A Deco recebeu 2800 pedidos de auxílio por parte de famílias portuguesas sobreendividadas, de Janeiro a Agosto, um número superior ao que se verificou em todo o ano passado.
Pelos vistos, na sequência do trajecto recente encetado por José Sócrates, Passos Coelho continua a somar êxitos, não tanto por estes números mas sobretudo pelos que vão abalroar o país até ao fim do ano… já para não falar do que poderá ser 2012.
Desemprego e cortes salariais estão na origem do desmoronar do equilíbrio financeiro das famílias que, como se sabe, continuam a não seguir os conselhos do actual governo que – para mostrar à troika como é credível – não só quer que os portugueses vivam sem comer como, ainda, lhes exige que morram sem ficar doentes.
Há mais famílias a precisar de ajuda do que nunca. Numa análise aos números dos primeiros oito meses do ano em curso – e segundo dados avançados pelo DN – a Deco já superou os “gritos de socorro” de todo o ano anterior.
Mas não há mal que sempre dure. O governo sabe que os decibéis dos actuais gritos vão, lenta mas solidamente, diminuir de intensidade até emudecerem por completo. Com a barriga vazia os portugueses deixam de gritar. É tão simples quanto isso. Vão definhando, morrendo num silêncio indigno de um povo que já deu luz ao mundo.
A média mensal atinge 350 pedidos de ajuda, o que corresponde a mais de 10 famílias por dia nos gabinetes da Deco, sem meios para enfrentar as despesas e as necessidades mais básicas.
Os números relativos a Agosto de 2011 contribuem de forma significativa para este forte aumento (neste mês, bateram-se todos os recordes). E são a imagem de um flagelo social.
Reconheça-se que de forma voluntária o governo também está a fazer uma espécie de greve de fome. Enquanto os portugueses pura e simplesmente não comem, os iluminados do governo também não comem… entre as refeições.
Esse flagelo pode ser quantificado de diversas formas, mas ganha expressão humana nos casos com que a Associação de Defesa dos Consumidores lida diariamente.
O sobreendividamento das famílias está a aumentar em quase todo o País, mas é nos grandes centros urbanos que se verificam maiores dificuldades. Lisboa representa mais de um terço do total de solicitações que a Deco recebeu.
Isso de ser em Lisboa já não agrada a Pedro Passos Coelho. Estão muito perto. Se ainda fosse lá para cascos de rolha, bem ia a coisa. Mesmo assim nada atemoriza os donos das ocidentais praias lusitanas cada vez mais próximas de Marrocos.
A razão do colapso está quase sempre relacionada com o desemprego (o que é isso de, agora, haver 800 mil?), mas também se associa a novas realidades salariais, depois do corte nos salários, da passagem do IVA de 5% para 23% no gás e na electricidade.
Entretanto, para que não restem dúvidas, de que a política de Passos Coelho se resume a não comer e estar calado, o primeiro-ministro já avisou "aqueles que pensam que podem incendiar as ruas" e trazer "o tumulto" que o governo não permitirá esse caminho e saberá decidir quando necessário.
É uma nova versão de fuba podre, peixe podre, panos ruins, cinquenta angolares e porrada se refilares.
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