estes só olham para o umbigo e trancaram a porta. Por muito que o pai, ou mãe, lhes digam que até prova em contrário todos (brancos, pretos, amarelos, castanhos ou vermelhos) são inocentes, eles já pouco, ou nada, querem saber disso.
Por força das circunstâncias, os portugueses africanos diluíram-se no deserto europeu, foram colonizados e só resistem alguns malucos que, por força dos seus ideais, ainda acreditam que se o presente de Portugal está na Europa (se é que está) o futuro estará certamente em África.
2 comentários:
MUITO PROFUNDO ;)
desejava comentar a diferença que faz entre portugueses africanos e portugueses europeus.
Sou da opinião que é discutível a dicotomia(será mais uma figura de retórica jornalistica do que realidade).
Claro que em Portugal sempre houve adeptos do Restelo mas é a consciencialização de uma diferença e de uma aventura que faz surgir o medo do diferente e o medo da aventura.
Como povo ibérico carregamos nos genes história de milhares de anos de invasões e de conquistas e de destruições e aculturações e disso tudo surgiu uma mistura especial
mistura essa que é atlantica, magrebina musulmana ,europeia, africana e asiática.
a aprendizagem da diferença faz-se com o convívio e com a livre troca de ideias e assim se enriquecem e diversificam em moto contínuo.
iniciamos em Cinfães um movimento cultural que visa criar pontes culturais com áfrica e com os povos da C.P.L.P. elevando a notoriedade do nosso heroi Serpa Pinto.
Não podemos entender Portugal se não analisarmos a história destas relações e as pontes culturais nos locais de misceginação dos povos.
A espinha dorsal da presença portuguesa no mundo está em todas as parcelas do antigo imperio e não só :está nos EU no Canada Europa e paises latino americanos ; continua viva e tolerante e adaptável com manifestações culturais originais.
Somos heterogéneos multifacetados mas sobreviventes a todos os povos e culturas e isso é sabedoria.
Transformamos a realidade, afirmamos que existimos, não de uma forma arrogante e imperial, mas sim, de uma forma humana e construtivae adaptável.
A diferença da colonização portuguesa pode resumir-se com esta frase viemos para ficar e não para partir viemos para negociar viemos para inovar e transmitir os nossos valorese cultura se forem aceites.
exceptuando o período escuro e não digo negro por não ser racista da guerra salazarenta e fascista período esse que negou tudo o que se construira em Africa influenciado pelas ideias europeias de superioridade rácica toda a nossa influencia cultural deu frutos :novos países novos povos integrados em áreas culturais síncronas ,com lingua e valores esencialmente permutáveis.
A nossa língua continua a evoluir e a crescer noutros continentes e a criolizar-se
É sinal de vitalidade intrínseca e o aporte de novas palavras ao nosso dicionário assim o demonstra.
o nosso contacto é castromonteiro@sapo.pt
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