quarta-feira, novembro 07, 2007

Quem tem amigos assim não precisa de inimigos

“Então quando é que publicas o que há anos andas a escrever sobre Angola, sobre lembranças, entrevistas, amigos e inimigos, jornalistas e guerrilheiros etc.?”, pergunta-me um velho e querido amigo do Huambo, hoje instalado sem armas mas com bagagens em Luanda.

Respondi-lhe interrogando-o da razão que o levou a fazer, agora, tal pergunta. A resposta não demorou, sintética como é hábito num general que passou do pior nas matas por onde, por sinal, na década de 70, vagueámos para dar cor e sentido às inocências da juventude.

“- É que alguns dos que, certamente, serão protagonistas ou morreram na guerra ou estão a morrer na paz. Ontem foi o Mário (Vatuva)”, respondeu-me.

Pois. Talvez um dia, um dia talvez, resolva publicar essa espécie de memórias. Nesta altura em que os amigos ou partem ou nos “matam” com acusações que dão ao acessório o papel de essencial, apetece-me desistir.

Nesta altura, penso que não vale a pena lutar. Está tudo virado do avesso. Já não precisam de ser os inimigos a atacar. Os supostos amigos encarregam-se disso. E se assim é, não adianta escrever o que quer que seja.

Adiantará alguma coisa ter já escrito que fulano é para mim um herói para, à última hora, ter de dizer que esse mesmo fulano resolveu dar-me um tiro?

1 comentário:

ELCAlmeida disse...

Só os cobardes desistem. E do que te conheço não me parece que estejas nesta classe. Ou o que é verdade hoje é mentira ontem?
Hum, ainda assim, não me parece...
Que digas que ainda és novo e não foste atacado pela "biografidite" de uns quantos jovenzinhos imberbes que, por dá cá aquela palha, já têm biografias e biógrafos pessoais, aí aceito.
Kandandu
Eugénio Almeida