A Alemanha manda e o pequeno reino lusitano, de cócoras, obedece e lambe as botas do seu protector.
De país que deu luz ao mundo, Portugal transformou-se no tapete do poder dos grandes, mendigando e castigando sempre os mesmos, ou não fossem estes uma casta menor numa sociedade do bloco… central.
Há uns meses, o Governo do então sumo pontífice socialista anunciava que as pensões acima dos 1500 euros iriam ser alvo de uma "contribuição especial" a partir de 2012, dizendo que o corte seria semelhante àquele que já estava a ser aplicado nos salários públicos.
Era uma desculpa que, por não corresponder totalmente à verdade, era parcialmente mentira no que aos salários públicos concerne. Era o socialismo de José Sócrates no seu melhor, ou seja naquele em que uns poucos têm milhões e milhões têm cada vez menos.
Estas medidas faziam parte da estratégia socialista que visava ir novamente ao pacote dos portugueses e que, segundo a terminologia daqueles que têm pelo menos três refeições por dia, tinha por objectivo reduzir a despesa em 2,4% do Produto Interno Bruto e aumentar a receita em 1,3% já nos próximos anos (2011, 2012 e 2013).
Não estava mal. Como se já não bastasse uma geração à rasca, o governo socialista teimava em que por uma questão de equidade todas as gerações têm de ficar também à rasca.
Mas, tirando a casta socialista superior (a que gravita junto ao poder), todos iam apanhar pela medida grossa, pelo que a actualização das pensões também ficaria congelada. Tudo, é claro, a bem da nação... socialista de então.
Eis que chega um novo governo. Com a bênção da Alemanha e o beneplácito criminoso do presidente da República, PSD e CDS insistem na tentativa de ensinar os portugueses a viverem sem comer… tudo para assegurar o cumprimento das metas orçamentais.
Ficam, entretanto, a saber os portugueses de terceira que o receituário para que consigam mesmo viver sem comer passa, também, por mais reduções nos custos com medicamentos e subsistemas públicos de saúde, bem como no aprofundamento da racionalização da rede escolar.
Passos Coelho, Paulo Portas e Cavaco Silva têm, contudo, razão para estar desgostosos com os portugueses. É que não há meio de essa casta menor de cidadãos concluir com êxito a terapia de viver sem comer. Ou seja... morrerem.
Para já, como convém, o PSD – que foi parceiro dos socialistas no tango que está a pôr os portugueses de tanga – continua a gozar com os 800 mil desempregados e com os 20 por cento de pobres.
Segundo Miguel Relvas, então (Março deste ano) apenas dirigente do PSD, nos últimos seis anos têm sido pedidos "muitos sacrifícios aos portugueses e "o Estado não tem dado o exemplo": "Está na hora de pedir também sacrifícios ao Estado e de o Estado assumir as suas responsabilidades", defendeu aquele que hoje é ministro.
Ainda não sei se esta tese de Miguel Relvas foi defendida antes ou depois de saborear trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e, é claro, um Château-Grillet 2005.
E enquanto esperam que alguém decida pôr o país em ordem e na ordem, os jovens, os desempregados e os velhos vão continuar a olhar para os seus pratos vazios.
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