terça-feira, outubro 02, 2007

Só pede para sair quem quer ficar

Falar de Jornalismo, jornalistas e similares é um defeito de formação (quem nasce direito tarde ou nunca se entorta) que, bem vistas as coisas, pouco adianta. Mesmo assim, considerando o respeito que devo aos dois ou três (e)leitores deste espaço, sinto-me no dever de lhes dizer o que penso, enquanto me deixarem pensar, é óbvio.

O Sindicato dos Jornalistas portugueses, a única organização que neste âmbito mostra que está viva, continua a promover (ver post anterior) conferências destinadas a dizer algumas verdades (in)consequentes.

Escolhendo os intervenientes que considera serem os mais relevantes e mediáticos para analisar diferentes aspectos do problema, o Sindicato continua – na minha modesta opinião – a procurar soluções para este grave problema sem, contudo, parar para perguntar se não seremos nós, os jornalistas, um problema para a solução.

Alguém saberá (o Sindicato não sabe nem lhe compete saber) quantos jornalistas se demitiram, por exemplo nos últimos cinco anos, de lugares de chefia por discordarem das políticas editoriais impostas nos seus meios de comunicação?

Alguém saberá (o Sindicato não sabe nem lhe compete saber) quantos jornalistas em cargos de chefia foram ontem o contrário do que são hoje e serão amanhã o oposto do que defenderão depois de amanhã?

Por outras palavras, alguém saberá (o Sindicato não sabe nem lhe compete saber) qual o preço médio cobrado pelos jornalistas em cargos de chefia para estarem sempre de acordo?

É claro que já fiz esta pergunta a meia dúzia de jornalistas (os similares não me interessam, embora muitos estejam em cargos de chefia). Invariavelmente dizem-me: “Já pedi para sair um monte de vezes”. Pois é. Até pode ser verdade.

Convenhamos, no entanto, que só pede para sair quem quer ficar. Quem quer mesmo sair não precisa de pedir, sai.

2 comentários:

ELCAlmeida disse...

Pois é meu caro.
Mas num país como este onde o emprego e o salário não abundam, salvo para os que têm cartão político ou quem está sob a bajulação política, é difícil haver quem possa bater um murro na mesa e diga "eu saio!". A família, primeiro, e a auto-sobrevivência, depois, falam mais alto!
Pudessem os jornalistas, e quem diz jornalista dizem outras profissões não liberalizantes, mudar e escolher e penso que certos jornais já tinham fechado ou eram forçados a mudar a sua linha editorial e, ou, económica.
Quem o faz ou tenta fazer... basta olhar para o Independente, o Jornal, ou o T&Q já oara não falar no Comércio do Porto...
kandandu
EA

São disse...

O meu comentário ao seu texto ´"Elogio da Mediocridade".
Se quiser passar por lá e dizer alguma coisa...
Boa tarde!