“O povo angolano vive miseravelmente enquanto o grupo ligado ao poder vive muito, muito bem”.
Em Angola, a administração da justiça é muito lenta e os mais pobres continuam a ser os que menos acesso têm aos tribunais.
Não, ao contrário do que diriam de imediato os arautos do regime angolano, ou do seu irmão português, não sou eu quem afirma tal coisa.
Quem o disse há dois anos (nada de substancial mudou até agora), no mais elementar cumprimento do seu dever, foi o arcebispo da minha cidade (Huambo), D. José de Queirós Alves, em conversa com o Procurador-Geral da República de Angola, João Maria Moreira de Sousa.
D. José de Queirós Alves admitia também que ainda subsiste no país uma mentalidade em que o poder económico se sobrepõe à justiça.
O arcebispo pediu maior esforço dos órgãos de justiça no sentido das pessoas se sentirem cada vez mais defendidas e seguras.
“O vosso trabalho é difícil, precisam ter atenção muito grande na solução dos vários problemas de pessoas sem força, mas com razão”, disse D. José de Queirós Alves.
Importa ainda recordar, a bem dos que não têm força mas têm razão, que numa entrevista ao jornal “O Diabo”, em 21 de Março de 2006, D. José de Queirós Alves disse que “o povo vive miseravelmente enquanto o grupo ligado ao poder vive muito, muito bem”.
Nessa mesma entrevista ao Jornalista João Naia, o arcebispo do Huambo considera a má distribuição das receitas públicas como uma das causas da “situação social muito vulnerável” que se vive Angola.
D. Queirós Alves disse então que, “falta transparência aos políticos na gestão dos fundos” e denunciou que “os que têm contacto com o poder e com os grandes negócios vivem bem”, enquanto a grande massa populacional faz parte da “classe dos miseráveis”.
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